7 chaves 🗝 - Girafa

TRÊS 🗝

POV RAFA KALIMANN

Por mais que Bernardo tentasse sempre demonstrar que estava feliz, não tocou no assunto sobre Tiago e Rio de Janeiro, e fingiu estar tudo bem no dia seguinte. Preferi não insistir no assunto, pois sabia que aquilo o feria. Desde então começou a ficar obcecado por trabalho, e beber todos os dias, o que me deixava extremamente preocupada.

Gizelly vez ou outra tentava puxar alguma informação sobre o que aconteceu, o que Bernardo fazia questão de se esquivar e mudar de assunto.

Manu fazia aquecimento vocal, enquanto eu estava sentada no sofá, balançando minhas pernas, ansiosa.

- O que foi? É a Titchela? - perguntou Manu me olhando pelo espelho do camarim.

- Não, é Bernardo.

- Ele continua bebendo?

- Sim, o que me deixa bem preocupada. - suspirei.- Sei que ele é um homem adulto, mas já passei por isso. É um caminho de sofrimento que não leva a lugar nenhum.

- E não te falou nada sobre o Rio? Não comentou sobre Tiago?

- Não. E nem penso em conversar com Tiago, já que o mesmo deixou claro que não era mais para nos metermos nesse assunto. - suspirei.- Não sei o que fazer.

- E o que você pensa, a respeito disso?

- Eu não sei. Me machuca ver ele assim, mas estou de mãos abanando, sem saber o que fazer. Bernardo se dedica ao seu trabalho e a nossa família. Acaba ficando com outros caras, mas quando isso acontece, aparece na porta do meu apartamento chorando, arrependido, como se ele ainda tivesse um relacionamento com Tiago, e o estivesse traindo.

- Acho que só o tempo para fazer eles esquecerem, ou se acertarem de vez.

- Só tenho medo que com esse tempo, só faça Bernardo passar pela mesma situação que eu.

- Eu sei que você não vai deixar isso acontecer. - concordei com a cabeça.

- Me dói vê-lo assim. Gi também está preocupada. Somos uma família, não queria o ver desse jeito, ele não merece isso.- Manu se aproximou e sentou-se do meu lado, colocando suas mãos nas minhas.

- Amiga, eu sei. Bernardo é incrível, o ser humano mais iluminado que entrou em nossas vidas.- sorri e concordei com a cabeça.- Sei que ele é forte e não vai se deixar levar tão fácil assim, por essa situação.  A gente não pode fazer muita coisa por eles, a não ser deixar que o tempo cure as feridas ou que se resolvam logo.

- Obrigada.- nos abraçamos, enquanto tentava deixar com que as palavras de Manu fizesse algum efeito e me tranquilizasse.

Estava preocupada como o quanto um amor pode destruir alguém. Me via na mesma situação que Bernardo, alguns anos atrás. Queria poder fazer algo para ajudá-lo, mas toda vez que tentava, era em vão, ele se fechava e tentava demonstrar que estava tudo bem.

Não conseguia imaginar minha vida sem Bernardo. Ele se tornou nosso confidente, melhor amigo, uma figurinha paterna para Benício. Sabia que seu sofrimento vinha piorando a cada dia.