Prólogo

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      E se eu lhe dissesse que existe um caminho para a imortalidade? Um caminho onde viveríamos por toda a eternidade. Mas, seria a eternidade algo tão bom quanto é especulada? Durante anos, a ideia de ser um ser eterno pareou em minha mente, sem me deixar descansar por um segundo sequer. Talvez, você prefira chamar isso de trauma familiar uma vez que muitas pessoas de minha família morreram numa data extremamente próxima ao meu aniversário, um prato cheio para quem acredita em coincidências, o que fez com que meu avô acreditasse que eu era uma maldição, que eu possuía os olhos de uma serpente e a sede de um ceifeiro. Mas, toda maldição tem um início e devemos concordar que, se a maldição chegou à minha família com o meu nascimento eu também sofri com ela, sem ter o poder da escolha.
      No início, a ideia era extremamente interessante. Dançar sob a luz de prata de luas eternas, sentir a excitação de estar na beira da morte milhares de vezes sabendo que nenhuma delas seria realmente a última. A sensação de poder desafiar a vida era algo que queimou em minhas veias por muito tempo e fez com que eu estivesse disposta a correr os maiores perigos em busca de grandes aventuras. Descobrisse mundos que jamais havia pensado existirem.
      O ser humano cria em sua mente uma ideia demonizada da morte; não pela triste ideia de um corpo apodrecendo embaixo de um monte de terra ou pela angústia de seus familiares, a maioria sofre por medo do sofrimento que vem antes dela, outros por medo de um possível não confirmado inferno com corvos comedores de órgãos. E apesar de temermos tanto esse momento, não deixamos de fantasiar com ele. Quantas vezes a ideia da morte se passou pela sua cabeça? Nós passamos tempos e tempos pensando em formas, na dor, em quando e como ela chegará, desejamos que chegue enquanto dormimos para que não sintamos nada mas, ao mesmo tempo que não queremos sentir nada, passamos parte de nossas vidas fantasiando com a morte e tentando senti-la de várias formas. Estamos perto da morte o tempo todo e muitas pessoas têm uma grande dificuldade de admitir que essa ideia é extremamente excitante. Os franceses chamam o período pós-orgástico de le petite mort – "a pequena morte", em tradução literal – devido à possível perca total ou parcial de força e consciência após o ato, e também devido ao fato de que o corpo para de respirar enquanto tem um orgasmo. É inconsciente, mas enquanto estamos em uma das melhores sensações da vida, estamos a um passo da morte.
      Depois de muito tempo vendo o mundo com olhos imortais, a morte passa a não ser mais um medo. Ela se quebra e se transforma em um céu noturno cheio de estrelas, cheio de pequenos pedaços e o seu maior desejo é conseguir juntar todos eles novamente. É como navegar em um oceano em busca de um pedaço de terra qualquer, inexistente, sem correnteza ou ondas, é só navegar, sem pódio de chegada. Após muito tempo navegando, sem nenhum dia em terra firme, eu decidi contar minha empolgante trajetória, a terrível lenda de uma jovem condenada e incompreendida.
      Não ache, meu caro leitor, que em minhas palavras haverá somente arrependimento e a amargura de uma pessoa incompreendida ou o rancor de uma condenada. Após viver todas as vidas que você talvez considere possível, eu tenho bagagem suficiente para levá-lo a uma viagem digna de alguns minutos de sua atenção. Mas, vamos ao que realmente nos interessa, ao início da história: a imortalidade e como eu a alcancei. 
      O ciclo que foi seguido por mim talvez não agrade as pessoas que veem a imortalidade como uma das melhores formas de se viver. Temos que entender que tudo tem um ciclo, mesmo quando se quer viver para sempre; e isso me faz questionar: temos essa sede pela imortalidade por amor à vida ou por temermos a morte? Podemos dizer que, a única certeza que temos na vida ser a morte coloca um certo limite em nossas cabeças, como se tudo fosse acabar quando morrêssemos e não restaria mais nada. Isso faz com que nós repudiemos a morte com todas as forças que temos, mas, como já foi dito, quando se tem a eternidade em mãos, a morte se transforma em um desejo longe de ser realizado, é estar à deriva. 
      É ter belas e fortes mãos que não podem alcançar nada.

Notas:

Se você chegou até aqui, que coragem hein! Muita gratidão, se gostou me ajude a divulgar a história, comente, me de views, me de estrelinhas, opiniões e críticas (construtivas tá porque eu ouço mas também não fico quieta). Se você não gostou, lê o próximo que cê vai gostar! Beijos!

Todas as minhas redes sociais são @thaistardust!

- A característica vampiresca de não poder andar sob a luz do sol veio com Nosferatu (1922), antes disso vampiros podiam andar no sol livres, leves e soltos. Os vampiros nessa história andarão no sol livres, leves e soltos.

- Acabei de soltar o que poderia ser um ótimo plot twist da história mas tudo bem eu precisava compartilhar isso com vocês.

- Haverão muitas referências, citações e etc à Drácula de Bram Stoker (1897) e Carmilla de Sheridan Le Fanu (1872), ambos foram minhas maiores inspirações (além das músicas do Type O' Negative). Inclusive recomendo os dois livros e a banda, cristais do mundo gótico.

- Agradecimento especial ao meu pai que me fez ficar viciada em Drácula e nos livros do Bram Stoker desde os cinco anos de idade e ao meu amigo Fernando Bovo que me deu o livro Carmilla e me fez ficar fascinada por vampiras lésbicas e sexys.

Agradecimentos:

- Agradecimento a minha mãe que não leu a história mas ADORA o nome Callidora e fala pra todo mundo que eu escrevo uma história que tem o nome lindo Callidora.

- Agradecimento a Kelly que sempre me apoia em tudo o que é arte que eu faço e canta as músicas comigo.

- Agradecimento a Sarah que lê minhas paranóias e me ajuda a criar ainda mais.

- Agradecimento a quem veio do grupo Wattpad Brasil devido ao post no facebook.

Gratidão e até o próximo!

CallidoraOnde histórias criam vida. Descubra agora