Lost Island

Eight

A madrugada calma e gelada se alastrava pelas ruas do condomínio em que Jennie morava. A garota se enrolava nos próprios casacos para poder suportar o ar frio que emanava, sentia até mesmo a ponta do nariz gelado e enrijecido. Porém, mesmo com o frio, gostava de andar pela rua nas madrugadas. Era algo que sempre fazia, independente do clima.

Não sabia como explicar a paz que se instalava em seu corpo quando andava naquela escuridão e paz da madrugada. Talvez fosse loucura, mas Jennie preferia andar na rua de noite do que de dia. Mesmo sabendo dos riscos que corria - principalmente por ser mulher -, enfrentava esse risco. Não que saísse sozinha, já que, Rosé jamais permitiria que Jennie saísse sozinha.

Por que não poderia simplesmente ir sozinha?

- Você está bem, senhorita? - Rosé perguntou, esticando um cachecol em sua direção.

Jennie pegou o cachecol e o passou em volta de seu pescoço. - Estou bem sim, Rosé. Não se preocupe.

- É melhor entrarmos. Já esta na hora. - Rosé disse com a voz trêmula.

- Só mais um pouco, por favor! - Pediu Jennie com a voz manhosa.

Rosé apenas revirou os olhos e deu uma risada, no entanto, assentiu positivamente. Jennie chutava o gramado que havia debaixo de seus pés de forma monótona, suspirando hora ou outra quando se sentia entediada.

Olhou para uma árvore cheia de folhas verdes e o tronco marrom fosco, observou atentamente os galhos que havia e se imaginou subindo nos mesmos. Por uma fração de segundos, se viu em um balanço, que estaria pendurado nos galhos com uma corda, indo para frente e para trás de forma rápida e divertida. Conseguiu ouvir risadas de uma criança e um homem a empurrando, enquanto ria sem parar e fazia caretas. Jennie estremeceu e por questões de segundos, não bateu em uma lixeira que havia no meio da calçada. Rosé olhou para a garota, enquanto esta colocava a mão no peito e recuperava o fôlego.

Rosé havia puxado a garota tão forte e rápido, que Jennie acabou se assustando mais do que deveria.

- Você está bem? - Rosé perguntou preocupada.

- Sim, estou sim. - Respondeu com indiferença.

- Desculpe lhe puxar dessa forma, pensei que não estava vendo o lixeiro.

- E não estava mesmo. - A garota deu uma risada descontraída.

Rosé balançou a cabeça e sorriu simpaticamente.

- Estava olhando o quê?

- Essa árvore. Me veio uma lembrança, eu acho que era uma lembrança... Não sei. - Franziu o cenho. - Mas, vi algo.

- De quê tipo? - Rosé havia parado de andar e ficou apenas olhando a garota, enquanto mantinha as mãos apoiadas na cintura.

- Ahn... Não sei... Um balanço, uma criança e um homem. Não sei bem do que me lembrei... - Deu de ombros e suspirou.

- Pode ter sido alguma lembrança do seu passado... Seu pai costumava te empurrar em balanços? - Rose sorriu.

- Ahn... Não sei. - Encarou o chão e voltou a chutar a grama de um terreno que ali havia.

- Hum... Tudo bem. - Rosé apenas deu de ombros e voltou a andar.