Fair Oaks, Califórnia
07:43 a.m.
POV Mariá de Alcântara
Me sentei devagar no banco, a brisa leve fazia as escoriações doerem um pouco menos. Sentia tontura, pontos pretos dançavam diante meus olhos mas me recusei a comer. Sei muito bem o quanto dói engolir com duas costelas quebradas cutucando qualquer órgão interno que seja. Ouvi passos vindos de dentro da casa, um andar confiante enquanto as botas esmurravam o chão só poderia pertencer a uma pessoa: Mark Zill. Vesti minha melhor máscara de nojo na vã tentativa de tapar o medo. Ele parou na minha frente, e acho que vi um vislumbre de susto quando o encarei. Claro, estava muito pior que das outras vezes. Minhas longas mechas negras estavam emaranhadas e banhadas em sangue, os cantos da boca rasgados e cobertos por sangue seco, assim como as marcas de mordida na clavícula e nos seios e os cortes profundos nos braços, pernas e glúteos. Fora isso, grandes hematomas de socos ponteavam meu rosto e tronco e as escoriações de corda deixaram meu corpo todo avermelhado. Flexionei meus dedos machucados, pelo menos as unhas estavam intactas.
- O que quer? Perguntei rouca.
- Vim te ver. Sei que peguei pesado ontem, espero que tenha aprendido a lição meu amor. Não gostaria de fazer isso novamente... ou melhor, gostaria. Mark riu friamente, divertindo-se às custas da minha dor.
Engoli todos os comentários que me vieram a ponta da língua e lhe dei meu melhor sorriso cínico
- Eu sei que adoraria. Quero caminhar pela propriedade.
Ele arqueou as sobrancelhas em deboche e se recostou no pilar da área.
- E tu consegue por um acaso?
Não lhe respondi, apenas me levantei com cuidado e saí andando lentamente, sentindo cada ferimento se esticar e alguns reabriram, manchando o vestido branco de sangue. Segui a trilha que levava à mata distraída, tentando desviar de tudo que pudesse encostar em algum machucado. Ouvi um farfalhar em direção ao eucaliptal fechado e me direcionei para lá, temendo ser algum animal ferido pela ira patética de Mark Zill. Desci a encosta agarrada em galhos, lágrimas me vieram aos olhos pelo esforço de andar em meio a raízes e pedras.
Ofegando, passei a primeira clareira e me deparei com algo que fez duvidas ao meu juízo. Esfreguei os olhos e me escorei em um tronco, fazendo barulho. Dezenas de armas se viraram para mim e eu caí, escorregando em uma poça de barro. Tudo escureceu e a última coisa que eu ouvi foi: "puta que o pariu".
Fair Oaks, Califórnia
08:02 a.m.
POV Kimball Cho
Estávamos todos tensos e alertas, esperando os dois últimos membros da SWAT assumirem seus postos. Um barulho na ponta do barranco me fez puxar a pistola do coldre quase que inconscientemente, assim como todos os presentes. O alvo era uma garota alta, extremamente ferida, cansada e apavorada. Seus olhos encontraram os meus e quando abri a boca para pedir que levantasse as mãos ela escorregou. Todos estavam alertas, poderia ser mais uma armadilha do maldito Zill. aproximei do corpo, xingando alto. Desacordada. A saia do vestido manchado havia subido, revelando uma série de machucados abertos. Busquei Lisbon com o olhar, e ela pensava o mesmo que eu: uma das escravas de Mark. Logo a minha equipe estava reunida ao redor do corpo. Jane estava terrivelmente abalado e alternava olhares entre a garota e o ventre de Teresa Lisbon, que carregava ali seu filho. Juntei-a do chão, cada vez mais nervoso com o corpo inerte.
- Teresa, comande a operação.
- Não pode levá-la ao FBI e muito menos ao hospital. Se ela for do Zill, além de ser uma informante valiosíssima, corre risco de vida.
- Eu sei. Cerrei a mandíbula, pensando. Encarei Jane novamente e vi seus olhos brilharem, ótimo, ele tinha um plano.
- Cho, tive uma idéia. Leva ela para San Francisco. - Ele disse se referindo ao meu apartamento reserva.- Ninguém do FBI além de mim sabe onde é, não é?
- Certo. E como justificamos o meu sumiço Jane?
Foi a vez da brilhante Lisbon responder:
- Licença saúde Cho. Emitimos duas semanas a você, depois pensamos no resto.
Suspirei e assenti, carregando a garota em meu colo e atravessando a mata até onde estacionamos os carros.

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Rescue of The Future - The Mentalist
Fanfiction"...Vesti minha melhor máscara de nojo na vã tentativa de tapar o medo. Ele parou na minha frente, e acho que vi um vislumbre de susto quando o encarei. Claro, estava muito pior que das outras vezes. Minhas longas mechas negras estavam emaranhadas e...