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Massageio as têmporas, tentando amenizar a dor de cabeça

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Massageio as têmporas, tentando amenizar a dor de cabeça. Eu consigo lidar e fingir suportar muita coisa, mas suportar uma reunião de uma hora e meia para tentar um acordo para uma escola racista sair impune, não está nessa lista.

— As crianças não têm noção do que é certo ou errado, senhor Carter. — o advogado de defesa repete pela enésima vez e eu já nem tento mais manter a educação.

— Crianças que estão no último ano do ginásio? Desculpe, Evan, essa desculpa é um pouco difícil de engolir. Prefiro pensar de forma mais lógica, porque nós sabemos que essa besteira não é verdade.

— Senhor Carter... — o diretor da escola começa, se ajeitando na cadeira, mas faço um gesto com a mão, calando-o.

— Poupe-nos com o seu papo furado, senhor Williams. Já ouvi o suficiente do senhor e acredite, quando eu digo que tenho o suficiente para te fazer responder por racismo e assédio moral. Em menos de duas horas de conversa, o senhor se mostrou um ser humano absolutamente repulsivo, e não tenho necessidade alguma de ser complacente com o senhor. O ponto é: houve injúria racial no seu colégio e ninguém fez nada a respeito. Como se não fosse o suficiente, bateram nos dois filhos da minha cliente.

— Esse garoto, que você diz que foi agredido, torceu o braço de um dos meus alunos.

Esse garoto também é seu aluno e tem um nome. — Ava se manifesta, parecendo muito perto de estourar. Ela foi bem orientada a não falar mais do que o necessário, especialmente porque ela não é exatamente a pessoa mais paciente que eu conheço. — Benjamin é tão aluno quanto aquele garoto racista, senhor Williams.

— Ele não teve nada quebrado. Escuta, senhora Baldwin, eu já disse que a escola vai fazer uma retratação e que estamos dispostos a pagar uma boa quantidade em dinheiro como desculpas.

Ava abre a boca, provavelmente para mandá-lo enfiar o dinheiro no rabo.

— O nariz de Benjamin foi quebrado, mas parece que isso não importa para o senhor. Escute, Williams, vou fazer uma pergunta e quero que seja muito honesto: — corto qualquer tentativa de Ava de falar, porque por mais que eu entenda situação, ela pediu para eu representá-la por confiar que vou dar o meu melhor. — Quem nos garante que isso não vai acontecer de novo?

Não tenho uma resposta de imediato. Advogado e cliente se entreolham e eu dou uma olhada de relance em Taylor, que intercala o olhar entre nós, sem interromper a digitação em seu notebook.

— O que o sugere, senhor Carter? — Evan pergunta, unindo as mãos sobre a mesa.

— A princípio, uma política de conscientização para pais e alunos sobre racismo, bullying e tudo o que vocês têm permitido acontecer nos últimos anos. Isso não é negociável. — enfatizo a última frase para que eles percebem que isso é algo que Ava não vai abrir mão, não importa o que aconteça daqui para frente.

Me toca - Livro 2 (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora