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   Ele sempre saía para trabalhar e somente voltava no final da tarde, não vinha para o almoço. Afinal, não tinha comida e Elise ficava por conta da própria sorte.

   Ela foge novamente. E como esperado a porta da academia está aberta. O capuz encobre seu rosto, mesmo o dia estando ensolarado e quente.

— Olá, Elise! – Jackson cumprimenta sem tirar seus olhos do jornal que está lendo. Tomas como sempre treina, mas para para cumprimenta-la. Ao encara-la, fecha o cenho e Elise esconde o rosto.

— Não encare, por favor...– ela diz com a voz rouca.

  Jackson abaixa o jornal e olha pelos cantos dos olhos a bochecha da garota tão inchada quanto seu olho e lábios feridos.

— Imagino que isso seja apenas a ponta do iceberg. – Jackson diz seco e Elise abaixa o olhar se concentrando na fiação quase pronta.

— Elise....– Tomas chama e ela não o encara. – Ja pensou em pedir ajuda? Em denuncia-lo para a polícia...

— Ele me mata se eu chamar a polícia. – ela sussurra sem emoção. – Ja pensei nisso...

— Em fugir.

— Para onde?

— Para a casa de alguém de confiança.

— Não existe essa pessoa. – Elise sussurra terminando o concerto. – Pronto. Liga o padrão de energia.

       Jackson deixa o jornal de lado e vai até o painel, ligando o padrão de energia da academia. Ele volta e testa uma tomada, as luzes acendem e ele fica impressionado.

— Onde aprendeu a concertar?

— Com meu pai. Ele era eletricista.

— Era?

— Sim. Ele morreu. Em um acidente de carro... três anos atrás...– Elise sussurra esfregando as mãos na blusa sem o que fazer. – Bem, não há mais o que fazer. Eu vou para casa.

— Venha comigo. – Jackson diz acenando com a cabeça para segui-lo. – Tomas, 20 sessões de 10 de Uppercut.

    Tomas começa as sessões, do golpe que é desferido de baixo para cima visando atingir o queixo do oponente.

  Elise segue Jackson, ele aponta para uma escada e sobem sem pressa. Abre uma porta, revelando um apartamento um tanto aconchegante no andar superior da academia.

    Jackson indica o sofá e Elise se senta, ele desaparece no interior da moradia e volta instantes depois com uma compressa de água morna.

Senta na mesa de centro de abaixa o capuz da garota e coloca com cuidado a compressa no rosto da mesma.

— Fez um bom trabalho com a fiação elétrica daqui. Havia um bom tempo que eu queria dar uma manutenção. Realmente ficou muito bom.

— Deve tomar cuidado com todos aqueles fios desemcapados e soltos.

— Bom, não tenho mais com o que me preocupar. Você arrumou tudo. Estou impressionado com seu trabalho.

— Obrigada. Foi um bom passatempo.

— Elise... – Jackson sussurra a encarando nos olhos. – Até quando isso vai durar? Até quando você vai resistir? Eu tenho certeza que tudo começou com comentários, e agora ele ja te chuta e te soca... o que vai ser na próxima? Facada?  Ele vai te bater com o cabo da vassoura até quebrar suas pernas? 

Elise engasga, e lagrimas ousam brotar.

— Por que se importam tanto com isso?

— Você não se importa que ele faça isso com você? Você acredita nas promessas dele quando diz que vai mudar? Quando ele jura que te ama e que não quer o seu mal? Você o ama a tal ponto?

No LimiteOnde histórias criam vida. Descubra agora