A queda...

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Aquela voz imponente me dá arrepios.
- O que faz por aqui, criança? – perguntou um homem meio acabado  (ele parece segurar uma katana e mais algumas facas, ele tem um lenço vermelho em volta de seu pescoço e um pano que envolve seu rosto, além de parecer preparado para uma batalha).
Eu limpo meu rosto e me preparo com medo, esperando que ele acabasse agindo contra mim de alguma forma.
- Estou apenas andando – percebo que eu não fazia a menor ideia de onde estava.
- Ahhhh, vamos lá garoto, ninguém vem parar aqui andando por aí, o que estava fazendo?
- Estou apenas tentando fugir da minha realidade – decidi ser sincero, posso ganhar pontos com ele por isso e tentar fugir.
- Mas isso não parece ser tudo. Vamos fazer assim eu vou me apresentar e logo em seguida você faz o mesmo, assim pode ficar mais relaxado, sem essa cara de quem está encarando a morte: - Eu me chamo Stain – disse fazendo uma reverencia.
- Sua vez garoto.
- Eu me chamo Midorya – digo ainda com medo.
- Ok, é um belo sobrenome, agora me diga o que o fez vir tão longe?
- Meus sonhos acabam de ser destruídos por quem eu me inspirava, pude ver que não havia maldade em suas palavras, mas ainda não queria acreditar nelas – acabo falando boa parte, estava tudo entalado em minha garganta e pode ser muito bom me livrar delas com um estranho, assim não envolvo mais ninguém em meus problemas.
- E qual era esse grande sonho garoto? – disse parecendo realmente curioso.
- Eu queria ser um herói capaz de salvar a todos com um sorriso.
- É um belo sonho meu jovem, comprova que sua presença aqui não é algo bom. Vá, é melhor sair daqui.
- Antes se não se importar, pode responder uma pergunta? – digo esperando algo positivo.
- Diga.
- O que você tá fazendo? – pergunto apontando pra facas dele.
- Estou tentando criar uma sociedade melhor. – disse cabisbaixo
- Como?
- Olha meu garoto o mundo está cheio de falsos heróis e eu quero limpar isso.
- Como posso te ajudar nisso?
- Garoto, eu não sou um herói, sou um vilão, eu mato pessoas pelo meu objetivo.
Isso realmente me assusta como ele consegue dizer tão abertamente isso, ele mata pessoas e não tem medo de dizer isso, não sente remorso, parece não sentir pena.
- Por que você mata pessoas se quer mudar a sociedade? – pergunto mais assustado que no começo da conversa.
- Mato porque eles não mudaram com palavras, não estamos em histórias infantis, eles pensam apenas no próprio ego e não nas pessoas, encher seus bolsos no fim do mês e fazer pose, é tudo com que se importam.
- Ainda não concordo com sua forma de agir, matar não é uma opção.
Então eu saio correndo dali tentando localizar onde estava.
- (Sinto que esse garoto ainda vai perceber a verdade, me simpatizei com ele, se ele precisar posso acolher ele).
Depois de um tempo andando chego em casa abalado com o que eu acabei de vivenciar, uma pessoa realmente acha que a forma certa de ajeitar as coisas é matando outra pessoa. “Limpar” a sociedade aquele homem é realmente perigoso, preciso avisar alguém. Eu pego um telefone e ligo para a policia aviso sobre o homem, apesar de me ouvir não parece preocupado com meu relato.
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Chegou o fim de semana, se passaram alguns dias e eu não tenho dormido bem depois do que aconteceu, fui atacado por um monstro de lodo. All Might acabou com minhas esperanças e no mesmo dia vi um homem medonho tão confiante de suas habilidades que sequer hesitou em me falar sobre matar pessoas.
Hoje, minha mãe parece precisar sair para uma cidade vizinha a trabalho, espero que ela fique bem, ela pretende voltar hoje mesmo não quer me deixar sozinha por muito tempo.
- Izuku, a mãe está saindo! – disse ela falando alto o suficiente para eu escutar do meu quarto.
- Espera mãe – grito de volta.
Eu coloco uma camiseta na pressa e desço as escadas para falar com ela na porta. Dou nela um forte abraço e ela retribui, em seguida ela beija minha testa e se despede definitivamente, ela sai em um taxi e a vejo ir embora, por algum motivo sinto um aperto no peito - ela tem costume de fazer isso então acho estranha essa sensação.
Como minha cabeça ainda borbulhava com os acontecimentos recentes, eu decido sair de casa, visto uma calça moletom preta e uma blusa comum sem estampa branca. Assim saio de casa em direção ao shopping da cidade para acalmar meus pensamentos e ficar mais tranquilo.
Chegando lá eu dou uma volta e vejo um boneco do All Migth em uma vitrine eu paro de repente e a pessoa atrás de mim esbara em mim derrubando um livro, eu me abaixo para pegar o livro e quando levanto a cabeça novamente tenho uma visão surpreendente.
- Me desculpe – ela olha nos meus olhos e me reconhece de alguma forma.
- Uraraka, me desculpa e a quanto tempo – eu digo dando um sorriso.
- Você ainda se lembra de mim, deku.
- Claro que lembro aquele dia foi marcante pra mim – digo alegremente.
- Vejo que você mudou um pouco, tá mais forte – disse ela olhando pra mim.
- É tenho feito exercícios desde aquele dia, você me inspirou bastante. Ah, me passa algum contato seu depois daquilo nunca mais conseguimos nos falar de novo.
- Claro – ela me passa seu número de contato. – Você tá sozinho?
- Estou sim – respondo automaticamente.
- Então o que você acha de ficarmos juntos.
No mesmo momento eu travo, uma garota está me chamando pra passar um tempo com ela, estou em um sonho. Desde a última vez que a vi ela cresceu um pouco e conseguiu se tornar mais bonita, então ela falar algo assim pra alguém como eu é realmente de se impressionar.
- Deku? – fala olhando nos meus olhos distraídos.
- S-sim, com prazer.
Ela sorri pra mim e me guia puxando meu braço. Nós ficamos um bom tempo juntos e ela me leva pra ver diferentes lojas enquanto conversamos sobre tudo, não nos conhecíamos além daquele dia e apenas tem uma lembrança um do outro, apesar disso ela lembrou bem de mim.
- Deku, o que quer fazer no futuro? – ela me perguntou enquanto me via perdido olhando para um pôster do All Might.
- Ah eu tinha o sonho de toda criança comum queria me tornar um herói, mas não posso seguir esse caminho.
- Por quê? – ela perguntou parecendo muito intrigada.
- Eu não tenho individualidade.
- E você precisa de uma? Eu entendo que é complicado, mas não acho é a única forma de se tornar um herói.
- Eu entendo onde pretende chegar, mas não há uma forma de eu realmente lutar tão bem contra pessoas com habilidades especiais sem ter uma também.
- Não sei, você teria que tentar pra saber.
Eu dou um sorriso largo para ela, sei que é quase impossível algo como suas falas se concretizarem, mas elas me confortam e me dão uma pequena chama de esperança. Depois disso, decidimos ir a uma cafeteria ali mesmo, ela queria comer algum doce e eu guio ela até o único lugar conhecido por mim que vende doces naquele shopping.
Ao chegar, sentamos em uma mesa ao fundo e ela pediu um grande milk-shake de chocolate por minha recomendação, eu peço o mesmo, gosto de doces com chocolate são meus favoritos. Bebemos tudo enquanto conversávamos, quando paramos um pouco eu reparo em uma televisão noticiando um acontecimento em Chiba eu começo a prestar atenção, pois é onde minha mãe está, a Uraraka olha pra mim preocupada.
- O que foi, Deku?
- Minha mãe ela tá na cidade que aquilo tá acontecendo.
Na tv conseguimos ver o Endeavor, número 2 atual no rank de heróis, ele está brigando com um cara muito musculoso, mas por incrível que possa parecer, é o herói quem quebra tudo ao redor. Aquilo me preocupa, apesar de saber da minha mãe que ela estaria em Chiba sei apenas isso, não sei seu local exato ela pode estar ali mesmo.
Eu pego meu celular e começo a digitar seu número na esperança de ouvir sua voz perguntando calma: “o que foi?”. O número chama, chama, mas ela não atende, eu começo a entrar em desespero, até ela finalmente atender, mas sua voz não está calma como eu esperava, pelo contrario estava desesperada.
- Filho, eu tô bem, viu? Não preocupa com a mãe.
Quando ela para de falar ouço uma explosão tanto pelo celular quanto pela tv, quando olho novamente pra ela vejo pessoas caindo de um prédio e Endeavor parecendo liberar totalmente suas chamas.
- MÃE, VOCÊ TÁ ME ESCUTANDO?? MÃE?
Então eu vejo cabelos esverdeados como os meus, mas mais escuros caindo do prédio. Então eu esqueço que estava com Uraraka e choro, deito minha cabeça na mesa e simplesmente choro.
- Deku, o que aconteceu? Por que está chorando?
- Minha mãe. Acabei de vê-la caindo no tv. – digo com muita dificuldade, pois meu choro me atrapalha – Uraraka, me desculpe por interromper nossa saída, mas tenho que tentar ir ver ela.
- Tudo bem Midorya, você precisa ir lá, vá rápido!
Eu saio a deixando sozinho. Vou correndo até a estação mais próxima pra tentar pegar um trem-bala para Chiba. Gasto uma boa grana mais chego lá, fui ao maior hospital da cidade e procuro pelo seu nome, consigo apenas algo, ela está viva nesse mesmo hospital, mas não posso vela pelo seu estado grave. Eu sento ali na sala de espera, acabo cochilando, já era muito tarde e eu estava muito cansado. Um médico vem me acordar e dizer que posso, mas o motivo disso me desespera ainda mais, ela está inconsciente e eles acreditam que ela não vai aguentar muito. Levanto-me e vou vê-la, quando entro na sala sento ao seu lado agarro sua mão e começo a chorar novamente, sua mão mexe vindo em direção ao meu rosto, quando olho ela está me olhando e parece se esforçar muito para isso, ela abre a boca com dificuldade.
- Me... desculpe...
Essas são suas últimas palavras para mim. Escuto o som de seu aparelho cardíaco indicando a parada do coração
- Você não tem que se desculpar por nada, mãe. – digo em prantos.
Ouço uma pessoa falando, me viro para ver quem era, uma tv meio velha passando um canal de noticias.
- Estamos aqui para agradecer este homem pelos seus atos heroicos de hoje, Endeavor o número dois!
Aplausos saem da tv e eu vejo flashes de câmeras na direção dele, como assim estão agradecendo este homem? Ele fez com que mais de 20 pessoas caíssem de um prédio. Entre essas pessoas 5 morreram na hora e minha mãe acaba de falecer pelo mesmo motivo. Nesse momento entram vários médicos e enfermeiros na sala, eles falam para eu sair, faço isso, quando retornam apenas afirmam o fim da vida de minha mãe. Eles me dizem que terei q esperar um pouco para enterrar, eles enviaram o corpo para nossa cidade e decidirei o que fazer.
Aquilo é um pouco demais pra minha cabeça, no caminho pra casa uma raiva me consome um ódio imenso pelo Endeavor, quero fazê-lo pagar. A ideia que vem a minha mente para isso é encontrar Stain e pedir a ele um treinamento, ele parece experiente e agora minha vontade coincide com a dele, preciso me tornar mais forte para derrotar o número 2.
Então, quando chego na cidade, saio correndo para aquele beco novamente e grito por seu nome, alguém aparece mais não é quem eu esperava, eram alguns delinquentes comuns e queriam minhas coisas. Eu me preparo pra uma luta e eles vem pra cima o primeiro passa direto por mim tentando me acertar uma faca e eu dou um golpe em seu pescoço acertando em um ponto especifico, fazendo-o desmaiar. Aquilo me empolga um pouco e espero os outros virem. Um deles tem um poder de gelo e ele usa aquilo para congelar minha perna, o seu parceiro se prepara para me acertar em cheio com um chifre que há em sua cabeça e nesse momento surge Stain por trás dele acertando sua espada em seu pescoço o decapitando fazendo seu parceiro entrar em desespero e sair correndo.
- Eu te falei que aqui não é seu lugar – disse ele me apontando sua espada.
Eu sentia uma enorme vontade de vomitar todo o milk-shake que havia tomado mais cedo, aquela cena da cabeça caindo me aterrorizou, entretanto não podia fazer isso, precisava da aprovação do Stain para ficar ao seu lado.
- Deixe-me te ajudar a limpar essa sociedade!

Um Recomeço Para Um Jovem Sem Esperança - Deku VillanOnde histórias criam vida. Descubra agora