𝐈𝐧𝐭𝐞𝐫𝐧𝐚𝐭𝐨

Capítulo 5

Depois da aula da professora Paliwal, tivemos aula de matemática, era um senhor quase de idade, mas não achei a aula dele tão boa quanto a de literatura. Quando a aula terminou, seguimos direto para o refeitório pra almoçar.

-Que raiva, não acredito que fiquei em detenção. -Sina falou colocando a comida na mesa e se sentando em seguida.

-Olhe pelo lado bom, ao menos é com a professora Paliwal. -Falei e sorri ao lembrar do rosto dela.

-Iiiiih gostou dela loukamaa? -Sina falou com um sorriso presunçoso, logo sofya e Sabina se juntaram a gente na mesa.

-Nao viaja Sina.

-Sabina, sua irmã se interessa por garotas? -Sina falou e eu gelei, essa garota já quer me complicar no meu primeiro dia no internato.

-Não faço ideia, não convivo muito com Shivani também, mas porque? Tem garotas aqui interessadas na minha irmã? -Ela perguntou e eu foquei minha atencao na minha comida, fingindo não prestar atenção na conversa.

-Ô se tem!

-Quem? Uau, essa pessoa se prepare pra sofrer, nunca vi minha irmã com ninguém. -Ela falou e eu quis sorrir, ao menos ela deve ser solteira.

Sina não a respondeu apenas sorriu e  olhou pra mim, passei a hora do almoço inteiramente calada, as meninas continuavam conversando animadas.

Depois do almoço, eu e Sofya fomos pro quarto, e Sina pra detenção, assim que entramos, me joguei na cama, lembrei do livro de Shivani, e peguei minha mochila. O livro dela era cheio de anotações, ela grifava algumas frases com marca texto da cor rosa, e colava post it com anotações sobre cada página, era interessante.

Sofya tinha ido tomar banho, eu ainda estava com a mesma roupa da aula, apenas tirei a gravata e joguei no chão. Abri o livro e comecei a ler, o livro na verdade era uma peça de Wiliam Shakespeare, a leitura era bem rápida, mas sempre que eu via anotações da professora nas páginas, eu parava pra ler, a letra dela era tão encantadora quanto a dona. Tinha lido ao menos umas 20 páginas, quando sofya enfim saiu do banheiro.

-Joalin você Vai continuar lendo? É que eu queria ensaiar a música que eu vou apresentar no coral no fim de semana. -Sofya falou com um pouco de vergonha e eu fechei o livro, peguei um marca texto verde na minha mochila e coloquei no meu bolso.

-Pode ficar no quarto, vou ler no pátio.

-Obrigada! -Ela sorriu e eu retribui.

Saí pelos corredores procurando algum lugar que não tivesse barulho, eu gostava de ler em silêncio. Mas tinha garotas por toda parte.

Desci para o térreo e fui andando, aqui fora não tinha quase ninguém, mas mesmo assim ainda tinha algumas crianças brincando no jardim.  Abri uma porta desconhecida por mim, eu ainda nao tinha explorado esse lugar, quando entrei, percebi vários bancos, na frente tinha uma mesa e algumas imagens de santo.

-Deve ser aqui a igreja, mas não tem ninguém, vou ficar por aqui mesmo. -Pensei alto, o ligar era limpinho, tinha uma luz fraca no altar, e todo o resto da igreja estava escuro, me deitei no chão e comecei a folhear algumas páginas do livro.

"Será que o meu coração realmente tinha amado até agora? Pois eu nunca vi beleza tão pura até esta noite"

Algumas frases do livro, faziam meus pensamentos irem direto para Shivani, eu sorri, assim como romeu, eu nunca tinha visto alguém que me deixasse tão boba como ela me deixava. Essa frase não estava grifada, espero que ela nao fique brava comigo se eu grifar algumas partes tambem, peguei o marca texto do meu bolso e grifei. Continuei a ler, sempre que eu via frases que me faziam refletir sobre ela, eu as marcava.

"Se ela soubesse o que ela é pra mim!
Quem me dera ser a luva dessa  mão, para poder tocar aquele rosto"

-Por Deus Joalin, pare de pensar nela! -Bati com o livro na minha cabeça seguidas vezes com raiva. Respirei fundo e encostei o livro do meu lado, coloquei uma mão sobre meus olhos, e nem percebi quando acabei dormindo ali no chão.

Acho que eu tinha lido demais, ao menos metade do livro eu já tinha devorado, meu subconsciente também não parava de pensar na professora Asiática, porque eu nem em sonho tive paz, estava mergulhada em um sonho com ela, até que ouvi uma voz longe me chamar.

-Senhorita Loukamaa? -Ouvi e alguém me balançou, abri meus olhos devagar, dando de cara com ela me olhando -Oque faz aqui?

-Professora...Eu...Am... -Cocei minha cabeça para tentar acordar, acho que eu ainda estava dormindo. -queria um lugar silencioso pra ler, e acabei entrando aqui.

-Loukamaa, esse é um local sagrado, usado para orações, e não pra ler, ou dormir no chão do altar.

-Mas professora, Romeu e Julieta não é considerado uma biblia para os leitores de romance? -Falei com um sorriso e ela soltou um riso nasal.

-Boa tentativa senhorita Loukamaa, agora levante aí do chão, antes que a irmã Anastácia te encontre aqui e te deixe de detenção -Ela ofereceu a mão pra me ajudar e eu aceitei, o toque dela era leve, a mão macia feito pele de criança. -Parece que gostou do livro -Ela falou olhando para o livro no chão, com o lápis marcando a página que tinha parado, ela se abaixou e pegou o livro.

-É romântico demais -Respondi com uma pequena careta.

-Não gosta de romance?

-Ele me faz lembrar alguém, a cada frase profunda que lia, cada frase de Romeu a respeito de Julieta, parece me fazer se apaixonar por esse alguém.

- " O amor é dos suspiros a fumaça; puro, é fogo que os olhos ameaça; revolto, um mar de lágrimas de amantes..Que mais será? Loucura temperada, fel ingrato, doçura refinada."

Shivani citou o trecho e ficou em silêncio, apenas me observando, eu tambem a observei, ja devia ser o Fim do dia, ela parecia cansada, mas sua beleza ainda era inigualável.

-Eu amo uma mulher mais ela jurou não amar ninguém. -Citei também um trecho do livro.

-Aprenda a esquece-lá -Shivani prosseguiu o diálogo igualmente do livro.

-Oh me ensina como eu poderia esquecer de pensar!

Eu peguei o livro de sua mao, e saí da igreja sem olhar pra trás, acho que estava me envolvendo demais em tão pouco tempo.

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