CAPÍTULO 55

2.2K 124 4
                                    

Segunda
07:00hrs

Formiga

Na real, a vida de bandido nunca foi fácil, você se envolve sabendo que sempre vai acontecer merda, e esse era o meu maior medo.

Se envolver no tráfico nunca foi os meus planos, papo reto, queria ir longe, mas depois que minha mãe morreu, fiquei sem o que fazer.

Tive que entrar pro tráfico pra me sustentar, matei a primeira pessoa com 14 anos de idade, tive que matar pra ganhar a confiança de uns ai.

Meu pai nunca nem vi, de tanto que minha mãe falava com ódio dele não me arrependo de não conhecer, se eu conhecesse ele quando minha mãe tava viva, eu matava ele só pra curar a dor dela.

Fiz muito errado em sair da casa do cobra sem bater um papo maneiro com a jade, me culpo por isso, mas tava cego de ódio.

Fui andar na praia e acabou que os cu azul me achou, na verdade sabiam onde eu tava, só fizeram o favor de dizer e eles ir lá.

Depois que vi q Karen com o Pereira eu fiquei mais cego de ódio ainda, jurei por mim e pelo meu filho que ia matar ela com minhas próprias mãos.

Eles tinham me levado pra penitenciária daqui mesmo, mas ouvi eles dizendo que iam me transferir pra não sei onde.
Ontem eles fizeram várias perguntas pra mim, sobre o tráfico, sobre o cobra pra falar a verdade.

No momento pensei que eles iriam querer saber sobre o grego, aí que eu ia contar mermo, tava com ódio desse daí já, ajuda em porra nenhuma na boca.

Hoje tive minha primeira tortura por não abrir a boca, eles me ameaçaram de matar cada pessoa que eu conheço, primeiramente a dona Isabel.

Na hora perguntei se eles queriam saber sobre o esquema do grego, eu contaria tudo na real, mas eles não tavam nem aí.

Se eu soubesse sobre as coisas que o cobra faz, eu juro que contava, só pra não ter que voltar pra aquela sala e olhar pra cara deles de quem tem a maior vontade do mundo de me torturar.

Eles tava me levando pra infermaria daqui, tava tudo doendo em mim, eles me batiam com madeira a cada pergunta que eu não sabia responder.

Eles me jogaram no sofá e ficaram me olhando por um tempo, depois saíram da sala e a infermera me olhou.

- o que fizeram com você? - falou tocando no ferimento do meu braço-

Formiga: tu é infermeira e não sabe -falei em tom de deboche e ela riu fraco- tortura.

- eles torturaram você? -falou surpresa e eu assenti- filhos da puta.

Formiga: tu é nova aqui é? - falei e ela negou- pensei que já tinha vindo cara Rod quebrado aqui da tortura.

- quase nunca vem -falou limpando o machucado do braço- quando vem não é igual você tá.

Formiga: foda - falei e ela passou um algodão com algo nele-vai devagar aí po

- desculpa -falou e começou a passar devagar- qual seu nome?

Formiga: pra tu é formiga - falei metendo marra- só os íntimos sabe meu nome, tu não é um deles.

- desculpa senhor formiga -falou em tom de deboche- sou a maria.

Assenti e tava nem afim de ficar trocando papo com ela, mas a mina ficava puxando assunto toda hora.
Fiquei só olhando pra cara dela enquanto ela limpava a minha perna que tava sangrando pra caralho.

Ela dava umas olhadas enquanto falava mas eu nem parava de olhar, vai que ela me acha mal educado.

Depois que ela terminou os bagulho tudo, fiquei lá esperando os cara vim me buscar pra ir pra cela.

Minha vontade era da um murro na cara de cada um, mas nem podia.

O chefe da penitenciária disse que se eu dissesse sobre as coisas do cobra eu tinha vantagens aqui dentro.

Mas tu acha que eu to afim? porque eu não to, nem sabia a merda dos esquemas dele pra tá falando.

E sabia que eles só queria fuder com o cobra, ele também disse que bom comportamento me faz ter vantagens também, então eu fico de boa o dia todo.

Quando eles me levaram pra cela, eu fiquei sentado na cama que tinha lá, com a perna estirada, tava doendo demais.

Uns caras da cela do lado gritava e outros conversava normalmente, parece que os cara tá tudo acostumado com isso aqui, mas eu não me acostumo não.

Mas namoral? A única coisa que eu queria era ver a jade, tocar na barriguinha dela ou ficar deitado nela, tava bobo demais com essa mulher.

Poderia ser poucos dias que a gente tava se envolvendo, mas eu tava indo de cabeça mermo, mina firmeza demais, e se rolar, nunca que vacilo com ela.

Um policial passou batendo com alguma coisa nas grades que fazia um barulho insuportável,

Ele parou na frente do cara da cela na frente da minha e falou alguma coisa com ele, depois abriu a cela dele e uns dois policiais vinheram pegando ele e saíram dali.

Foi igual quando me levaram hoje de madrugada, chegaram na minha cela perguntando se eu ia abrir a boca e eu dizia que não sabia de nada, ele abria a cela e chamava dois cara que me levaram pra uma sala fechada.

Lá tinha o dono daqui que fazia várias perguntas que não tinha sentido nenhum pra mim, e eu nem sabia responder, o foda é esse, a resposta.

Eles me batiam até vê o sangue escorrer, até eu tá prestes a morrer, e aquilo nem era pouco pra eles.

Os cu azul pode ser boa gente na frente das câmera e os bagulho tudo, mas quem conhece mesmo sabe que eles não são isso tudo não.

Principalmente os daqui, fiquei ali olhando pra um ponto fixo na parede, faço isso desde ontem que me colocaram aqui dentro.

Não rebati quando me pegaram não, eu sabia que isso ia acontecer uma hora ou outra, ou era eu ser preso ou era eu morrer pra Morro inimigo, ou até mesmo pra os cu azul que invadisse o complexo.

Mente de quebrada Onde histórias criam vida. Descubra agora