Heloisa
Hoje era bem um daqueles dias que eu não devia ter saído de casa. Parecia que tudo tendia a dar errado quando as coisas não começavam cem por cento perfeitas. Primeiro que eu não tinha encontrado o par de sapatos que queria, segundo que cheguei atrasada para uma reunião e Fernanda quase me matou por isso.
Não era por eu ser sua melhor amiga, que ela não enchia meu saco – e com razão – quando eu merecia. Entendia que foi irresponsabilidade ter chegado atrasada, em um dia como aquele, mas de toda maneira o metrô e o ônibus que eu pegava para ir para o trabalho tinha sido o meu problema. Porém não tinha desculpa.
Conheci Fernanda na faculdade, estudamos na melhor faculdade de arquitetura do país. No meu caso eu só pude ter essa chance, por ter quase morrido para ganhar uma bolsa e Fernanda porque tinha dinheiro suficiente para pagar qualquer faculdade que ela quisesse.
Mas nada tirava o nosso mérito. Passamos em Arquitetura, Fernanda montou uma empresa há dois anos e eu fui ser a seu braço direito, a sua assistente, a pessoa que sabia de tudo que estava por trás das cortinas. Todos os projetos tinham minha opinião e caso eu achasse que aquilo não era legal, Fernanda levava em consideração antes de todos que trabalhavam na empresa.
Agora ela estava me encarando como se eu fosse a causadora de todos os seus problemas. Só porque atrasei meia hora para a reunião mais importante da sua vida.
— Já te falei tantas vezes, para deixar eu te dar um carro de presente. Você me pagaria depois — comentou, levando a caneta que estava em sua mão à boca.
— Não quero um carro de presente, eu não preciso, e nem adiantaria muito. São Paulo atrasa as pessoas tanto de carro quanto de transporte público.
— Helô, mas você sabia o quanto era importante essa reunião. Se conseguirmos fechar, vai ser o nosso maior projeto. É um shopping, pelo amor de Deus! Tenta entender a minha irritação.
Eu entendia e como.
— Nanda, você sabe que entendo. Estou extremamente arrependida de ter chegado atrasada. E pelo jeito o cliente gostou do que você sugeriu, por que ele quer voltar a falar com você.
— Mas eu precisava da sua opinião. Nós duas sabemos que você é muito melhor do que eu. E ainda não aceitei que você não quis ser minha sócia na empresa.
Ela sempre voltava no mesmo assunto. Como Fernanda tinha dinheiro para dar e vender, ela sempre quis dividi-lo comigo, mas não era bem assim que as coisas funcionavam. Eu queria conquistar o meu espaço, então achava melhor ser uma simples funcionária.
— Eu nunca podia aceitar ser sua sócia, sendo que não investi dinheiro na Artec.
— Você tinha que parar com esse orgulho besta e deixar eu te ajudar. A Artec é tão minha quanto sua. Mesmo que você não queira ser minha sócia, eu te considero.
— Como mudamos de assunto tão drasticamente? Você lembra que estava me odiando por eu ter chegado atrasada?
Brinquei, enquanto fazia uma anotação de um pedido que tinha que fazer aquela tarde com urgência.
— Eu nunca te odiaria, Helô. Até porque você tem quase o meu sangue, como eu poderia odiar a minha irmã?
— Você sabe que nós não temos o mesmo sangue, né? — Olhei para ela, por cima dos óculos de descanso que usava, quando precisava ler alguma coisa.
— Para de estragar o meu sonho. Eu queria tanto ser sua irmã.
Eu também queria ser irmã de Fernanda. A vida era tão mais simples ao seu lado. Uma pena que a gente não parecia nada uma com a outra. Primeiro que eu tinha cabelos castanhos, olhos da mesma cor e ela era loira, dos olhos azuis, quase uma ariana.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu Vizinho CEO - DEGUSTAÇÃO (LIVRO COMPLETO NA AMAZON)
RomancePROIBIDO PARA MENORES DE 18 ANOS Sinopse: Pai solteiro e um CEO importante do ramo automobilístico, era assim que Pedro Henrique Montauban podia ser conhecido. Um homem que tinha a vida completamente planejada, mas o destino quis dar uma mudada drás...