Cap 2- Finalmente Paris

30 4 1
                                    

Três dias desde que ela chegou. Havia passado horas no colo da mãe tomando chá ao lado dos pais e de Mestre Fu, que já parecia da família. Falaram sobre como era estar em tantos lugares e ter o nome em tantos holofotes, sobre como era amar tanto a profissão que seguiu ao ponto de se distanciar tanto da família, mesmo com as ligações, que nunca foram longas devido ao pouco tempo que tinham, os fusos horários que coincidiam. Marinette só notou o quanto precisava daquilo no momento em que estava ali, o quanto precisava da família e de carinho.

Foi ao ateliê apenas no dia seguinte da chegada da viagem. Dormiu no primeiro dia ali, no seu antigo quarto, na antiga cama, que ainda tinha deu cheiro, a varanda, igual a da sua casa, mas que mesmo assim trazia tantas lembranças. Essa sim era uma despedida, não como a de 4 anos atrás, quando saiu dali não com um adeus, mas um até logo. Agora era um adeus. Na manhã seguinte quando acredite se quiser, ela chorou pra sair dali. Saindo dali sentiu algo como missão cumprida, finalmente era uma adulta. Seus pais choraram, mesmo sendo vizinhos de apenas algumas quadras, ela sabia que faria falta e se lembrava das corridas na escada, fazer pão e croissants com o pai. Era um adeus.

Sorriu. E foi para a nova casa.

Chegando lá, notou que estava tão feliz, tão completa. Mas faltava algo.

-Acho que finalmente vou adotar um gato. É, eu vou adotar um gato.

Riu de si mesma falando sozinha. As paredes rosas pastel da casa e do ateliê traziam o diferencial, era como Marinette sonhou, o ateliê tinha flores de cada parte do mundo desenhados em preta nas paredes. A vitrine trazia os modelos parisienses feitos sob medida para quem os encomendasse. Sorriu passando a mão pelos rolos de tecido no canto da sala e subiu as escadas até o terceiro andar, onde seria sua casa. Nem acreditava que havia conseguido comprar algo tão grande e bonito tão cedo.

Estava completa. Faltava apenas o gato.

***

Naquela tarde iria ir até a casa do sr. Agreste para assinar o contrato de parceria. Receberia até mesmo uma comissão, um pouco extravagante, por atrelar seu nome a empresa Agreste e já tinha uma série de eventos para aparecer publicamente ao lado de Adrien, o garoto que ainda era uma incógnita.

-Mestre Fu... - Chamou o homem que dirigia ao seu lado em direção a mansão do Agreste. - O senhor sabe como o garoto é? Será que ele recebeu isso tudo bem?

-Marinette... Adrien sempre foi um doce, um verdadeiro cavalheiro. Mas mantenha-se de garras para fora, ele pode não estar feliz com as notícias sensacionalistas de que você é a substituta de Amélie.

A baixinha apenas suspirou com essa ideia. E saber que o relacionamento com o garoto não bastaria ao profissionalismo, já que o mesmo era além de tudo amigo de seus amigos. Seria um dia longo.

***

Adrien não queria sair do quarto. Nathalie já havia o chamado mais de seis vezes. Aquela era a sétima.

-Adrien, por favor!! Deve descer, ela está aqui... - Ela parecia implorar. - Sabe que as notícias não são verdade. Ela tem talento e seu pai precisa de alguém para ficar no lugar dele. E de qualquer forma ela nem sabe disso ainda, nem acabemos se ela aceitará.

-Tudo bem, Nathalie. - Abriu a porta dando de cara com o semblante preocupada da mulher de cabelos negros. - Tem razão, ela não deve receber minha preocupação, é apenas uma garotinha.

-Ela é apenas um ano mais nova que você.

-Continua sendo mais nova. - Ele riu.

Pensavam que ele havia dado uma chance e que ele aceitaria a garota finalmente, porém seus planos eram outro. Ele decidiria se gostava dela, e iria investigar cada vogal de seu nome e sua vida, afinal sabia que deveria aceitar ela, mas apenas se fosse boa o suficiente pra isso.

Quando chegou ao escritório do pai, lá estava a garota, de vestido branco e saltos pretos, cabelo preso em um coque, apertando a mão de seu pai, com um velho também oriental, porém de camisa havaiana, meio bronzeado, ao seu lado, sorrindo. Parecia conhecer ele de algum lugar, porém naquele momento seu foco era a garota que parecia sorrir.

-Senhor, Adrien está aqui. - Nathalie anunciou.

Seu pai sorriu. Sorriu? A garota pareceu se exasperar ao se virar para trás.

Os olhos azuis penetraram. Ela era linda. Porém, aquilo ainda estava só começando, ela não havia passado no seu teste. Adrien sorriu.

***

O garoto na porta sorriu. O garoto não, o homem. Ele era lindo. Tinha olhos verdes, que deviam ser da mulher pintada no quadro atrás de Gabriel Agreste, os cabelos loiros amarelados também deviam prover dela. Ele era alto, meio bronzeado, e tinha a postura que aprendera ser a ideal para um modelo. Por um instante chegou a pensar que a convivência com ele não seria impossível.

"Calma, Marinette, os olhos dele ainda estão te avaliando." A reação da baixinha foi fuzila-lo, como se o desafiasse a continuar sua inspeção. A tensão entre eles parecia produzir faíscas.

-Boa tarde, srta. Dupain-Cheng! - Ele estendeu a mão, porém quando a mesma estendeu a sua para um aperto ele se curvou e beijou-a. "Ele realmente é um cavalheiro." Mas isso não mudou a desconfiança em Marinette. Ela sabia que ele a estava testando.

-Olá, sr. Agreste. - Falou educadamente.

-Oh, não. Sr. Agreste é meu pai, me chame de Adrien. - Sorriu, agora parecia estar sendo sincero.

-Okay. - Ela riu. - Pode me chamar de Marinette, srta. Dupain-Cheng é formal demais.

-Sinto em interromper, mas temos que ir. Marinette tem um jantar hoje, e eu também. - Mestre Fu lembrou. - Vocês podem conversar mais na segunda.

-Segunda? - Adrien indagou olhando o pai.

-Para atrelar a imagem de vocês na mídia conversei com Marinette e você irá passar algumas tardes no ateliê dela, até mesmo para se conhecerem melhor. - O pai sorriu. - Algum problema?

-Nenhum. É algo irrecusável. - Adrien deu um sorriso travesso em direção a Marinette, que corou, mas devolveu a ele outro olhar incisivo e desafiador. Ela não seria uma garotinha indefesa.

-Bom, vamos indo, obrigada por tudo, sr. Agreste, Nathalie.

A azulada se despediu docemente. Ela precisava contar tudo para Alya naquela noite. Sua amiga tinha uma surpresa, mas ela precisava desabafar.

Pequena EstilistaOnde histórias criam vida. Descubra agora