Encontros e desencontros

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Para ouvir antes, durante ou depois de ler o capítulo:

You And Me

(Lifehouse)


"Você é assim / Um sonho pra mim / E quando eu não te vejo / Eu penso em você / Desde o amanhecer / Até quando eu me deito / Eu gosto de você / E gosto de ficar com você / Meu riso é tão feliz contigo / O meu melhor amigo é o meu amor"

(Tribalistas)




Assim que reiniciaram as atividades em Hogwarts, depois das festas de fim de ano, Harry começou a ter aulas de oclumência com Snape, a pedido de Dumbledore. Era uma tentativa de fechar a mente do bruxo aos ataques de Voldemort. Nessas ausências do amigo, Hermione e Ron sempre permaneciam juntos, geralmente estudando ou conversando.

Hermione gostava muito desses momentos, quando ficavam tão próximos e, entre um dever e outro, podia olhar com tranquilidade os orbes azuis que tanto a encantavam. Naquela noite, porém, ela estava impaciente.

Não aguentava mais as atitudes contraditórias de Ron. Em muitas ocasiões, o ruivo parecia deixar claro, por gestos, palavras e, de modo especial, pelo jeito como a olhava, que gostava dela mais do que como amiga. Ao receber o perfume de presente, teve esperança que o rapaz pudesse finalmente declarar o seu amor. No entanto, ele não tomava qualquer atitude e, em muitos momentos, demostrava não se importar com os sentimentos dela.

Depois do Baile de Inverno, quando por sua reação extremamente ciumenta Ron pareceu mostrar pela primeira vez ter um interesse especial pela menina, ela decidiu. Não tomaria a iniciativa, como sempre fazia quando o assunto era relacionado ao estudo ou mesmo a algum plano para ajudar Harry no combate a Voldemort. Ron é que teria que dar o primeiro passo, assim como Krum tinha feito, caso quisesse conquistá-la.

Ron não era indiferente a Hermione. Muito pelo contrário. Notava a presença e as atitudes dela até demais. Não é que descobriu que a menina tinha desenhado coraçõezinhos no horário de aula de Lockbatt no segundo ano e que guardara o cartão do professor debaixo do travesseiro? Foi também o primeiro a perceber que ela havia diminuído os dentes após o feitiço de Malfoy.

Contraditoriamente, porém, parecia que só tinha descoberto no ano passado que ela era uma menina! "Será que sou para Ron apenas mais 'um amigo', como Harry? Mas ele não notou quando os óculos de Harry entortaram", se questionava. Bastava, porém, lembrar-se de como o ruivo a olhou, com susto e admiração, quando a viu chegando ao baile, que todas as suas dúvidas se dissipavam.

Mas se Ron gostava dela, por que não tomava a iniciativa? Hermione já estava cansada disso. Bem que tentava motivar alguma reação despertando o ciúme do rapaz. Por isso escrevia as cartas para Krum na sala comunal, na presença do amigo. Precisou escrever metros de pergaminho, no entanto, para  Ron notar que ela não estava fazendo um dever de casa. Até que funcionou, mas parcialmente. Ele reclamou, porém, não tomou qualquer outra iniciativa.

Tudo isso a deixava vez por outra muito irritada e naquela noite, em particular, ela estava bem chateada com o amigo. Foi quando Ron empurrou o pergaminho para um canto, afastou a cadeira e, se espreguiçou.

— Chega por hoje! Cansei... – o bruxo disse isso de forma displicente, sem esperar pela reação da menina.

— Você não quer nada com nada, Ronald. Parece não ter um propósito, um objetivo na vida. Desiste fácil de tudo, não luta pelo que quer, ou melhor, acho que você nem sabe o que quer – ela disparou com irritação.

Entrelinhas Ron e Hermione - Livro 1 - IntuiçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora