"Por que eu tive que te perder pra descobrir que te amava?"
Após o trágico desaparecimento de sua melhor amiga, Mattew Bryce começa a escrever bilhetes para ela, como uma forma de liberar toda a dor da saudade e do mistério da situação.
No entanto...
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MATTEW
O rosto dela estava por todos os lados.
Permiti-me olhar para uma foto em específico, desviando dos milhares de corpos que se aglomeravam pela rua, e observei o folheto.
"ALISSA ROSS: DESAPARECIDA NO DIA 12 DE JULHO DE 2013"
Ela estava linda naquela foto. Foi tirada para o anuário, e o cabelo loiro de Alissa tinha saído ainda mais volumoso que o normal. O estranho, porém, é que a imagem não demonstrava nada dela; Ali sempre fora uma garota alegre, animada e cheia de energia. Mas naquela foto... bem, ela estava completamente séria, demonstrando todo o ar de mistério e melancolia da situação.
E o pior é que o país inteiro a via assim agora. Através daquela imagem. Imagem que não mostrava nada do que minha Alissa realmente era.
Engoli em seco, incomodado com a foto dela em todos os lugares, e retomei meu caminho. Era mais fácil encarar o asfalto, observar os passos de meus pés e evitar as pessoas. Já estava acostumado com os olhares, com todos cochichando ao meu redor.
Mas o pior era a ausência dela.
Alissa. Seu nome se tornara um eco em meu cérebro, repetindo-se e repetindo-se incansavelmente: onde você está? Onde você está?
Não saber a resposta estava me matando.
Desviei de um casal, enfiando as mãos no bolso da calça, e aumentei o passo. Mais cartazes passavam por minha visão, mesmo que eu tentasse ignorá-los com toda a força possível. Não podia ficar vendo-a o tempo todo. Era loucura. Muita loucura.
Me impressionava por ainda não estar alienado.
Levantei o olhar quando cruzei com o enorme outdoor que marcava a entrada do centro. Carros corriam ao meu redor conforme eu rumava pela calçada, prédios altos e de luxo brilhando sob a luz do sol. Aqui costumava ser o meu lugar favorito da cidade. O mais povoado, o mais cheio de vida.
Mas agora parecia... cinza. Sem-graça.
É engraçado como a falta de alguém pode mudar tanto a nossa vida.
Acho que eu nunca percebi o quão importante Alissa era para mim até agora. Éramos melhores amigos, é claro, sempre estávamos juntos, mas o aperto que eu sentia no peito parecia ser ainda além do normal.
Eu só queria ela de volta. Só queria que as pessoas parassem de me encarar, que sua foto parasse de aparecer pela cidade e que as pessoas não cochichassem mais seu nome por aí; como se fosse uma lenda antiga e assustadora. Só queria que tudo voltasse a ser como antes.
Porém, como eu já estava começando a perceber, esse era um desejo impossível.
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