O Vizinho

02_ No meio do meu cu!

Clara Marques

Engoli seco e observei o Deus grego na minha frente me olhar divertido.

- Você tava tomando banho? - Riu.

Eu ainda tava de pijama...

- Eu tava entrando agora quando VOCÊ senhor estraga banhos tocou a campainha da minha casa. - Falei cruzando os braços e olhando pra ele com raiva.

Era um menino com aparentemente 17 anos e nem muito magro nem muito gordo. Tinha os olhos verde água brilhantes e uns cachos de dar inveja, eles estavam mais hidratados que o meu cabelo em um mês de hidratação.

O mesmo vestia um calção rosa que não passava dos joelhos e uma camiseta branca quase transparente que ficava muito bem nele.

- Bom, menina que toma banho de pijama rosa com ursinhos... Falaram pra eu vir aqui falar com a pessoa que organiza o comitê de moradores. - Falou com a mão nos bolsos e me olhando com um sorriso de canto debochado.

- E porque você quer falar com a minha mãe? Você nem mora aqui... - Falei confusa.

- Eu me mudei ontem. - Deu uma pausa. - Iai, posso falar com a sua mãe? - Me olhou ficando aborrecido já e me deu espaço pra analisar a sua boca. Era quase tão vermelha quanto sangue. Será que ele usa Lip-tint?

- Claro, eu vou chamar ela. Espera aqui. - Fechei a porta e caminhei até o quarto da minha mãe mas ela não estava no mesmo.

Oxi...

Entrei no quarto do meu irmão quase arrombando a porta do mesmo e encarei a encarnação do diabo deitada na cama.

Nem parece meu irmão.

Devem ter cagado nele.

- Não sabe bater a porta não? - Falou ele me encarando com raiva.

- Aonde tá a mãe? - Perguntei indo direto ao ponto.

- Foi no mercado desgraçada. - Falou revirando os olhos e voltou a mexer no celular.

Sai do quarto dele e caminhei novamente até a porta, coloquei o meu melhor sorriso amarelo e abri a porta encontrando um pedaço do céu.

- Infelizmente ela saiu, você vai ter que passar mais tarde. - Falei ainda com o meu sorriso amarelo e falso.

- Tem certeza? Eu realmente preciso falar com ela ou a minha mãe corta as minhas bolas. - Falou coçando o nariz com a mão esquerda.

- É, eu tenho. - Falei por fim e ele se virou pra ir embora. - Se a sua mãe realmente for cortar as suas bolas me chama, vai ser uma cena adorável de se ver. - Usei o meu deboche.

- Ah eu te chamo, como eu perderia mais uma chance de te ver? - Me olhou com charme.

É normal eu ter sentido uma pontada no coração?

Eu me recompus e olhei pra ele com deboche.

O deboche é o meu fiel aliado e escudo.

- Uma boa manhã para o senhor estraga banhos. - Revirei os olhos.

- O mesmo pra si menina do pijama rosa com ursinhos. - Falou rindo.

Eu sorri e fechei a porta.

- Idiota, se eu ver ele de novo corto as bolas dele. - Sussurei indo até o banheiro.

- Vai cortar as bolas de quem? - Perguntou o meu irmão me pegando de surpresa.

Eu dei um pulo e olhei com os olhos arregalados pra ele.

- As suas se você voltar a me dar um susto desse! - Falei entrando no banheiro.

[...]

Borrifei um pouco do meu perfume sobre o meu corpo e me olhei mais uma vez no espelho.

- Gata. - Falei confiante me olhando no espelho.

- Ta parecendo um caixote do lixo decorado. - Falou o meu irmão passando por mim também vestido com o uniforme da escola.

- Quando a sua opinião for um tiro você me dá, beleza? - Sorri falsa pra ele e andei pra fora do quarto.

Eu abri a porta de casa e esperei o Caio pra gente ir pra escola juntos.

Ele finalmente passou por mim e eu dei um chute na bunda dele fazendo o mesmo soltar um gritinho.

- Eu vou te jogar do prédio. - Falou o meu irmão vindo atrás de mim e eu corri rindo.

- TENTA. - Gargalhei.

Ele ignorou e chamou o elevador com a cara emburrada.

- Ah vai, não fica assim diabinho. Foi só um chute.

- No meio do meu cu! - Falou bravo e eu gargalhei mais.

O elevador chegou e a gente entrou nele. Passamos pela portaria e eu como sempre cumprimentei todo mundo vivo no local.

Em alguns minutos a gente chegou na escola e eu entrei procurando pela Laura, a minha fiel amiga.

Eu não achei ela então decidi subir pra minha sala.

continua...