CONCLUÍDA || A castidade, para Sônia Kaspbrak, era algo a regozijar. Para Eddie, no entanto, era um maldito inferno na terra.
Edward Kaspbrak sempre se considerou adepto a castidade e pureza que sua religião - e mãe obcecada - prezava. Para ele, se...
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"Você faz eu me sentir como Se eu estivesse impedido de entrar no céu Por muito tempo." — Locked out of heaven, Bruno Mars
Durante toda a infância e adolescência, Edward fora sempre visado sobre como deveria se comportar para alcançar, no pós-morte, os portões celestiais do céu. Eram sempre as mesmas características, que embora ele estivesse acostumado a escutar todos os domingos na igreja da esquina, lhe era intensamente monótonas. Não era como se fosse um rebelde, definitivamente ele estava longe de tal característica. Seguir os conselhos da senhora Kaspbrak e do pastor Jones era seu ideal de vida. Sempre fora.
Mas como nem tudo no mundo é considerado um mar de rosas, com ele não seria diferente. A castidade gritava em seus ouvidos clamando pela preservação da pureza e virgindade, enquanto por outro lado seu interior gritava para ser fodido centenas de vezes por Richard Tozier. O maldito culpado por todos seus pensamentos indecentes. Não conseguia se focar em coisa alguma quando aqueles lábios convidativos preenchiam seu campo de visão e o tirava para fora da orbita do planeta. Quando aquele maldito volume manifestava-se de um Richie completamente desapercebido.
Era caótico a maneira como Eddie se martirizava por tais pensamentos impuros, rezando a noite por perdão enquanto imaginava o desapontamento das pessoas que acreditavam em sua pureza. Não tinha culpa de Tozier ser um maldito de um gostoso.
Eddie não podia negar que a mamãe Kaspbrak sempre estivera correta durante todos aqueles anos. Os conselhos dela, embora a maioria maluca, deveriam ter sido seguidos desde a primeira vez mencionados; não se envolva com as pessoas erradas; não beba; não continue com aqueles seus amigos; e, principalmente, não converse com Richard Tozier.
Não era novidade nenhuma que Richie era a assombração dos religiosos da cidade de Derry. A situação era tão crítica que ele chegava a ser julgado com frequência por aquele povo. Eddie não podia julga-lo pelas ações de heresia que ele praticava apenas para irritar as pessoas das quais o tratavam mal. Ainda conseguia se lembrar com perfeita nitidez do dia em que Tozier passou em frente da igreja e gritou aos quatro cantos "Chupam meu pau, pecadores de merda!" com o dedo do meio sempre levantado, assim como o canto dos lábios num sorriso perverso.
Richie era completamente o contrário do pequeno; enquanto Eddie era um anjo acatado e comportado, Richie era o próprio demônio que exalava o calor de luxúria vindo diretamente do inferno.
Era a tentação que Edward fingia não existir. Ele não podia negar que adorava as piadas recheadas de obscenidades que Richie proferia com tanta naturalidade, as provocações em relação a inocência de Eddie e os gritos zombeteiros em relação a igreja repleta de pecadores. Richie conseguia o despertar o lado libertino, se proposital ou não, talvez nunca saberia.
