Capítulo 12

73 8 12
                                    

Kulap

Estou confuso. Não, eu estou tão perturbado. Não, melhor. Estou sem saber o que pensar. Ah! Eu não sei de mais nada. Me jogo na cama e tento me sufocar com o travesseiro.

Ele mentiu para mim? Em algum momento me deu esperança? Com certeza não, afinal, que culpa Cooper tem no cartório? O culpado sou eu por me permitir confundir as coisas, por pensar em algum momento que ele queria algo comigo. Ah! Eu viajei demais, a culpa é toda minha, agora só me resta superar a vergonha e a decepção que tenho de mim mesmo e seguir em frente. Mas assim da noite pro dia? Mas nem pensar, eu não quero ter que sair agora do dormitório e encarar qualquer estudante do campus, pois com certeza a essa hora todos já devem estar sabendo o que aconteceu, eu tão pouco quero dar de cara com o Cooper agora.

Olho para as flores largadas sobre a escrivaninha, me levanto e vou até elas, rosas vermelhas e tulipa vermelha, todas são tão bonitas, mas é da tulipa que mais gostei.

“Kulap!” Cooper me interrompe.

“Sim?”

“Já faz um tempo que eu venho pensando nisso, mas nunca soube como te dizer, então comprei pra você essa flor para expressar o que eu sinto.” Ele me entrega a flor, e eu não hesitei em pegá-la. “É uma tulipa, eu sei que ela não é grandes coisas como esse buquê, eu podia ter comprado um buquê de tulipas pra você, mas eu preferi comprar apenas uma flor pois o meu amor por você é único, dizem que a tulipa vermelha expressa o amor perfeito. Então Kulap, tudo que te peço é o seu coração.”

Suspiro olhando para a tulipa em minhas mãos.

“Eu preciso de um tempo.”

Faço uma rápida busca na internet e pesquisei como fazer com que a vida da tulipa dure por um bom tempo, eu não queria perdê-la tão cedo assim, e após encontrar a solução, vou a cozinha e pego um copo de vidro grande com água bem gelada, e então coloco a tulipa no copo, só assim ela vai durar por dez dias, é bastante tempo desde que eu troque a água gelada todos os dias. Volto a minha atenção para o buquê de rosas, elas são bonitas porém é tão comum hoje em dia, embora eu tenha ficado maravilhado em ganhar elas, não é lá grandes coisas nos dias de hoje pra se admirar tanto, peguei uma jarra desocupada e enchi de água e acrescentei um pouco de sal, por fim coloquei as rosas no jarro.
.
.
.
.
Já fazem cinco dias que não saio do dormitório, não é que eu esteja deprimente, de forma alguma, eu só havia optado por aulas online nesses dias, assim não perco nenhum conteúdo, mas chega uma hora que as coisas não podem mais continuar como estão.

Ohm tem vindo aqui muitas vezes falar comigo e saber como estou, e eu sempre tenho dito que estou bem, pois realmente estou bem, eu já superei aquele episódio vergonhoso, Mali e Prin também tem vindo aqui me ver e me convencer a sair do dormitório e voltar para as aulas presenciais, eu muitas vezes tenho falado que ainda preciso de um pouquinho mais de tempo. Uma vez cheguei a perguntar timidamente para eles como estava o Cooper, eles disseram que não tem visto ele, mas que tem ouvido dizer que ele está cabisbaixo desde aquele dia.

Já fazia algumas horas que eu havia trocado a água gelada da tulipa, ela continua bonita, embora sei que só lhe resta pouco dias para murchar. As rosas vermelhas haviam murchado muito mais rápido do que eu havia imaginado, o sal não ajudou muito em atrasar esse destino infeliz, então joguei as rosas murchas na lixeira. Aliás, nesses dias tenho conversado um pouco com o meu irmão e com a minha mãe, já o papai já deve saber que ainda estou chateado com a falta de confiança na minha pessoa, relatei isso para a mamãe que prometeu dar um puxão de orelha no papai, não nego que gostei dessa ideia.

Agora estou aqui, ainda no dormitório tentando terminar um trabalho da faculdade. Nas próximas semanas haverá provas e depois todos os estudantes do campus terão uns dias de folga, um alívio para eu respirar e descansar um pouco. O toque de chamada do meu celular capta a minha atenção. Olho na tela: é o Bright. Estranho, não nos falamos desde aquele dia, mas o que ele teria para falar comigo agora? Recuso a chamada, mas logo ele volta a ligar e eu torno a recusar, não quero trocar nenhuma palavra com ele agora, mas esse cara é tão persistente e irritante que torna a me ligar outra vez. Bufo de raiva.

Juntos Por Um TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora