~Stain~
Recentemente, me envolvi em algo que eu realmente não esperava acontecer nunca na minha vida: comecei a treinar alguém. Pior: comecei a treinar um garoto de 14 anos! Eu me simpatizei com ele. O que posso fazer? Ele é cativante, direto, ele é uma joia rara hoje em dia. Não me arrependo da minha decisão, apenas não acho que seria seu melhor caminho, mas ele está com raiva e a melhor forma de canaliza-la é indo atrás de quem a causou.
Esses meus sentimentos podem causar minha morte, mas não tenho medo disso. Agora temo pelo garoto mais do que por mim. Ele está aos poucos se tornando mais forte e tem me orgulhado. Fez coisas em uma semana que demorei meses para pegar, é definitivamente um prodígio.
Hoje, o jovem vai sair. Espero ver seu alivio quando voltar, apesar disso planejo segui-lo. Tenho medo que ele diga algo de mim para alguém, ainda mais por ser com uma garota a quem ele se refere tão apaixonado, não sei se está sentindo algo, mas as aparências não enganam.
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Ele já se encontrou com a garota e está dentro do cinema agora. Não quero invadir mais sua privacidade do que já fiz, então vou esperar aqui fora. Enquanto espero, vejo alguém estranho se esgueirando pelo shopping. Decidi persegui-lo para ter certeza de suas intenções. Eu vejo ele próximo ao estacionamento, está se aproximando de um dos pilares. Segurando esse andar não parece só para dar uma olhada. Ele arma algo similar a uma bomba e aquilo me preocupa, o espero sair e vou tentar desarmar, entretanto eu não faço ideia de como fazer isso.
Quando estou distraído, tentando pensar em como agir, o cara de mais cedo - que estava vestindo com sobretudo tampando todo seu corpo - me ataca, mas eu ouço seus passos e consigo desviar. Ao fazer isso, puxo uma das minhas facas e tento desferir um golpe, mas ele é rápido e desvia. Nesse momento percebo que pode ser necessária a utilização da minha individualidade e tento fazer uma análise rápida da situação. Midoriya está lá em cima, uma bomba foi armada e está atualmente atrás de mim, além disso, tem um cara que eu não faço ideia de como luta na minha frente e eu preciso agir rápido para imobilizá-lo.
Avanço em sua direção tentando acertá-lo e, prevendo sua reação no momento em que o ataco, mudo a direção do meu golpe, antes indo horizontalmente da direita para a esquerda e agora indo verticalmente de cima para baixo, apesar disso não foi o suficiente para mata-lo, mas consegui corta-lo ligeiramente.
- O que você tá fazendo aqui? – digo lambendo a faca onde estava o sangue.
Faço isso, pois minha habilidade é de parar meu adversário. Quando bebo o sangue de alguém, seu corpo para. O efeito depende do tipo sanguíneo, mas não posso identificar os tipos a não ser testando e esperando o tempo passar.
- Quem é você? Por que está se metendo nos meus planos?
- Não sou ninguém que você mereça saber.
Quando digo isso corto, sua cabeça fora. Mas, então, eu percebo, ainda não havia parado a bomba, ela possui um timer e seu tempo está passando, há alguns fios, entretanto, ainda não sei como agir. O tempo é curto a única possibilidade que vejo é tentar tirar Midoriya e sua paixão daqui. Meu traje não é adequado, mas é tudo que posso fazer. Corro na direção do cinema, entretanto meu tempo está perdido, quando estou chegando escuto a explosão e o vejo sair com a garota.
~Midoriya~
Os escombros em cima de nós estão caindo, há muitas pessoas em volta, preciso achar uma forma rápida de agir. Então, eu entendo os únicos em perigo de morte somos eu, Uraraka e duas garotas próximas. As garotas estão mais ao centro da direção, enquanto nós estamos na beirada, nesse momento em uma reação rápida eu empurro Uraraka para fora do alcance e pulo na direção das garotas as empurrando pra fora. Então, eles atingem o chão - por sorte, realmente evitei com que todas fossem atingidas - acredito eu, mas no momento os escombros também abrem um buraco no solo que me engole (na queda, vejo Uraraka gritar meu nome e então eu apago).
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Acordo desesperado, mas sinto dores no corpo todo, reparo na Uraraka deitada ao meu lado dormindo. Está no fim da tarde e estou em um quarto de hospital. Ela começa a acordar.
- Midoriya – disse parecendo aliviada – seu idiota, você não pode fazer esse tipo de coisa.
Eu ri da sua reação.
- Para de rir! Eu estou falando sério – ela fala enquanto me dá socos leves.
- Desculpe, desculpe – falo não conseguindo conter meu riso. – O que aconteceu depois da minha queda? As garotas estão bem?
- Sim estão, graças a você! Como conseguiu agir tão rápido?
- Aquilo não foi nada demais.
- Claro que foi! Eu não tive tempo nem de pensar e você já estava me jogando para o lado, aquilo foi muito rápido.
- Realmente não foi nada.
Meus treinos com Stain tem feito efeito, é bom saber disso.
Naquele momento, entra um médico interrompendo meus pensamentos.
- Jovem, bom vê-lo acordado! Essa moça tem te acompanhado desde o acontecimento, por sua sorte não ocorreu nada grave com você, apenas o impacto da queda o deixou inconsciente durante algumas horas. Sabemos da sua situação meu caro e por isso não tem como mantê-lo aqui por muito mais tempo. Vamos examiná-lo e ver se consegue ir para casa, se for positivo vai precisar repousar pelo menos um dia.
- Ok, eu entendo.
- Pois bem, vamos começar.
Ele me examina - enquanto faz isso é perceptível que os testes não estão sendo positivos, pelo menos não como ele gostaria. Mesmo assim, ele me dá alta e me diz para repousar. Na saída, já era noite e eu agradeço Uraraka e me despeço, falo para ela que durante um tempo apenas nos falaremos por celular e um dia vou vê-la novamente, até lá espero que ela fique bem.
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Fiquei ontem o dia todo na cama, me recuperei bem mais rápido do que imaginava, ainda bem, pois hoje é segunda e meu penúltimo dia aqui, vou enterrar minha mãe está tarde e tenho aula está manhã. Me arrumo e parto para o que seria meu último dia na escola.
A maioria das aulas já se passou, agora estamos enfrentando a última do dia, fiquei quieto e só falava algo quando era incomodado, como sempre a origem desse incomodo era Kacchan.
- E aí Deku? Tá fazendo suas coisas de nerd?
Fico calado esperando ele ir embora, ele se irrita por suas palavras não me afetarem e avança em minha direção apoiando sua mão em meu ombro.
- Deku fique sabendo da morte de sua mãe, deve ter morrido de desgosto por ter um filho tão inútil.
Nesse momento, eu me exalto e pego Kacchan pelo braço, enquanto me levanto, agarrando sua gola junto e aproximando bem meus olhos dos seus.
- Não fala da minha mãe, seu imbecil. – digo, em um tom frio e com olhos fixos.
Sinto Kacchan tremer um pouco, então o sinal indicando o fim da aula toca, volto a mim solto ele e começo a ir embora. Nesse momento, ele se enche de fúria e avança para cima de mim gritando.
- VOCÊ É SÓ UM SEM INDIVIDUALIDADE!!
Eu desvio facilmente de seu golpe mal calculado.
- Sou sem poder, mas sou mil vezes melhor que você. – falo enquanto saio da sala.
Ele aparentemente ainda não desistiu e de novo tenta me atacar agora usando sua individualidade, entretanto, ele não é mais páreo para mim. Eu desvio com facilidade e agora o pego pelo pescoço e imobilizo seu braço, quando faço isso dou uma boa cabeçada nele, mas acho que exagerei na força, pois na mesma hora ele apaga. Levanto-me e saio como se nada tivesse ocorrido, lembro das palavras ditas por Uraraka com carinho “você ainda pode fazer isso sem individualidade”, talvez seja verdade.
Ainda pensando naquelas palavras, me recordo que se referiam a ser um herói, mas não posso seguir esse caminho se quiser acabar com o canalha do Endeavor. Além disso, preciso fazer pesquisas sobre quem ele é e seu passado, vou tortura-lo profundamente se possível, mas uma pessoa como ele não deve ter um coração para isso.
Pouco tempo depois de chegar, a funerária aparece, me visto e vou com Stain enterrar aquela que cuidou de mim durante todos os meus 14 anos. O enterro foi muito, muito simples, ela merecia mais em sua homenagem, saímos e Stain me dá um tempo sozinho em casa para refletir.
Assim, aproveito para arrumar somente o básico para viajar. Recentemente, comprei uma roupa totalmente preta junto com um sobretudo e uma máscara da cor branca para cobrir meu rosto - esse será meu traje quando começarmos a sair em missões. Ainda não sei se estou pronto para ver um corpo morto no chão - ainda mais um morto pelas minhas próprias mãos. Partimos amanhã cedo para onde for.
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Já faz dois meses da minha saída da antiga cidade, estamos agora em Kioto, ultimamente Stain tem me treinado a usar facas, adagas e espadas, tenho melhorado em todas, mas a que me tornei melhor foi na luta com adagas, realmente são compatíveis comigo. Agora, estou me tornando mais forte, não tem sido pouca coisa, estou conseguindo ficar quase de igual para igual com aquele louco por lutas. Ele me contou o porquê do desabamento no shopping, disse que queria ter certeza de como eu estaria e acabou me seguindo até o cinema, falou do cara estranho o qual matou e da bomba, aquilo me surpreendeu quando ele quando ele contou, não pelo que aconteceu, mas por ele ter me seguido preocupado.
Acabamos de terminar o treinamento de hoje, ele recebeu um pedido de alguém e nós estamos indo. Essa é a primeira vez que vou junto. Ele disse ser necessário começar meu treinamento psicológico, por isso estou indo. Concordo com ele, não sei como reagiria vendo o corpo e o resultado provavelmente não seria bom. Mas me preparar para isso e tentar me tornar mais frio com relação a isso é importante já que seguirei esse caminho.
O herói da nossa caça é um cara com um poder um tanto quanto ruim é a habilidade de super mira, ele usa um arco para acertar seus alvos, mas parece ser extremamente inútil, não gosto dessa palavra, mas sinceramente não vejo como não chamá-lo assim. Ele possui essa quirk e mesmo assim acertou uma pessoa inocente e a matou, a mãe dessa pessoa é quem fez o pedido.
Quando o encontramos ele está patrulhando uma área sozinho, fazendo um barulho em um canto estreito. Stain chama sua atenção e quando ele se aproxima entrando no canto. Stain corta seu peito sem pensar duas vezes, ele faz um corte preciso onde parece ser seu coração. Aquilo foi sanguinário, mas dessa vez apenas senti remorso pela cena, diferente da última vez que havia segurado minha vontade de vomitar.
Certamente, sinto um alivio por não sentir mais aquele enjoo, significa meu aumento de preparo psicológico para matar. Em algum tempo, acho que já estarei pronto para fazer meu primeiro trabalho.
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Hoje, será minha vez finalmente. Tenho visto os trabalhos do Stain nos últimos sete meses, além disso descobri que ele mata quem considera indigno e isso não se restringe apenas a heróis: ele mata vilões que ultrapassam um certo limite - ou será apenas pelo pagamento envolvido? - não posso dizer com certeza, mas certamente quero acreditar na primeira opção, por isso não questiono, tenho certo medo da resposta.
Stain me mandou agir sozinho ele estará comigo para avaliar como vou agir, mas o trabalho é meu e ele só irá interferir se não o completar ou correr algum risco. Meu alvo é um estuprador, isso facilita muito meu trabalho, não tenho motivos para ficar relutante em passar ele dessa para melhor, o mandante é uma mulher que sofreu abuso dele eu fui pessoalmente buscar o pedido, pude ver o ódio, a raiva em seus olhos, além de ver o desgosto que ela parecia ter por si mesma. Nunca vi aquela mulher, mas apenas aquilo foi o suficiente para me encher de raiva.
Eu agi como uma garotinha em uma rede social e me aproximei dele o chamando para um lugar deserto e aqui está o sujeito imundo e sem escrúpulos, ele apareceu sem nem pensar duas vezes, não tem o mínimo de cuidado depois do que cometeu, eu espero o momento que ele fica calmo e apareço completamente coberto.
- Olá! – no mesmo momento que digo isso eu avanço não dando a ele tempo para pensar.
Então, sem hesitar nem um pouco corto seu pescoço com minhas adagas, vejo o sangue jorrando e sua expressão de desespero.
- Adeus. – digo acenando para ele.
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Um Recomeço Para Um Jovem Sem Esperança - Deku Villan
FanfictionDepois de ter seu sonho destruído Deku quer seguir um novo caminho.