Capítulo 1 - Pós - Guerra

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Lysandra andava pelo castelo de Terrasen contemplando o que restou do povo de Aelin. Todos exaustos, muitos machuados e ainda mais com a expressões de luto. As curandeiras corriam de paciente para paciente, cansadas mas parecendo felizes e orgulhosas e deveriam mesmo estar orgulhosas, já que foi uma delas que acabou com Erawan.

A metamorfa nem conseguia acreditar que toda aquela loucura tinha acabado e que eles haviam sobrevivido, ela poderia ser a senhora de Caraverre, poderia ter uma vida livre e feliz com Evangeline, mesmo que a menina tivesse se tornado a herdeira de Darow, Lysandra não deixaria de tê-la por perto. 

Ela não percebeu para onde estava indo, perdida em pensamentos como estava, quando deu por si estava parada na torre onde Aedion vira a Leão se sacrificar para salvar o filho. Ela e o general, apesar de terem conversado sobre o assunto e o homem ter se desculpado, ainda não estavam completamente resolvidos.

É verdade que com a intensidade e a morte eminente espreitando eles haviam se deixado levar, ela havia permito se deixar levar. Mas agora que o terror da batalha e o pavor de ter suas respirações contadas não mais espreitavam, ela pode pensar com clareza sobre tudo isso. Não conseguira realmente perdoar Aedion e sabia que o Lobo do Norte sempr agiria daquela maneira se fosse contrariado, Lysandra não podia aceitar se sujeitar a estar com um homem que não a enchergasse como uma igual de verdade.

Aedion era um bom homem, dedicado e leal, mas nunca seria o tipo de homem que aceita ser contrariado ou excluído dos planos. Lysandra não era mais um menina assustada que deixava que outros planejassem o seu futuro, não ela pediria permissão para fazer nada, ele seria como Aelin, determinada e decidida e queria alguém que agisse com ela como Rowan agia com a parceira. 

Aelin nunca se desculpava por fazer seus planos e não dividir com ninguém até que a hora chegasse, Rowan nunca a fez se sentir mal por isso, ele entendia que ela precisava ser assim. Aedion não seria capaz de fazer o mesmo por ela.

- Não achei que você estaria aqui. Não devia estar comemorando? - Uma voz conhecida falou as suas costas, Fenrys. 

Ametamorfa o havia conhecido em Ilha da Caveira, ela ainda não tinha falado com o macho, só sabia que ele tinha chegado com Aelin e os outros e não fazia idéia de como aquilo fora possível já que ele era jurado de sangua a Maeve.

- Por que você não está comemorando? - Foi tudo o que perguntou.

Uma núvem de pesar passou pelo rosto belo do macho, agora maculado por uma cicatriz horrível de um ferimento recente. 

- Não me sinto no espírito de comemoração no momento. - Ele sorriu, mas o sorriso não alcançou seus lábios.

O olhar de Fenrys caiu até onde seu amigo havia dado a vida para salvar seu filho. Séculos lutando lado a lado com o Leão, nunca lhe passou pela cabeça que o macho honrado e amigo leal, poderia não estar mais ali com eles, o lobo branco não estava preparado para perder mais um irmão assim, mas não iria discutir isso com a bela metamorfa ao seu lado.

- Sei o que quer dizer. Imagino que não deva ser nem um pouco fácil perder um companheiro de tantos séculos. - Lysandra disse com carinho, ela só poderia imaginar a dor do macho.

- Ele era mais que meu companheiro, era meu irmão. Mas deu a vida para salvar a do filho, acredito que ele não escolheria outra maneira de morrer.

O pesar na voz de Fenrys era palpável mas tinha algo mais ali, uma dor que não vinha apenas da perda do amigo. Lysandra não pode deixar sentir a dor dele.

- Como você conseguiu se libertar do juramento da Maeve?

A pergunta escapou dos lábios da metamorfa sem que ela permitisse, o macho enrijeceu ao ouvir a pergunta e a metamorfa se arrependeu de falar mas Fenrys respondeu mesmo assim.

- Acho que como você e eu fazemos parte da mesma corte agora, não tem problema se souber. - Ele parou para suspirar e olhou para o horizonte enquanto falava - Eu quebrei o meu juramento a Maeve para ajudar Aelin a escapar. Maeva me obrigou a assistir sem poder interferir enquanto Cairn a torturava por meses, não havia nada que eu pudesse fazer para impedir, só podia ficar ao lado dela. Foi assim que aquela desgraçada Valg me puniu por não matar Lorcan.

