PRÓLOGO

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❝Eu tenho uma visão nada agradável.❞

OLHO NOVAMENTE PARA as minhas próprias mãos, com os olhos embaçados pelas lágrimas, ainda consigo ver o sangue nelas, consigo sentir ele em minha pele

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OLHO NOVAMENTE PARA as minhas próprias mãos, com os olhos embaçados pelas lágrimas, ainda consigo ver o sangue nelas, consigo sentir ele em minha pele. Observo mais um pouco o terreno arenoso que estava não deixando de comparar minha situação catastrófica com o limpo da areia em minha frente, ou com o azul do céu e do mar. Suja. Suja de corpo e alma.

Deixo meus cabelos cobrirem meu rosto, caindo de joelhos no chão, ainda olhando para as minhas mãos, como estavam ensopadas de sangue. Sangue quente, viscoso e vivido. Sangue fresco. Sangue divino e puro.

O sangue de Jason Grace.

Deixo um soluço sair para fora, sentindo as lágrimas salgadas lavarem meu rosto sujo de fuligem, areia e sangue, que honestamente nem sabia de quem era. Se era meu, de Jason ou até mesmo de Piper. Levanto a cabeça, vendo a apenas alguns metros, Piper McLean inclinada sobre o corpo de Jason Grace, chorando desesperadamente. Pedindo por clemencia. Pedindo por misericórdia. Pedindo por uma segunda chance com o namorado.

O sol quente, que batia em minhas costas nuas graças ao enorme rasgo em minha camiseta roxa, logo some, dando lugar a nuvens pesadas e cinzas. Trovões ressoam pelo céu, raios cortam as nuvens e o mar se revolta, jogando ondas e mais ondas furiosas contra as pedras que ali tinham. O chão treme, e rachaduras são feitas no solo, as árvores e flores que tinham ali espalhadas naquela praia da ilha, perdem a cor, murcham e morrem.

Os deuses estavam, oficialmente, de luto por Jason Grace.

Sinto minhas mãos começarem a tremer novamente, o ar se esvair de meus pulmões. No fundo, não fiquei impressionada com a atitude dos Deuses, afinal, Jason era um garoto exemplar, que cativava qualquer um, até mesmo o Deus dos Mortos. Era querido e amado. Era.

Esse pequeno verbo ressoa em minha mente, várias e várias vezes, me impedindo de falar, de pensar ou até mesmo de respirar. Não podia ser possível. Jason Grace não poderia ter morrido, especialmente daquele jeito tão cruel.

Honestamente, não sei como viemos parar aqui, nessa ilha, nessa praia. Pode tudo ser uma alucinação minha. Posso estar morta como Jason e não saber.

— Deixe de besteira, menina. — A voz melodiosa ressoa por toda extensão da praia, me causando arrepios. Me viro, ainda de joelhos no chão somente para ter a visão da Deusa Trívia, em sua forma de Mãe. Mas ironicamente, não era minha mãe, mas sim minha avó. Ser um legado, às vezes, era cansativo.

— Não entendi. — Digo baixinho, olhando com certa indignação para a mulher na minha frente. — Como assim, besteira? É besteira que Jason esteja morto? É besteira que tenhamos vindo parar no meio do nada? — Disparo boa parte das minhas frustrações em minha avó, vendo a mesma revirar os olhos, para logo observar Jason.

— Não é besteira que ele esteja morto, minha querida. É besteira que você acredite que esteja nessa ilha, quando ela nem sequer existe. E é besteira que ache que você sequer esteve nessa missão com Jason Grace, ou que Piper McLean perderia o tempo dela chorando por ele depois de dar um pé na bunda do menino. É besteira, que mesmo depois de dezessete anos, você ainda não saiba usar seus poderes. — Trívia responde, com uma calmaria, que contracenava com o ambiente caótico que nos encontrávamos.

YOUNG GOD - HDO + TOAOnde histórias criam vida. Descubra agora