Beleza e Sofrimento

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Quando completei doze anos, minha mãe decidiu que eu precisava estudar para me tornar alguém importante, enquanto meu pai queria me proteger das pessoas. Quanto a mim? Eu apenas tentava manter viva em minha memória aqueles momentos especiais que eu vivera ao lado daquele menino que eu nunca mais vira. De toda forma, meu destino estava tão certo quanto o cair das folhas naquele outono.

Ele veio, numa noite que o céu estava desagraciado pela falta da lua, em uma carruagem se aproximou de nossas terras, uma cheia de pompa e riqueza. Eu estava do lado de fora, pegando água do fosso, quando daquela carruagem desceu uma mulher. Eu já imaginava que tão incrível carruagem tinha saído dos meus sonhos, então, quando vi aquela mulher usando um kimono tão belo e tão brilhante, por um segundo acreditei que estava dormindo. 

Ela era loira, os cabelos bem arrumados num coque admirável, com adornos que cintilavam a cada passo, como se fossem estrelas, e nem seu kimono muito bem ajustado conseguia esconder seus fartos seios. Em sua mão, atrás de suas unhas garbosamente pintadas de vermelho, estava um lindo leque com desenhos de meninas dançando com o vento. Gentilmente colocado em seus braços estava algo aparecido com uma capa de pele de algum animal muito peludo e muito bonito. Uma mulher e tanto, devo dizer.

A mulher me viu, mas desviou o olhar quando eu corri para dentro de minha casa. Fiquei na cozinha, por ondem de minha mãe, mas não pude evitar de ouvir a conversa que acontecia na sala, regada a chá. Eu queria saber quem era aquela mulher.

-Boa noite, Minato e Kushina. - falou alto, sem restrições - Como me pediram, aqui estou! O que querem com tanta urgência que me faz seguir para esse lugar tão afastado?

-Precisamos que cuide de nosso filho, Tsunade-sama. - disse meu pai - Pagaremos, se for preciso, mas leve-o daqui… Já não é mais seguro para ele, como nunca foi para mim. - a voz de meu pai soava muito preocupada. - Ele sabe o que é, mas não entende a dimensão disso.

-Compreendo… - a mulher baixara o tom de voz.

-Em respeito a Jiraya, padrinho de Naruto, por favor, Tsunade-sama, leve-o daqui, proteja-o, Naruto é um bom menino e muito respeitador, ele vai aprender tudo o que ensinar… - era minha mãe e sua voz estava embargada - Só leve-o daqui… Há dois anos um grupo de caçadores do país vizinho tentaram sequestrá-lo, mas Naruto foi salvo pela providência divina… Desde então, andamos ouvindo rumores de novos ataques…

Então silêncio.

-Eu o levarei… - Tsunade falou - Lhes custará apenas o valor da travessia pela fronteira e a produção do documento oficial de venda. - disse e ousei arriscar uma olhadela para dentro da sala - Levarei a criança para o meu okiya e lá eu cuidarei melhor dele. - eu arregalei meus olhos e engoli em seco - Eu estou atualmente na Cidade Imperial, lá ele ficará seguro.

Cidade Imperial? Voltei para dentro da cozinha, indo até a pia e buscando um pouco de água, para tentar entender essa possibilidade. Se eu não me engano, o colete e os protetores do meu salvador tinham símbolos pertencentes a realeza. Meu pai o tratou como um lorde. E se lá ele morasse? Talvez fosse a minha chance de revê-lo. Meu coração palpitou mais forte e eu senti a centelha da esperança se reacender em meu corpo. Talvez eu visse o menino! Será que ele se lembraria de mim?

Era uma oportunidade que os deuses me enviavam. 

Meu pai apareceu dentro da cozinha, sorrindo de forma dolorosa para mim. Franzi meu senho quando ele sentou-se a mesa e fez um gesto para que eu me aproximasse. Seu olhar não me parecia transparecer sentimentos bons. Era plena preocupação.

-Naruto, meu filho, eu preciso lhe conta uma coisa.

Temi que ele fosse dizer o que eu já tinha ouvido. Engoli em seco e me sentei a mesa também, perto dele. Meu pai sorriu e segurou as minhas mãos.

A Décima Terceira EsposaOnde histórias criam vida. Descubra agora