Capítulo 1

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Uma pequena e fina chuva molhava as plantas que se encontravam do outro lado do enorme portão da Mansão da família Waterhouse, o céu estava fechado e sem estrelas por conta das nuvens carregadas, indicando que a chuva não iria parar tão cedo e que as estrelas não iriam aparecer. Carros pretos eram recepcionados pelos empregados que trabalhavam na mansão e os convidados eram ajudados a carregarem suas bagagens para seus devidos aposentos.

Líderes importantes, pessoas do alto escalão social como ilustres políticos, juízes, generais militares, além da minha família, foram convidados por minha mãe para prestigiarem o meu décimo oitavo aniversário. De acordo com ela, o décimo oitavo aniversário de uma Waterhouse é o dia mais importante de sua vida, pois é quando ela é apresentada para a sociedade como uma mulher competente e formada.

Passei minha vida toda ansiando o que existia fora daqueles enormes muros da mansão, minha mãe não me contava muitas coisas sobre o mundo exterior, apenas dizia que era um lugar traiçoeiro e perigoso, cheio de pessoas que fariam de tudo para tomar as riquezas de nossa família. Por conta disso, fui proibida de pisar os pés do outro lado, sendo educada em casa, onde aprendi a cozinhar, falar mais de cinco línguas, aprendi o básico da economia, a tocar piano, a desenhar, a bordar e concluí o ensino médio completo sem ir a escola. 

Além disso, minha mãe me ensinou diversas outras coisas como por exemplo dança, aula de etiquetas e o que eu mais me empenhava: combate. Meu professor é um amigo antigo da família, onde seus filhos são ensinados e eles passam esse ensinamento para todos os Waterhouse como uma maneira de se protegerem daquilo que é impuro.

Fomos isolados de tudo e de todos, sendo treinados como soldados para sermos os melhores dos melhores, para continuarmos carregando o nome dos Waterhouse como sendo o nome mais importante de toda Londres. Suspirei com tamanha ganância de minha família, eles almejavam poder e usavam as gerações mais novamos como pretexto para essa façanha desumana e cruel. Não entendia e nunca conseguirei entender. 

- Está bela minha filha. - Mamãe entrou em meu quarto sorrindo graciosamente para mim. 

Seus vestido longo vermelho acentuava suas curvas e se destacava em sua pele branca e sem marcas algumas. Ela parecia mais nova do que sua idade, como se fosse minha irmã e não minha mãe.

- Obrigada mamãe. - Falei sorrindo fechado e voltei meu olhar para o jardim. - Quando poderei conhecer o mundo lá fora? - Perguntei tentando esconder minha excitação. 

- Já conversamos sobre isso Ela. - Ela disse calmamente, se colocando ao meu lado e olhando para o portão, vendo as pessoas. - Você só sairá depois dos seus dezoito anos, e de acordo com o relógio falta.. - Ela olhou para o relógio que ficava em minha parede. - Seis horas e quarenta e seis minutos para a meia noite. 

Suspirei pesadamente, deixando toda a minha animação ir embora junto com minha esperança de finalmente sair daquela prisão. Mamãe colocou as mãos em meus ombros e me fez encará-la, que me olhava com ternura.

- Você não deve ficar tão animada assim com o mundo exterior Ela. - Ela acariciou meus cabelos. - O mundo é..

- Frio e cruel, eu sei mamãe, a senhora sempre me diz essas coisas. - Ela sorriu com minha resposta e balançou sua cabeça positivamente. 

- Mas vamos mudar de assunto, tenho algo para você. - Ela me mostrou uma pequena caixinha que eu não havia percebido antes e me entregou. - Abra. 

Encarei a caixinha preta aveludada por alguns segundos antes de levantar a tampa, pensando se realmente valia a pena abrir. Um lindo colar prata com um pingente de uma lua crescente com pequenos detalhes em espirais dentro dela e um pequeno sol que era preso por suas pontas.

O Último Caçador de BruxasOnde histórias criam vida. Descubra agora