🍼5 - Um recado

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Alice POV

De todas as coisas que Jungkook e eu tínhamos em comum, família desunida era a mais provável a nos deixar mal. Eu não falava muito disso, muito menos Jungkook. Minha mãe não fazia o tipo maternal e meu pai nunca parava em casa por conta do trabalho, quando morávamos juntos, eu era sempre esquecida na escola ou ficava sem jantar por não lembrarem que tinham uma filha. Eles não se importavam, não entendiam, e me culpavam por tudo. Já assistiram o filme 'Matilda'? Pois é, acho que esse exemplo fecha com chave de ouro a minha opinião sobre meus pais e meu motivo de ter saído de casa aos dezessete anos.

Os pais de Jungkook são divorciados desde que ele era uma criança. Seu pai era inconsequente e agressivo, por isso Jungkook não mantém contato com ele desde os doze anos. Sua mãe era totalmente o oposto da minha, controladora, invasiva e superprotetora ao extremo, talvez por traumas que seu pai deixou com ela. Ela o impedia de ter amigos, de ter redes sociais e até a escola ele não podia frequentar, tinha aulas em casa. Então aos quinze anos, ele se mudou para o apartamento do amigo, Kim Taehyung, nosso vizinho e fiel babá do Marley.

Nos conhecemos na faculdade por puro destino. Pelo menos eu acredito nisso. Depois de milhares de encontros às escondidas de sua mãe, ele me pediu em noivado na véspera de sua festa de formatura, desenhando com uma caneta, um anel em meu dedo. Acreditem ou não, foi a coisa mais romântica que eu já vivi.

Nossa diferença de idade não era tanta, eu era apenas três anos mais velha, já estava na faculdade há seis anos quando ele chegou. Medicina e design gráfico nunca foram uma combinação tão incrível.

-Hey... -Jungkook me abraçou por trás, dando um demorado beijo em meus cabelos- Você está bem?

Depois que elas foram embora, fui em direção ao quarto e fiquei observando os carros passando ao lado de fora, pela janela. A forma de como a chuva caía lentamente e o céu ia ficando cada vez mais escuro, deixava a situação ainda mais deprimente.

-Sei que são nossas mães, mas eu... Não consigo confiar nelas. Não são pessoas boas, Jungkook. Tenho medo.

-Eu me sinto assim também.

-Talvez elas tenham mudado, ou estão tentando se redimir de verdade, mas... Durante toda a minha vida, fomos distantes e eu senti tanto a falta dela que simplesmente não sinto mais nada. Eu não preciso, né? Não quero ela perto da Luna.

-Hey, hey, vida... -ele sussurrou, próximo ao meu ouvido- Nunca ouviu falar que a paciência é a ciência da paz? Você não precisa decidir o que ela significa só porque ela veio aqui, dizendo que pode comprar mamadeiras e lenços umedecidos para Luna. Nada tem que mudar, não se sinta pressionada.

-Estou tentando me acostumar com essa ideia. -eu disse, envolvendo seus braços com os meus- Me sinto deslocada com ela por perto. Como pude ter nascido dela? Nem ao menos nos parecemos. Em nada.

-Hum. -sorriu- Não sei te explicar o que senti quando vi a minha mãe, também. Passou um filme de três segundos na minha cabeça, eu acho. Ela me prendia como se eu fosse um passarinho dentro da gaiola.

-Eu sinto muito, minha vida. -virei de frente, segurando seu rosto com as mãos- Mas passou. Estamos aqui, juntos, e elas não podem mais interferir na nossa vida.

-Está tudo bem. Ter o mesmo sangue não significa herdar o mesmo caráter, disso nos sabemos. Somos indivíduos, Alice, e não uma parte deles que desgrudou e foi posta no mundo. Somos únicos, e por isso, me orgulho de dizer que sou diferente deles. E orgulho de dizer que tenho você em minha vida como a consequência mais incrível do mundo. Eu te amo.

-Ah, Jungkook... Você fica buscando ser o homem perfeito, mas... Você já é. Já é o meu herói e vai ser herói da Luna também. Já é incrível da forma que é e por isso, eu te amo tanto... Ah!

Nine Months;;JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora