Olhei o Dante e revirei os olhos em seguida, balançando a cabeça negativamente. O idiota estava tagarelando sobre a cronologia dos filmes da Disney faziam horas, incansavelmente e cada vez mais animado.
— Tarzan não é parente da Elsa! — repeti e estalei a língua, sorrindo em seguida.
— Nada vai me convencer do contrário.
Ri e cobri o rosto dele, o empurrando pela porta da farmácia, cortando o assunto de vez e começando a procurar pelas prateleiras por nada. Ele precisava repor as camisinhas. Mas independente da nossa intimidade, eu não me prestaria a receber o olhar do atendente julgando que seriam usadas comigo. Dispenso.
Desci o olhar pelos doces e me debrucei no pequeno frízer, lendo os sabores de sorvete e sentindo meu estômago revirar. Ainda lembro como fiquei depois do último com a Alex.
— Comprei, amor! Vamos.
Virei com a voz e o olhei, negando e me afastando dos sorvetes.
— Você foi do branco ao transparente. — Provocou e passou o braço envolta dos meus ombros. — Não achei que ligasse tanto, é tão... “não ligo”.
— Não é pelas camisinhas. Eles supõem que estou disponível... — o olhei e fiquei agradecida por ver que ele entendeu. — é nojento.
Já estava – infelizmente – acostumada com uma cantada aqui e ali, é ruim, mas se multiplica quando tem o triplo da sua idade. Conan e Dante são os que se preocupam mais, então dependendo do horário ou local que eu estiver indo, um dos dois consegue me acompanhar. Fora que também fazem revezamento com o Finneas. Não acho certo e reclamei muito no início, porém, notei que eu mesma me sinto melhor com um deles do lado.
O segui até a casa dele e avisei os outros quando chegamos.
Dante é relativamente bem de vida. A família da mãe vive bem e sempre ajudou, depois foi só aumentando aos poucos. O quarto das gêmeas era a minha casa inteira. Tinha que ser, um centímetro menos e elas se matariam.
Ele trabalha com o avô como estagiário ainda. Ganha um pouco como incentivo e trabalha só metade do dia no banco à duas quadras daqui. Às vezes passo por lá depois das aulas de música e o espero sair.
A família dele sempre foi de Los Angeles, a mãe que havia tentado seguir sozinha em Nova Orleans. No entanto, não saiu como o planejado e decidiu voltar. Dante era pequeno pra saber, mas ele acha que por causa do nascimento das gêmeas eles ficaram sem condições de se manter longe e sem ajuda. Foi quando a senhora McCall convenceu o marido a deixar a vida dele ali e voltar com ela para LA.
— Bibi!
Pisquei e virei com o grito, olhando a Mel vir correndo na minha direção.
Melissa é uma das gêmeas, literalmente a única pessoa no mundo que me chama de Bibi e eu que não vou corrigir.
Sorri e abaixei, abraçando ela.
— Roubou! – soou uma voz raivosa atrás dela. Mel 2.
Melinda, (linda para os íntimos) estava de braços cruzados e um bico enorme, batendo o pé para a irmã.
— Roubou o que, Linda? – Dante se meteu, se aproximando das duas e abaixando.
Levantei e observei ele resolvendo a discussão, sorrindo.
Por ser o mais velho, sempre ajudou os pais com as meninas. Melissa, Melinda, Ádia, Celeste e Hannah. Dante deu a sorte grande ser o único menino e às vezes um pouquinho capacho delas, ele gosta. Daria o mundo para elas se fosse possível.
As gêmeas estavam tendo aulas em casa ano passado porquê estavam atrasadas, não passaram no colégio que a senhora McCall queria. Então, contrataram professores particulares e estão reforçando para refazerem em duas semanas. Àdia ficava de babá vigiando até Dante chegar e trocarem o turno, quando o sistema falhava, era a tia Bibi aqui.
Ajudei ele até os pais chegarem. Precisava de um tempinho longe da minha própria vida. Entretanto, como a Cinderela, ao soar das oito badalas eu tinha que estar em casa para o jantar e dormir.
Levantei com o barulho e suspirei, me acalmando ao ver que era só o Pussy brincando.
Me virei na cama e olhei a parede, encarando o que tinha escrito.
Lex.
Me fez lembrar que não nos falamos. Mas ela já estava em casa, provavelmente não precisa mais dos meus sorvetes., o pai deve levar quando vai pra casa e ela deve estar recuperando o ano letivo que perdeu, os amigos, séries atrasadas... sim. Vida continua. Foi só um natal.
Abracei a almofada e escondi o rosto, respirando fundo.
Não foi só um natal. Eu vi ela melhorando aos pouquinhos e sei que a casa dela é o último lugar que ela queria estar agora. Quanto mais ela não me contou? Será que ela tomou os remédios certos? Ela devia ter ligado. Mas eu posso ligar... ela deve estar dormindo. Será que ela dormiu chorando? Não , ela teria ligado. Neguei com a cabeça. Ela pode ter pensado que me incomodaria. Assenti, confirmando meu próprio pensamento e virei, pegando o celular e ligando pra ela.
Esperei e quase desliguei, mas ela atendeu quase no último toque.
— Central de atendimento do Sex Shop, bom dia. – ela começou calma, imitando uma atendente telefônica. Ri baixo e sentei na cama.
— Tem uma caixinha com frases prontas para atender o celular? – sorri ao ouvir o riso dela do outro lado.
— Não tinha, mas é uma boa ideia, vou providenciar. – ela riu baixinho e eu pensei um pouco no que dizer, mas ela foi mais rápida. – Dormiu bem?
— Mais ou menos. Pussy me acordou. – assim que falei, escutei o riso dela. – Vou dar queixa do atendimento!
— Desculpa, mas foi muito conveniente o nome dele agora – riu e eu neguei, rindo junto. – Lanento, anjo..
Parei com o apelido e mordi meu dedo, sorrindo. Anjo é bom. Eu gosto.
— Eu acordo cedo, minha avó é do mato. – resmungou e escutei o barulho de algo caindo, seguido de um grito. – Que merda! Espera..
Esperei ela voltar, escutando alguns barulhos baixos até ela finalmente voltar.
— Desculpa, a cortina bateu e derrubou meu pote de água. Não vou secar isso agora. – dava pra sentir na voz dela, ficava mais fina quando ela se irritava.
— Pote de água?
— E alguns pincéis – confirmou e ouvi um suspiro. Certou, se acalmando. – Tava testando aquarela... meu pai trouxe uma paleta. – a voz dela ficou mais baixa e eu semabia porquê.
— Estão se falando..? – perguntei com cuidado
— Ele ta se esforçando depois do que aconteceu. Chamou a vovó e minha tia pra morar aqui não me deixar sozinha enquanto ele estiver no trabalho.
— Isso é bom, não é?
— Sim, sim. – confirmou e senti que era verdade, espero não ter errado. – É bom conversar com elas. Vovó ainda não aceitou totalmente.
— A tentativa? – ouvi a risada dela baixinha e fiquei confusa. – O que?
— Eu ser pan, Eilish.
Minha reação foi um simples “oh" e silêncio. Às vezes esqueço.
— Eilish? – chamou baixinho e continuei processando.
Ela já tinha me contado, pra que tanta surpresa? É normal. Na verdade, achei que ela fosse lésbica. Ou me enganei? Talvez ela fosse e descobriu que não. O que isso me importa?
— Billie, ta tudo bem? – despertei com a pergunta e assenti para eu mesma
— Tava pensando em outra coisa, desculpa. Mas está tudo bem?
— Está, ela lida bem melhor que meu pai. – ouvi o estalo e neguei – Por quê ligou? Saudade?
— Pensei que a minha falta podia causar abstinência, sabe... – sorri com a risada do outro lado – Fazia um tempo, achei que devia ligar.
— Sempre deve, anjo. – assenti e fiquei mais aliviada. – Quer vir aqui? Preciso daquilo.
Sorri.
— Com calda?
— E uma barra, vou colocar mais pedaços dentro!
— Quer me matar... – neguei
— Você vai comer uma saladinha de fruta. Irresponsável.
Arfei. Tomei bronca?
Me despedi dela, pegando o endereço e saindo. Por garantia caso não me contenha, levando os remédios no bolso. Era a primeira vez na casa dela, a vida dela... Como deve ser?-----
oi?
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Blue
FanfictionBillie e a família visitam o hospital na véspera de natal como voluntários. Enquanto o resto da família entregava os presentes, Billie achou um sozinho na sala de recriação; uma paciente, uma amiga. Observações: Billie vai ter 18 e não vai ser famos...