8 ~ Um sonho & Uma promessa ~

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Sentado em um banco de madeira, olhei para o céu. Aqueles belos tons alaranjados indicam que logo irá anoitecer.

Assim que saímos do parque, o Kiyama me colocou sentado nesse banco e pediu para que eu aguardasse enquanto ele iria buscar um quite de primeiros socorros na farmácia.

Já não sinto mais minhas pernas entorpecidas e isso me deixa muito mais tranquilo. Todavia, meu joelho ralado está ardendo cada vez mais.

— Desculpe a demora, Cachinhos Dourados. — Disse Rantaro ao se aproximar. Em suas mãos haviam duas sacolas. — Como estão suas pernas?

— Já voltaram ao normal. — Respondi enquanto observava seus movimentos.

Ele se ajoelhou de frente para mim, retirando das sacolas e colocando ao meu lado no banco, um quite de primeiros socorros, uma toalha de mão, três garrafas de água e uma barra de cereal.

— Que bom. — Ele me entregou uma garrafa e a barra de cereal. — Você deve estar com fome, coma isso enquanto eu cuido do seu joelho.

Balancei a cabeça em concordância e mordi a barra.
Logo fiz uma careta.

Granola? Sério? Podia ter sido algo melhor que isso, Rantaro.

Não consegui dar mais do que uma mordida naquilo, então apenas bebi a água enquanto observava o rapaz ajoelhado a minha frente.

Cuidadosamente ele dobrou o tecido da minha calça até alguns centímetros acima do meu machucado e com a toalha úmida, ele começou a limpar o sangue.
Assim que terminou de limpar, ele pegou uma pinça e removeu as pequenas farpas que estavam ali presentes.

Como eu odeio farpas. Essas pequenas lascas de madeira quando entram na pele são tão incômodas; e mesmo quando você está removendo-as, parece que o incômodo duplica.
São muito irritantes.

Após verificar se todas as farpas foram retiradas, ele aplicou um antisséptico na ferida, o que fez com que o local ardesse um pouco.
Por instinto mordi meus lábios.

— Eu sei, isso arde. — Ele disse com um sorriso meio sem graça.

Em seguida ele pegou a gaze, colocou por cima do ferimento e amarrou uma atadura.
Agora meu joelho está limpo, tratado e enfaixado.

— Prontinho. — Disse ele com um sorriso orgulhoso. — Agora mostre-me suas mãos.

Minhas mãos?
Por que ele quer... Oh, é verdade. Cravei tanto meus dedos e minhas unhas naquele tronco, que agora estão feridas e com farpas.

Com as palmas viradas para cima, mostrei minhas mãos para ele.
Gentilmente ele as segurou, e com a pinça, foi retirando as farpas.

Vendo ele cuidar assim de mim, como se eu fosse uma criança, me faz sorrir.
Me lembra a época em que brincávamos juntos no jardim lá de casa, ele sempre acabava se machucando nas roseiras e minha mãe tinha que cuidar dos seus ferimentos.
Acho que ele aprendeu muitas coisas sobre primeiros socorros com ela.

Ela ficaria tão orgulhosa dele.

... Isso também me lembra a Keiko...
Será que o filho dela era arteiro como o Rantaro e se machucava com frequência? Ou será que ele era como eu, uma criança mais calma?
...Pensar na perda dela me deixa um pouco triste.

— Eu a conheci ontem. — Sussurrei.

O Kiyama, que até então já havia retirado as farpas, passado o antisséptico e agora estava enfaixando minhas palmas e colocando curativos nas pontas dos dedos, me olhou um pouco confuso.

— Quem? — Perguntou curioso.

Olhando para minhas mãos, respondi:

— Keiko, a noiva do meu pai. Eu jantei com ela ontem à noite.

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