Meus olhos estavam fixos naquele homem, eu estava petrificado, não conseguia ao menos perceber o que ou quem estava a minha volta.
Acordei apenas quando dois braços rodearam minha cintura, minha mãe.
— Filha...
Eu a abracei sem muito entusiasmo, enquanto ela molhava meu moletom com suas lágrimas.
— Precisamos conversar filha! — Meu pai falou com sua pose ignorante.
— Não temos o que conversar. — Respondi seca.
Larguei minha mãe e já ia saíndo da sala, mas a senhora Anastácia parecia uma porteira, ela tomava toda a porta.
— Com licença senhora Anastácia. — Tentei ser educada. — A Senhorita realmente precisa conversar com seus pais.
Ela saiu da sala e fechou a porta.
Passei a mão penteando meu cabelo, e soltei uma longa respiração.
Caminhei até o sofá e me sentei.— Recebi um telefone que você se envolveu com uma professora, o internato perdeu uma incrível profissional por sua causa Joalin, você tem noção?
Meu pai espumava, eu apenas revirei meus olhos e continuei calada.
— Filha, isso não é verdade não é? Essa mulher ela te obrigou? — Minha mãe se sentou do meu lado.
— Mãe eu tô apaixonada por essa mulher desde o primeiro dia que vi ela.
Minha mãe colocou a mão na boca, parecia não acreditar, ela revezava o olhar do meu pai para mim.
— Isso é inadmissível Joalin Loukamaa! — Meu pai se exaltou mais ainda. — Não criei filha para ser lésbica!
— Pai isso não é nenhuma novidade pra você, e o que inferno você veio fazer aqui? Queria ouvir da minha boca que eu sou completamente apaixonada por ela? Eu sou completamente apaixonada por ela, e absolutamente nada que o senhor falar vai mudar isso.
— Filha... — Minha mãe novamente. — Você precisa dar queixa dessa mulher, e falar que ela te obrigou. — Minha mãe falava enquanto segurava minha mão.
— Eu nunca vou fazer isso mãe. — Puxei minha mão do toque dela.
— VOCÊ VAI JOALIN! — Meu pai se levantou, caminhou até mim e colocou um dedo na frente meu rosto. — Esse escândalo vai ser péssimo para meus negócios sua criança mimada do inferno, você é uma desgraça na minha vida, so me dá desgosto.
Eu quis chorar, mas eu segurei.
— Pai o senhor realmente só se preocupa com seus negócios, nunca se preocupou comigo, se fosse do seu interesse me ver bem, amaria e apoiaria meu relacionamento com ela, esse internato aqui, ele não me mudou em nada, mas essa mulher pai, ela conseguiu recuperar a Joalin que eu era quando a vovó era viva, único tempo que eu realmente tive uma família. Nunca consegui acreditar que um ser tão repugnante como você tenha nascido dela.
Senti meu rosto queimar como um tapa forte.
— Como ousa falar isso do seu próprio pai sua desgraçada?
— Bate mais, eu preciso dessas marcas pra comprovar os maus tratos.
— Vai me denunciar Joalin? — Ele soltou uma risada alta. — Acha mesmo que consegue algo contra mim? Um dos empresários mais bem sucedidos da cidade, com os melhores advogados... E mesmo assim se você ganhar, o que vai fazer? Morar com sua professorinha mequetrefe?
Eu fiquei em silêncio, minha mãe chorava do meu lado, era sempre, apenas o que ela sabia fazer.
— Moro até em baixo da ponte.
Meu pai riu novamente.
— Eu sempre quis um menino, um macho, pra me dar orgulho e seguir meus passos, minha primeira decepção com você, foi ter nascido mulher.
Ele me olhou com nojo, porém mais nojo quem estava era eu.
— Eu odeio você pai!
Falei em alto e bom tom.
— Me odeia, mas vive as minhas custas.
— Eu não volto mais pra sua casa, por favor, só me esqueça, finge que eu nunca existi, eu juro que nunca mais apareço na sua frente, só deixe eu e minha namorada em paz.
Meu pai olhou para mim, e pareceu vacilar por um minuto.— Você é uma vergonha pra mim Joalin, sabe por que eu nunca vou te esquecer? Porque eu faço questão de ser a razão da sua queda, você nunca vai ser ninguém na sua vida.
Minha mãe começou a fazer carinho na minha mão novamente, ela apenas ouvia tudo, nunca ousou me defender do meu pai.
— Espere os advogados do meu avô, eles vão procurar você. — Falei o que veio na cabeça, eu nunca nem sequer tinha falado com meu avô sobre isso.
Me levantei do sofá e caminhei para longe deles.
— Como é? — Meu pai cerrou os olhos para mim.
— Isso mesmo, meu avô tá entrando com processo para tomar minha guarda.
Meu pai soltou uma longa risada alta assombrosa.
— Você tá blefando.
— A pai, mas eu não tô mesmo, não vai ser difícil ele conseguir na justiça, vocês nunca fizeram questão de mim mesmo, deviam assinar isso logo e me deixar com quem realmente gosta de mim.
— Seu avô está morto!
— Meu avô é a pessoa mais incrível desse mundo, gostou de mim antes mesmo de me conhecer. E pai? Eu que tenho vergonha e nojo de ter vocês dois para chamar de pai e mãe.
— Filha? — Minha mãe quis vir me abraçar, mas eu coloquei minha mão na frente dela.
— Não mãe! Chega! Você nunca me defendeu, sempre seguiu meu pai como um animal adestrado, eu sei que no fundo você gosta de mim, mas mesmo assim nunca assumiu isso, nem mesmo pra você, você tem medo de amar sua própria filha, tem medo do que seu marido vai achar, prefere um homem do que alguém que nasceu de você.
— Filha, isso não é verdade, eu te amo, só que...
— Só que nada mãe, sabe que eu tenho razão, quantas vezes vocês viajaram e passaram datas como natal, ano novo, até mesmo meu aniversário fora, nem sequer uma ligação sua eu recebia, para saber se eu estava ao menos viva. A senhora só sabe chorar, chorar não resolve nada inferno. Chorar quando ele me difama não faz de você alguém melhor mãe.
— Não fale assim como sua mãe sua garota irritante.
— Vai embora daqui pai, me deixe em paz, me colocaram aqui para me fazer sofrer, mas aqui em encontrei família e amigos, esqueça que eu existo, é melhor pra todo mundo, faça a mesma coisa que fez com meu avô pai.
Eu bati na porta, a senhora Anastácia abriu rapidamente.
—JOALIN VOLTE, NÃO TERMINAMOS!
Eu não olhei para trás, sai quase correndo daquele lugar tóxico.
Andei poucos corredores, encontrei Sofya e Sabina.
—Joalin você tá bem? — Perguntou Sabina.
Sofya já veio me abraçando.
— Ei a gente tá aqui, com você loirinha. — Sofya tentava me acalmar.
Eu solucei na camisa dela, nunca tinha me sentindo tão vulnerával.
Elas me levaram pro dormitório, em segundos apareceu Heyoon, Any e Sina. Contei pra elas tudo que tinha acontecido, depois ficamos no quarto, as meninas tentando me animar, e minha cabeça bombardeada de pensamentos e angústias.
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𝐈𝐧𝐭𝐞𝐫𝐧𝐚𝐭𝐨
Romance{CONCLUÍDA} ▪︎Joalin Ama festas, sua vida é resumida em baladas, cachaça, mulheres e ressaca. Ela só não contava que seus pais iriam por um fim nisso, e a colocar em um colégio interno para cursar seu último ano de ensino médio. [TODOS OS CRÉDITOS...