IV.

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Ela foi embora enquanto os sapatos estavam desamarrados em seus pés.

Os cadarços desamarrados de seu All Star levemente surrado não a atrapalharam no caminho até o carro, provavelmente com a cabeça imersa num turbilhão de pensamentos que não a deixariam dormir hoje. E nem eu.

Ela não ousou olhar para trás em nenhum momento, pois de alguma forma sabia que eu ainda estava ali. Ela não precisaria olhar para mim para que eu soubesse que seus olhos estavam vermelhos. Na verdade, os olhos de ambos estavam vermelhos, qualquer um poderia ver que nós havíamos chorado.

Nem mesmo a fina chuva de outubro poderia disfarçar ou seria capaz de ofuscar a tristeza daquele momento, onde nos separamos.

Eu observei e esperei até que ela introduzisse seu corpo por inteiro dentro do carro, sentando no banco de trás do passageiro.

Ela olhou para trás, vendo que eu ainda a observava. Ela forçou um sorriso em meio ao rosto inchado e úmido pelas lágrimas, numa tentativa miseravelmente falha de amenizar toda aquela situação dolorosa.
Ela levantou a mão, acenando para mim por alguns segundos.

Eu retribui com certa hesitação, sentindo uma pontada no coração e desejando que fosse um princípio de infarto.

Aquele foi o adeus mais triste de toda a minha vida.

Dσ Mҽ α Fαʋσυɾ | Aʅҽx TυɾɳҽɾOnde histórias criam vida. Descubra agora