- Você tá brincando comigo.
- Manu! Já disse que não, infelizmente é verdade.
- Nossa... Isso é uma surpresa para mim, nunca imaginei você sendo uma megera - Confessou olhando para a amiga.
- Megera é uma palavra muito forte - Rafa abaixou a cabeça cabisbaixa.
- Amiga o que você fez foi muito sério, você sabe, né? - A mais alta confirmou - Você devia conversar com ela, tentar resolver, especialmente em nome da amizade que vocês tiveram.
- Eu tentei! Mas ela não me deu a oportunidade, sem falar que já faz tanto tempo, Gizelly nem olhou na minha cara hoje, ela claramente não quer me ver nem pintada de ouro.
- E ela tem toda razão – Manu falou como se fosse óbvio, e de fato, era.
- Você, definitivamente, não está ajudando em nada.
Após almoçarem foram juntas até o quarto e Rafaella começou a contar toda a sua história com Gizelly para Manu. O que rendeu a ela péssimas sensações, que envolviam saudade e tristeza. Ainda se sentia mal por como se procedeu ao final da amizade, mas no momento não havia mais solução.
- Na verdade, estou sim, você que é cabeça dura para entender que errou, e o pior de tudo, nem foi atrás dela para tentar se desculpar – Ia ser interrompida, mas Manu levantou a mão com a palma estendida a impedindo de falar – Com todo o respeito, Rafa, mas você sabe que estou certa. Eu te amo, mas amo um pouco menos esse seu lado vacilona com alguém que certamente é uma ótima pessoa – Rafaella até pensou em argumentar, mas apenas baixou os ombros em sinal de rendição, o que ela poderia fazer agora? Já lidava com a culpa há anos, e na sua concepção não seria agora que tudo iria mudar.
Continuaram conversando por mais algumas horas. Apesar de toda a indignação vinda de Manu, a baixinha entendia a amiga. Gavassi foi a primeira pessoa, desde que Rafa se mudou, a conhecê-la verdadeiramente. Manoela reconhecia seus motivos, por mais que não concordasse com eles, e isso não as fazia menos amigas. Pelo contrário, estaria sempre ao lado dela, talvez não tanto quando o assunto fosse esse, mas faria o seu melhor papel de melhor amiga.
Conheceram-se quando fizeram juntas um comercial para uma marca maquiagem, e a amizade começou logo de cara, elas se deram bem de primeira. Passaram a compartilhar até a mesma empresária, Bianca. Era como um reencontro de almas, Manu era a alma gêmea de Rafaella e vice versa, almas amigas nessa e em outras vidas. Juntas descobriram a importância de uma amizade sem freios e mentiras, foram feitas uma para outra.
Atuar nesse filme em conjunto era como um sonho se realizando. Tanto Rafaella quanto Manoela precisavam que ele fosse um sucesso para alavancar suas carreiras.
Manu estava tentando pela primeira vez um trabalho fora do seu meio comum que era a música. Após dois álbuns lançados, ela estava testando os seus limites e buscando ser uma artista completa, com direito até das suas músicas fazerem parte da trilha sonora do filme. Por isso, a ajuda da amiga atriz é fundamental nesse processo.
Rafaella seria a protagonista, Lucia, e Manu a melhor amiga, Milena. "A Inefabilidade do Amor", nome do filme, contaria a história de uma menina do interior que conhece um jovem que veio da cidade para construir uma fazenda de criação de gado. Com muitos dilemas e diferenças, acabam vivendo um grande amor, um clichê que pretende conquistar os telespectadores. Assim, Velho Sítio era a cidade perfeita para esse filme.
Para Manu o título diz muito sobre aquilo o que ela entendia e acreditava sobre amor. Inefabilidade é característica do que é inefável, algo que não se pode nomear ou descrever em razão da sua natureza, indizível, indescritível. E para ela o amor era isso, algo de impossível explicação, ele apenas é o que é, por isso a baixinha sempre foi apaixonada pelo amor e por suas representações. Embora, tivesse vivido tantas decepções, estava certa que o seu momento iria chegar, e que conheceria alguém que a fizesse faltar palavras para descrever o amor que sente.
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The One That Got Away - GIRAFA
RomanceGizelly e Rafaella se conheceram crianças enquanto moravam na cidade pacata de Velho Sítio. Um grande amizade que se perdeu no tempo. Com tatuagens iguais e memórias compartilhadas o companheirismo ficou no passado. Hoje, Bicalho luta para escrever...