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    Tomas salta do ringue deixando as luvas para trás, olha para os dois lado do beco e toma uma direção ao ver a garota já longe.

   Ele tenta alcança-la, mas se surpreende ao ve-la entrar  escondida na própria casa.  Ela abre a janela da cozinha e entra.

   Tomas olha para a casa em péssimo estado. Desiste de falar com Elise e solta um grande suspiro. Volta pensativo para a academia onde encontra Jackson  varrendo o chão.

— Eu descobri onde ela mora...

— É mesmo? – Jackson não demonstra interesse no assunto, então Tomas apenas desiste de dar procedência a conversa.

— Me ensine a ser rápido como você! – Tomas diz convicto e Jackson para, apoiando os braços na vassoura, arqueia a sobrancelha e suspira.

— Faça 10 sessões de 30 de cada movimento que viu. Assim que acabar faça de novo, só que mais rápido. – Jackson diz e volta a varrer o chão sem se importar com a careta do garoto.

   Tomas começa as sessões de exercícios, dando seu melhor em cada movimento.

***

Sentados na beirada do ringue, cada um com uma cerveja em mãos, olhando absolutamente nada enquanto apreciam o silêncio do local.

   A noite ja caiu la fora, a lua ja alta no céu e não há resquícios da chuva para aquela noite.

— Sabe... eu fiquei me perguntando como alguém é capaz de suportar isso.

— Você realmente quer falar da garota?

— Por que está tão cético a isso? – Tomas pergunta intrigado.

— Eu não sei. – Jackson diz bebendo um grande gole da cerveja. – O campeonato é daqui três meses. Ja decidiu se vai participar ou não?

— Não sei. Tenho dúvidas se estou pronto. Se todo treinamento foi suficiente...

— Eu sei como é. Mas só vai saber se está pronto... lutando. – Jackson se levanta deixando a garrafa aos pés do ringue e espreguiça. – Hoje foi um longo dia...

— E os boletos? – Tomas cria coragem e pergunta.

— Estão me quebrando as pernas.

— Se você ganhar o campeonato a recompensa é...

— Não! Não vou voltar a lutar! – Jackson diz seco enquanto se afasta. – Tranque a porta quando sair.

***

   No outro dia, Jackson ficava de olho na porta, a espera da garota.

   Quando ela por fim chegou, logo se pôs a ajuda-la com o concerto.

      Tomas continuava a treinar, focado em sua meta. Jackson via os olhos castanhos esverdeados, observar com atenção cada golpe do garoto.

— Quer tentar? – Pergunta a pegando de surpresa.

— Ah não... Eu não tenho essa destreza.

— Não sabe se tem, se não tentar. – Jackson indica o ringue.

— Eu não faço ideia de como fazer isso.

— É praticamente um instinto, mas vou te ensinar o básico. Tomas, sai do ringue!

  Tomas que ja está suado, para e segue a ordem. Jackson pega um par de luvas e coloca em Elise.

   A garota avalia o peso do objeto e arqueia as sobrancelhas ao ver o quanto são pesadas.

  Jackson coloca as dele, sobe no ringue e Elise o segue desastrada tentando passar pelos elásticos. Com as luvas, afasta alguns fios de cabelo do rosto e encara o lutador com receio.

— Não é tão difícil quanto imagina. – Já arma os punhos e Elise estremece. – Defenda!

    Ele da um direto, um pouco lento, mas Elise se assusta, fechando os olhos e dando dois passos para trás até tropeçar e cair de bunda no ringue, seu moletom cai dos ombros, deslizando pelos braços,  expondo vários hematomas arroxeados e um corte vertical no braço.

    Jackson abaixa os punhos ao ver o estado de medo da garota. Ela treme fervorosamente com a cabeça abaixada e olhos fechados.

— Elise, não é? Por favor, abra os olhos.— Elise o faz com receio, levantando o olhar assustado e Jackson senta sobre os tornozelos. – Nunca! Absolutamente nunca, se fecha os olhos na presença do  seu oponente. Eu não ia te machucar. Sinto muito se te assustei.

— E‐Eu...

     Jackson retira as luvas e pega a barra do moletom e volta para os ombros da garota, escondendo os ferimentos. O olhar abatido sobre a garota é perceptível para Tomas que observa a cena de fora do ringue.

— Você é uma garota forte.

   Jackson sai do ringue e vai para o escritório. Tomas se aproxima e ajuda Elise a retirar as luvas.

— Você podia aprender... sabe... a se defender.

Elise sobe o olhar encontrando Tomas.

— Eu não tenho forças.

— Você adquire com o tempo. Mas pense bem nisso.

Elise suspira e balança a cabeça em positiva.

— Eu preciso ir.

— Volte sempre que quiser. – Tomas da leve batidinhas na cabeça da garota e se afasta. – Eu sinto muito pelo que eu disse. Eu estava errado...

Elise volta para casa pensativa.

  E quando a noite cai, o terror começa novamente.

Sebastian chega e logo começa a procura-la.

— Hey! Cheguei. Sentiu saudades.

— Sim! – Elise força um sorriso e uma resposta convincente.

Saudades de você foi a única coisa que não me passou por absolutamente em momento algum.

Ele começa a ronda-la, se esfregando a procura de sexo.

   Mas ela não tem vontade nenhuma de se deitar com ele. Sentia nojo.

    Ela apenas não saiu dali, porque não tinha para onde ir, ou um emprego para sobreviver.

Até porque, ele a proibiu de trabalhar.

— Eu estou menstruada. – Ela inventa para mante-lo longe.

—  Sério? Que pena. Você deve querer ficar sozinha então. Vou sair e te deixar em paz.

Ele se afasta e se vai.

    Elise sabia para onde ele ia. Para um bar, ficar bêbado e depois para algum bordel, ou voltaria para casa.

   Apenas de pensar em te-lo em casa bêbado, ja lhe causava calafrios.

E assim foi.

Ele voltou...

— Para! Por favor! – Elise implora em prantos na cama.

— Recusando a se deitar comigo, han! – Ele bufa e a puxa pelos cabelos, acertando outro tapa tão forte que ela grita pela dor.

   Agarra aos lençóis enquanto ele retira o cinto e bate em suas pernas sem piedade. Ela se encolhe, segurando os gritos de dor e raiva, enquanto ele desconta toda sua raiva nela.

  Em meio a madrugada, ja sozinha, observa seus braços e pernas riscados em hematomas de sangue. Sua bochecha arde como fogo, e ela não consegue parar de chorar.

Maldito seja!

Isso vai acabar!

Eu juro, que vai acabar!

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💔

Boa leitura!

No LimiteOnde histórias criam vida. Descubra agora