Lysandra não ousava nem mesmo respirar e observou em silêncio, o macho se perder nas lembranças, esperou pacientemente até Fenrys voltar a falar.

- Até que ela disse que ia buscar um colar de pedra de Wyrd para poder contolar Aelin. Nós dois achamos que não havia mais nada que pudesse ser feito, então quando Cairn começou sua seção com ainda mais crueldade eu não aguentei... Não sei como tive a força, mas consegui quebrar o juramento.

- Mas... Quando um juramento é quebrado assim... Não é... Você sabe?" - Lysandra não sabia como poderia perguntar isso a ele, mas Fenrys deveria estar morto a essa altura.

- Sim, eu quase morri. Por bondade dos deuses ou sorte não sei, Rowan e os outros estavam lá para ajudar Aelin a fungir e me resgatar. Estava nos meus últimos suspiros quando ela me ofereceu o juramento e... isso salvou minha vida. Aelin salvou minha vida.

 A metamorfa sentiu a dor e o desespero dele, imaginou como teria sido se ela tivesse sido forçada a observar, sem poder nem mesmo se mexer, enquanto sua amiga era torturada repetidamente. Sem conseguir se conter, ela colocou a mão no ombro do guerreiro em solidariedade. Fenrys não se esquivou do contato, continuou olhando para o horizonte.

- Maeve ordenou que meu irmão se matasse na minha frente e eu não pude fazer nada para impedir. Só... fiquei parado ali enquanto Connal tirava a própria vida. Depois ela me fez servi-lá, servir a assassina do meu irmão. Aelin era tudo que me restava, eu devia isso a ela, a Rowan e ao mundo. Ela era a única salvação contra Maeve, eu não podia mais siplesmente deixar que toda a esperança acabasse. No fim, Aelin me deu a honra de matar aquela maldida. Eu achei que isso me faria sentir melhor, mas eu só sinto a falta do meu irmão, a falta da minha magia, a falta de uma parte de mim que eu acho que nunca mais vou poder recuperar.

Lysandra não conhecia o sentimento de perder um irmão, mas conhecia bem o luto e a perda. Ela perdeu Wesley, perdeu Sam que era como um irmão para ela, perdeu a mãe quando a jogou na rua... Lysandra perdeu sua liberdade. Então podia entender a dor de Fenrys.

- Todos nós teremos feridas que as curandeiras não poderam curar depois do que Erawan e Maeve fizeram conosco. Mas entendo o que você quer dizer, achei que matar Arobyn fosse aliviar minha dor e meu pesar por perder Wesley, mas não amenizou. A dor do luto vai me acompanhar para sempre, mas temos que continuar. Temos em Terrasen um novo começo Ferys, aqui as  coisas podem, finalmente, nós deixar felizes. Estamos livre agora.

Com essas palavras o macho olhou para a tatuagem que marcaria a metaforma para sempre, independente da forma que essa assumisse. Ela entendia como era não poder fazer o que queria, como era não ter escolha. Naquele momento Fenrys e Lysandra perceberam como eram parecidos nesse sentido.

O macho nem sabia por que conseguiu falar tudo aquilo para a metamorfa, mas sentia como se um  peso enorme tivesse abandonado seu peito ao fazê-lo. Fenrys sentiu que estava pronto para recomeçar, para aceitar seus novos irmãos e seus novos amigos, ele teve que se lembrar que ela pertencia a Aedion e ele não poderia trair o filho do amigo daquela forma, mas de alguma forma, Lysandra não parecia ser do tipo de mulher que pertence a ninguém além de si mesma, não mais e ele a admirava ainda mais por isso.

Lysandra também entendeu que Fenrys, assim como ela, não aceitava mais pertencer a ninguém além de si mesmo. Um laço invisível havia se formado ali, o macho se abrira para a metamorfa e essa amizade era algo que ela prezava, pois duas almas tão machucadas estavam tentando se libertar das dores e dos terrores que enfrentaram no passado.



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Nota da autora:

Espero que vocês estejam gostando dessa história, curtam e deixem o seu comentário para eu saber o que vocês querem ver. 

Obrigada pelo apoio pessoal. 

A História de Lysandra e FenrysOnde histórias criam vida. Descubra agora