Não era "Oi", sempre foi saudade...

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Oi, voltei! E quero agradecer muito aos comentários e todos os feedback's que vocês estão me dando. É muito importante mesmo! Deixar aqui meu agradecimentos e meu amor às minhas meninas do "Comentaristas de Fic" que me dão todo o apoio e de onde surgiu toda a ideia da fic. Paulinha, Na e Caty amo vocês, piticas!

É isso, caso tenham opiniões e/ou ideias me mandem dm no tt (whofavslove)

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"Rafa?" – Era a notificação mais inesperada que Rafaella recebia no celular. – "Lembra de mim?" – Obvio que ela lembrava dela, era Gizelly, a menina que Marcela falava quase todos os dias, por ter salvado e consequentemente ter terminado com a sua vida. Afinal, quando alguém como a gente impedia uma pessoa de ser levada para o mar, precisaríamos algum dia trazer de volta ou as consequências seriam grandes.

"Oi Gi, claro que sim, como esquecer dessa perfeição em pessoa?" – Apesar de tudo, Rafaella também criou um apego a Gizelly, afinal foram verões e mais verões acompanhando-a com Ma. Elas viram a morena crescer, dar seu primeiro beijo desajeitado na praia de Caraíva, depois viram o desastre que foi em Noronha com um homem que nem sabia beijar direito e viram também como a paixão de Gizelly pelo mar crescer.

"Ahhh, você que é... Então, lembra a minha amiga que comentei?" – Obvio que Gizelly havia feito o filme para Bianca, sabia que ela iria amar Rafa. – "Comentei com ela sobre vocês e ela super ficou animada para sairmos, topam?"

"Ahhhh, claro que lembro" – Realmente pela foto Rafaella tinha ficado super interessada na amiga de Gizelly. Marcela tinha sido um surto na vida de Rafa e um surto que tem muito errado. – "Olha, eu e Marcela vamos precisar viajar por um tempo, uma semana, mas quando voltarmos a gente combina, pode ser?"

– Droga de reunião familiar! – Rafaella esbravejou, adorava ficar na forma humana, era a seu maior fascínio, mas tinha que voltar sempre ao mar ou sua pele ficava ressacada e seu cabelo? Horroroso. O mesmo acontecia a Marcela, a loira começava a ter várias crises alérgicas, ficava com a pele vermelha, os cabelos ficavam com a ponta rosa e horríveis também, não entravam nem a mão.

"Pode ser sim, Rafa. Vou aguardar vocês! Beijos. Manda beijo pra estranha da Marcela e diz que ela precisa de um celular logo... rs" – Gizelly adorou zoar a loira, era maravilhoso ver como ela ficava vermelha e revirava os olhos.

– Marcela vai ficar louca com essa menina... – Rafa sabia que Gizelly tinha ficado interessada na amiga, assim como Marcela, apesar de saber o que teria que fazer, ela precisava conhecer, pois o interesse era real.

1960

Sereias existiam, agora Marcela era uma delas e ela estava completamente atônica com aquilo. Respirava debaixo d'água, tentou voltar a areia, mas não conseguia. O mar estava escuro, como a noite, mas era tão lindo quanto a noite. A chuva tinha passado. Ela precisava encontrar Rafaella, mas como? Naquela imensidão. De repente escutou algo. Canto? Era a voz de Rafa.

– Rafa? – Ela disse alto. – É você? – Ela estava realmente com medo, estava sozinha, não tinha mais ninguém ali, os seus pais não podiam ver daquela forma, eles pirariam. Finalmente, permitiu-se chorar. Lagrimas? Pode rir... Não tinha, afinal aquilo era o mar.

– Te achei! – O grito lhe assustou. – Finalmente te achei, foi o único som diferente... – Como assim som? Que som? Ela só tinha dito o seu nome. – Você deve tá confusa... Calma, é estranho, eu sei...

– Eu não consigo ter calma, mas eu prometo que vou ter se você me explicar que porra é essa? – Marcela falava com os olhos arregalados.

– Bem, você é uma sereia... Você se transformou por xingar o mar pisando nele... Isso é a pior coisa que um humano pode fazer... – Rafa falava calmamente. – E nós não sabemos se você pode voltar a ser humana normalmente... Você pode sair e ir viver, mas precisa voltar aqui ou você tem consequências.

– Que consequências? Por isso que você saia toda vez?

– Sim... Eu precisava ficar algumas horas no mar, pois eu passava muito tempo fora dele e você não podia saber... Se não você e eu correríamos riscos. – Os olhos de Rafaella transmitiam muita verdade e isso Marcela não poderia negar.

– Quais riscos? Eu... É... Desculpa. – Ela estava envergonhada de tudo que tinha feito e sabia que tinha errado, apesar de estar sofrendo por tudo, precisa reconhecer seu erro.

– Não precisa se desculpar... Eu também errei e tá tudo bem. – Rafa abraçou e notou que seus cabelos estavam diferentes. – Rosa?

– O que? – Só então Marcela notou o cabelo rosa. – Meu Deus é mais sério que eu pensei, Rafa me ajuda eu vou surtar, meus pais? Minha vida? Minha carreira?

– Calma, Ma, você precisa escolher... Os seus pais vão envelhecer, mas você não... Então precisa escolher se vai deixá-los agora ou depois... – Sabia que essa decisão seria muito difícil para Marcela, ela era louca pela família.

– Como vou deixá-los?  Como? Eu não consigo...

– Eu posso te ajudar, até porque você só vai poder sair do mar após um ano... É seu ano de aprendizado e precisa ficar no mar durante esse tempo... – Rafa tentou falar com toda calma do mundo.

– COMO? MEU DEUS EU TO PAGANDO POR SER TÃO IDIOTA!

2020

Gizelly estava andando pelo shopping procurando algumas peças de roupas para o jantar de uma empresa que era parceira da sua. Desde a última mensagem trocada com Rafa não procurou mais saber das duas, achou que seria chato ficar enchendo o saco delas. Elas a procurariam para sair.

"Sabia que você é linda procurando roupa?" – Número desconhecido.

"Quem é?" – Gizelly perguntou e seu ar de desconfiança ativou todos as suas "antenas", Bia sempre falava que se ela não fosse tão boa publicitária, seria ótima no ramo do direito.

– Poxa, pensei que eu fosse tão marcante ao ponto de você não me esquecer tão fácil... – Aquela voz era inconfundível, sabia pelo cheiro que era Marcela.

– Como assim? Você nem tinha celular até duas semanas atrás. – Gizelly riu e abraçou a loira. O abraço pareceu durar incontáveis minutos. Era um abraço intenso, de saudade, de afeto.

– Rafaella me fez comprar e eu pedi seu número tem uns 20 minutos... Aí te avistei e resolvi mandar mensagem... – Marcela dá um sorriso de orelha a orelha para a morena.

– Santa Rafa! Operando milagres nas senhorinhas. – Gargalha já zoando com a loira. – Mas como você me reconheceu?

– Como não te reconhecer? – A sereia sorriu para a morena. – Você é um furacão... Sua energia é sentida de longe... – Gizelly sorriu com um pouco de vergonha. – Consegui te deixar com vergonha? Santa Marcela, operando milagres...

Após o papo inicial começaram a conversar e se conhecer melhor, até porque se encontraram, na verdade se reencontraram, na balada. Conversaram sobre tudo: céu, terra, universo, signos e sobre o mar...

– É isso, eu simplesmente amo o mar e tudo o que contém nele, sendo verdade ou não. – Gizelly disse ao falar da sua paixão pelo mundo marítimo.

– Mas o que seria verdade ou não? – Marcela instigava a morena a todo instante, gostava de ouvi-la falar.

– Monstros, lendas, sereias... Esse tipo de coisa, sabe Ma? – Tocar em Marcela tinha se tornado um habito que ambas não haviam percebido.

– Sereias? Você acredita? – A loira ficou curiosa para saber o que ela achava.

– Olha, eu, particularmente, até acho que tenho uma "Sereia da guarda" – A risada que Gizelly soltou fez Marcela sorrir de forma leve. – Você pode me achar maluca, mas é verdade. – Olhou o relógio, era sua hora. – Quando a gente combinar de sair mais vezes, posso te contar...

– Já? Ahhhh não, fica furacão, só mais uns minutos... – Fez uma carinha fofa e Gizelly quase não aguentou.

– Prometo que outro dia passamos mais tempo juntas contando histórias do mar, pode ser? – Disse se levantando da mesa que estavam sentadas. – Mereço um abraço?

– Merece todos os abraços do mundo, Gi... – Marcela se levantou e abriu os braços para a morena que prontamente se acolheu ali.

– Pode ser mais maluco do que você imagina, mas eu tenho certeza que nunca foi "Oi"... – Suspirou – sempre foi saudade, sereia...

(A) MarOnde histórias criam vida. Descubra agora