Bunker de Kimball, San Francisco
12:02 p.m.
Narradora
O agente só havia saído do quarto de Mariá para autuar a prisão daquele infeliz. Não dormia em sua cama há quatro noites, e só voltaria a dormir nela quando pudessem dividi-la. Cho evitava em seguir essa linha de pensamento, pois sua mente viajava para os amassos que já haviam trocado antes de dormir. Ah, e claro, ao sair do FBI com os punhos ardendo dos socos que distribuiu no mafioso até o porco imundo beirar a inconsciência e o advogado chegar, foi a uma joalheria e comprara o par de alianças mais lindas e delicadas que já tinha visto. Suspirou profundamente ao imaginar a mão esquerda de sua garota sobre a dele, a jóia de diamante e ouro amarelo brilhando no dedo anelar e as unhas compridas pintadas caprichosamente de preto. Seu corpo perfeito coberto por um vestido off-white de saia até os joelhos e levemente rodada. O véu se arrastaria ao longo do gramado, feito de um tule tão fino quanto teia de aranha e com as bordas rendadas. Imaginava o momento em que os lábios dela pronunciariam o famigerado sim, seus lábios tingidos de vermelho e os dentes brancos faiscando em um sorriso leve e empolgado. Se fechasse os olhos era capaz de sentir o choque que percorria seus corpos ao mínimo toque dos lábios. Levou o copo de café a boca mecanicamente, olhando distraidamente os aparelhos grudados ao corpo magro e imaginando a viagem de lua de mel, tendo como destino uma praia deserta; um jantar na areia sob a luz do luar, os cabelos coloridos brilhando, o vestido branco e os pés descalços. Mãos entrelaçadas e os dois perdidos em seus olhares, se amando intensamente. Por testemunha, apenas as ondas e os astros. Deuses, era ela, a mulher perfeita, e o agente mal podia esperar para fazer o pedido.
O coma induzido acabaria em poucas horas, os médicos alertaram sobre a baixa chance de sobrevivência, mas Kimball sabia que ela era forte, sobreviveria para ter um futuro ao seu lado. A perspectiva da morte o aterrorizava, sabia que não saberia seguir em frente sem a mulher que amava, e acima de tudo, que o salvara. Um tiro no pulmão seria apenas mais um dos obstáculos que Mariá enfrentaria.
...quatro dias depois...
Um comboio estranho deixava o hospital, uma mulher grávida e armada, seu esposo preocupado e aparentemente vidente, dois agentes armados e uma garota de cabelos verdes apoiada em um homem de camisa social. Ambos sorriam despreocupados, o sol os brindava com um dia ameno, a brisa balançava os cabelos levemente. Uma aura de paz se instalara no FBI, uma importante quadrilha desmantelada, mulheres salvas e o chefe na cadeia. A garota estava sentada atrás da mesa de Kimball, enquanto ele agilizava os papéis de dispensa dela do serviço de proteção a testemunha. A equipe toda estava ali, rindo e brincando, cada um guardando uma gratidão eterna pelo sacrifício da garota. O homem voltou a passos largos e aumentou mais ainda seu sorriso ao vê-la feliz e enturmada com a sua família, pigarreou e foi até ela:
- Mariá, preciso falar algumas coisas a você... Eu falhei contigo, não é justificável, apesar de estar trabalhando eu não tinha o direito de fazer o que eu fiz. Sei que já me perdoou e sou muito grato por isso, mas nesses dias que esteve em coma eu percebi que não sei viver sem ti, é a coisinha mais preciosa que tenho, apesar da teimosia, é claro - todos riram nesse momento, enquanto a garota olhava assustada para o agente ajoelhado aos seus pés, puxando uma caixinha do bolso - por isso eu estou aqui, diante da minha família, implorando que nunca mais saia da minha vida, não me importo que use todas as minhas camisas, eu juro. Casa comigo, meu amor?
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Rescue of The Future - The Mentalist
Fiksi Penggemar"...Vesti minha melhor máscara de nojo na vã tentativa de tapar o medo. Ele parou na minha frente, e acho que vi um vislumbre de susto quando o encarei. Claro, estava muito pior que das outras vezes. Minhas longas mechas negras estavam emaranhadas e...