Nas horas incertas

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Para ouvir antes, durante ou depois de ler o capítulo:

Bad Day

(Daniel Powter)


"Olha pra mim, amor, olha pra mim;Meus olhos andam doidos por te olhar!Cega-me com o brilho de teus olhosQue cega ando eu há muito por te amar"

(Florbela Espanca)



* * * * * * * *


Hermione volta a se aproximar do rapaz que, especialmente naqueles dias nos quais está tenso com a estreia no quadribol, precisa de seu apoio. Ron havia conquistado a posição de goleiro, mas a sua insegurança não permitia que tivesse um bom desempenho. Ele possuía tantos talentos, a garota sabia. Por que precisava ser tão inseguro assim?

Todos deram risadas quando os gêmeos disseram que, para Ron jogar bem, era preciso que a plateia ficasse de costas. Hermione, no entanto, não achou qualquer graça daquela brincadeira. Pelo contrário. Ficou sinceramente preocupada com o amigo e queria ajudá-lo.

Na primeira oportunidade, quando ficaram sozinhos numa das muitas rondas como monitores, ela puxou o assunto.

— O que você está achando de ser goleiro? - ela o olhava de um jeito sereno.

— Estou achando ótimo e assustador ao mesmo tempo - o rapaz falou fazendo uma espécie de careta e definindo muito bem os contraditórios sentimentos que experimentava.

— Não precisava ser assim, Ron. Você tem talento para goleiro. Caso contrário, não teria sido selecionado. Você deve acreditar mais em si mesmo e deixar de se preocupar com o que os outros pensam - a voz oscilava, por vezes ficando um pouco aguda.

Mais uma vez Hermione estava dando um conselho sensato, Ron reconhecia. Mas não era fácil vencer a insegurança. Era algo mais forte do que ele. Tentava se concentrar, esquecer que estava sendo observado por dezenas de pessoas, mas... Era impossível!

— Mione, eu tento fazer tudo isso. Mas sempre fico nervoso, não tem jeito. Pior é que todos os alunos da Grifinória contam com minha atuação como goleiro para nossa casa vencer. É muito difícil decepcionar tanta gente! - as tremulações de voz do ruivo denunciavam toda tensão dele.

Ela teve vontade de abraçar o ruivo. Mas, como sempre, refreou os seus impulsos. No entanto, não podia deixar de dizer mais algumas palavras de incentivo.

— Eu acredito em você, Ron. Não gosto muito de quadribol, mas, pode ter certeza, vou estar sempre na arquibancada torcendo por você e pela Grifinória - Hermione disse com decisão e sinceridade.

— Obrigada, Mione. Você é uma grande amiga! Pena que não será apenas você que vai ficar na arquibancada assistindo ao jogo... - ele a olhou com desconfiança.

— Ron! - a menina gritou em protesto, mas, ao ouvir a gargalhada do ruivo, também não conteve o riso.

Chegou finalmente o dia do jogo. Para Hermione foi um alívio. Afinal, não aguentava mais ver Ron tão nervoso. Falava apenas desse assunto, seja na ronda dos monitores como nos momentos que sentavam juntos para fazer as tarefas da escola. O bruxo, no entanto, estava apavorado. Percebia que todos no time e também os alunos da Grifinória tinham grande expectativa com seu desempenho e temia não corresponder e ser um fiasco.

Harry e Ron já estavam tomando café da manhã quando Hermione chegou ao refeitório na companhia de Gina. Foi a irmã que perguntou como ele estava se sentindo, mas o rapaz permaneceu mudo. Harry respondeu no lugar do amigo, dizendo que Ron estava nervoso.

Entrelinhas Ron e Hermione - Livro 1 - IntuiçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora