A Décima Terceira Esposa

Shamir e Namir

Não me lembro a que horas acordei no dia seguinte, mas recordo-me das criadas me deixarem o almoço, que só comi quando já muito havia passado a hora apropriada. Nos primeiros dias de minha vida de casado, eu não saí de meu quarto, tampouco fui visitado por meu marido. Eu me sentia de luto, apesar de saber que a única que morrera fora a minha felicidade e nada mais. Mas minha clausura proposital não durou muito.

Meu marido apareceu para praticamente arrancar-me de minha tristeza. Eu dormira, como tantas outras vezes, de tanto chorar, mas dessa vez não fora a fome a me despertar, mas alguém, dando-me um leve beijo em meus lábios. Aquela sensação morna, eu a reconheci, era Lord Drargul. Quando abri os olhos, eu me deparei com um rosto.

Uma moça sorria para mim. Pisquei com firmeza e vi que Lord Drargul caminhava pelo quarto, usando sua máscara de ferro, usando vestes azuis escuras muito parecidas com as que ele usara no casamento, porém sem desenhos feitos a ouro. Eram lisas, com o diferencial de sua cintura estar circundada por uma faixa vermelha que a marcava bem e a ponta caía na lateral de seu corpo.

-Bom dia, alteza. - sussurrou a moça de cabelos castanhos arrumados em dois coques que me sorriu e eu a vi vestida como uma típica pessoa de minha terra, com um kimono sem mangas, devidamente ajustado ao seu corpo. - Lord Drargul deseja conversar com vossa alteza.

-Alteza? - perguntei atordoado, sem saber exatamente o que me estava passando.

Com um sinal, a moça saiu e Lord Drargul se aproximou de mim. Engoli em seco e me posicionei numa curvatura apropriada para pedir desculpas. Ele levantou meu rosto e fez uma carícia de modo gentil em minha bochecha.

-Tu és um príncipe agora, pois sou Imperador destas terras, então acostuma-te com o adequado tratamento. - assenti. Eu me casei com um Imperador, no fim das contas. Eu devia estar feliz, mas não vejo motivos para isso. - Choraste pela falta de teus pais? - arregalei meus olhos e o fitei. Ouvi sua risada metalizada. - Assim fora. Não chores mais, meu Nen, não há razões para isso. Prometi-te que um dia iríamos ver teus pais. Eu jamais descumpro uma promessa. - segurou minha mão com uma e afagou-a com a outra.

-Perdoe-me… - murmurei, tornando a chorar - Sinto falta deles… Faz anos que não os vejo, Drargul-sama… - confessei.

-Por hora deve chamar-me de marido. - assenti - Há um prazo a se cumprir, desígnios do matrimônio. Quando se findar a época, levarei-te até eles. Konoha não é tão longe de Saxian.

Eu sorri e saltei para seus braços, afundando meu rosto em seu pescoço e me encolhendo em seu colo. Nem sei se tenho permissão de fazer isso, mas preciso explanar de alguma forma o quanto me sinto grato por sua atitude. Tomei suas mãos nuas e as beijei com vigor, já que eu ainda sou privado de ver seu rosto.

-Obrigado, marido, muito obrigado. - ele segurou meu rosto entre as mãos e afagou-o. - Eu amo muito os meus pais… Se eu puder vê-los pelo menos uma vez… Eu nada mais lhe pedirei em toda a…

-Shiii. - tocou meu lábio com um dedo e se levantou, levando-me consigo. - Sou teu marido e como tal, tenho obrigações para contigo, e uma delas é não te privar de teus pais. - eu o abracei com força de novo e eu senti minhas costas serem afagadas. - Aquela és tua aia. - apontou para a moça que me acordara, ela estava perto da porta.

Sorri para ela num cumprimento gentil.

-Chama-se Tenten. Está aqui unicamente para servir-te e te levarás num passeio por minha cidade, então prepara-te para isso. - mais carinhos por meu rosto.

-E terei a companhia de meu gentil marido? - sorri animadamente para ele.

-Infelizmente não. Há assuntos que exigem a minha presença sem demora. - ele me soltou e foi para a porta - Divirta-te hoje, meu Nen. Vejo-te mais tardar da noite.