Capítulo 3: Ao Cume

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     Quanto tempo já se passou? Minutos? Horas? Já não sei. Estive aqui, ajoelhado e encarando esse túmulo a muito tempo. A ficha ainda não caiu e essa dor não alivia por nem mesmo um segundo.

     Não entendo pai, quem iria fazer isso? Como o senhor morreu? Por que o sujeito iria te enterrar? Não entendo, meu cérebro não parece mais conseguir entender nada. 

     Levo as mãos a cabeça, me mantendo com os olhos mórbidos e levemente boquiaberto. O que eu vou fazer agora? Onde estão meus irmãos e minha mãe? Ergui a cabeça aos poucos e baixei as mãos, olho para dentro de casa, parece completamente abandonada e abatida, as janelas estão quebradas e as cortinas escapam para fora, balançando ao vento, que está muito forte.

     Perdão pai, o senhor realmente morreu sozinho, que tipo de filho eu sou por não estar aqui por ele, ter conseguido ajudá-lo, eu devia estar aqui quando ele mais precisou. Meus olhos se enchem de lágrimas, levo uma das mãos até ele e tento enxuga-las, impedindo que caiam. 

      Preciso saber o que aconteceu, quem fez isso com você, as coisas não podem ficar assim, ao menos preciso entender o motivo disso. Encaro novamente a casa, lá é onde eu posso encontrar respostas, seja lá quem fez isso, eu vou descobrir quem foi. Me levanto apoiando o corpo nos joelhos, é realmente difícil seguir em frente, mas conviver sem saber o que aconteceu é ainda pior. 

      Sinto um peso nas minhas costas, meu corpo treme e é pendido pra baixo impeço a queda, franzo o rosto e olho ao redor, esfrego as mãos e me encolho um pouco, o ar que sai da minha boca e nariz agora estão visivelmente esbranquiçados. O que está acontecendo?

     Uma forte brisa vem de trás de mim, e quando viro em direção a ela, alguns metros a cima de mim, no céu, um grande vulto passa na direção oposta a que estou olhando, em extrema velocidade seguido de um alto estrondo provindo do impacto do vulto com minha casa, não demora até que uma corrente forte de ar, formada por seja lá o que isso era, acaba fazendo com que eu seja arremessado para trás e quebre a cruz de madeira do túmulo com o impacto. Após atravessar a lápide, me choco de costas com as escadas em frente a minha casa, por sorte me encolhi o máximo que consegui, fazendo com que minha cabeça não fosse atingida com muita força, evitando um possível desmaio. Não consigo respirar, estou vendo tudo embaçado e lento.

      Quase inconsciente, me recomponho como posso, e assim levanto, com muita dor nas costas e certa dificuldade pra respirar. Cerro os dentes enquanto levo a mão direita às costas e fecho os olhos.

          —O que acabou de acontecer?!— Questiono em um tom quase inaudível, seguido de uma breve tosse com sangue.— Acabou de passar um tornado ou algo do tipo e eu não me dei conta?

          Me afasto um pouco da casa, o suficiente pra enxergar o telhado, na esperança de conseguir ver o que era o vulto, vejo uma enorme abertura no teto. Não me restam dúvidas, algo caiu na minha casa.

          Giro o tronco para a direita com dificuldade, e encaro o túmulo que agora teve sua cruz quebrada. Assumo minha postura normal e firmo os punhos, ódio invade meu corpo, franzi o rosto e me voltei para casa, andando até a porta da frente.

       Minhas mãos não param de tremer, meu ódio se estabiliza com a chegada até a entrada, mas continuo com uma expressão fechada e irritada. A porta não parece trancada, na verdade nem mesmo fechada, apenas escorada. Me aproximo e a abro aos poucos, fitando tudo que minha visão alcança. Está um pouco escuro, todas as luzes estão apagadas porém algumas partes do telhado, além da cratera, foram rompidas, o que possibilita alguns feixes de luz passarem, mas não o suficiente parailuminar o local completamente, exceto o segundo andar, onde a luz é mais forte já que a cratera fica lá. 

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⏰ Última atualização: Jan 14, 2021 ⏰

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