The One That Got Away - GIRAFA

Jeep Sport 2008 Verde Musgo

Antes – 2009

Suas pernas queimavam devido às rápidas pedaladas dadas na bicicleta. Os cabelos ao vento afastavam em vão o medo e nervosismo do que viria a seguir. Sentia o cheiro de grama molhada entrando em suas narinas como um reconfortante aroma e exalava às pressas recuperando o fôlego para continuar, eram em momentos assim que se arrependia por ser sedentária e não fazer nenhum tipo de exercício físico.

Mas, agora de nada adiantava se lamentar.

Quanto mais se aproximava do destino final mais suas mãos suavam e borboletas faziam o próprio carnaval em seu estômago. Poderia esconder o quanto quisesse, mas era sempre isso que acontecia quando se aproximava da mansão dos Kalimann's.

E logo no dia de hoje não seria diferente.

Na manhã seguinte se mudaria para capital a fim de cursar jornalismo. Não era exatamente esse seu sonho, mas era o curso que mais se assemelhava com seus gostos e acreditaria que poderia se sair bem na profissão. Pelo menos era o que esperava.

Diminuiu as pedaladas ao entrar na estrada de pedra que ligava até a parte de trás da casa, não poderia ser vista pelos jardineiros que ali estavam.

Por alguns longos segundos, arrependeu-se por ter se deixado levar pelas ideias malucas de Rafaella, mas não sabia como dizer não a ela, especialmente a um pedido tão delicado e genuíno.

Abaixou o corpo passando entre os galhos das árvores e desviava lentamente dos troncos enquanto concentrava-se em pedalar suavemente sem fazer muito barulho. Agradeceu aos céus por ter lembrado em passar óleo nas juntas da bicicleta no dia anterior.

Cada vez mais se impressionava com o tamanho da propriedade. Qualquer um que não conhecesse o lugar se perderia facilmente pelo caminho. O que não era o seu caso, sabia mais da imensidão do local do que qualquer um dos empregados. Perdeu a conta de quantas vezes o desvendou com a menina Kalimann em seu encalço.

Deixou a bicicleta encostada na laranjeira próxima ao estábulo, de cabeça e tronco abaixados se esgueirou entre a cerca de madeira até chegar a decida do riacho. Mesmo longe seu coração bateu forte ao observar a figura morena que se balançava no balanço improvisado próximo ao rio.

Nunca saberia como agir. Nunca agiria diferente. Rafaella Kalimann sempre balançaria seu íntimo e prejudicaria seus pensamentos coerentes.

Parou por alguns segundos apenas para observa-la.

As pernas que iam e vinham no balanço a davam um ar infantil junto ao seu vestido florido rosa que ia até acima dos joelhos, mas estava longe de ser considerada infantil. Seu rosto já apresentava mudanças maduras em sua feição, os cabelos morenos rebeldes esvoaçavam com o vento e os olhos verdes observavam atentamente a água que escorria entre as pedras.

Limpou superficialmente as mãos no short e respirou fundo indo ao seu encontro.

Como se um cintilar de sinos anunciasse sua chegada, a mais nova virou o rosto abrindo um sorriso grande ao encontrar a amiga. Levantou-se num pulo e saiu correndo com os braços abertos.

Rafaella era bem maior que a maioria das meninas da sua idade e seu tamanho já anunciava que seria uma mulher esbelta ao crescer. Por isso seus pais já a inscreviam em concursos de modelo, pois imaginavam um brilhante futuro nessa profissão.

Enquanto Gizelly permanecia com os seus encorajadores um metro e sessenta e quatro, com 18 anos se envergonhava do seu corpo e sentia-se intimidada pela mais nova e sua beleza escultural, por mais que Rafaella afirmasse que era extremamente linda, insistia em não acreditar.