𝟎𝟏. O acidente

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── Olivia Félicité Tomlinson! Eu já te disse para não correr no corredor!

Louis Tomlinson é aquele pai que todo mundo quer ser, descolado, cabelo maneiro, tatuagens, músico que usa roupas pretas e um apartamento legal. O único problema é que sua filha ainda não descobriu isso; recém completando quatro anos, Olivia se amarra demais nas naturezas rebeldes de seu pai, por isso mantê-la nas rédeas é um pouco mais difícil do que se imagina.

Por isso, quando ela percebeu que havia esquecido sua garrafa de água que sempre lhe acompanhava nos treinos de futebol, voltou correndo para seu apartamento.

O calção azul e branco do uniforme era grande em seu corpinho esguio e os fios de cabelos escuros que não haviam sido presos, devido a incapacidade de Louis de fazer um simples rabo de cavalo, pendiam em longas ondas bagunçadas e sem definição alguma, enquanto escorriam até a sua cintura.

Talvez esteja na hora de cortar o cabelo, Louis pensa, mas os olhos continuam apertados, tentando acompanhá-la.

Os corredores pequenos providenciam pouquíssima proteção dos sons, por esse motivo ele revestiu o apartamento, visto que trabalha com música e não pode se dar ao luxo de sons externos atrapalharem suas produções. Ciente disso, insistia que sua filha fosse um pouco mais respeitosa aos outros moradores do prédio, mas, em sua maioria, eles não pareciam realmente se incomodar com ela batendo seus pés.

Afinal, o prédio em si tem como sua propaganda um ambiente familiar. Existem crianças de todas as idades rondando o local e, por sorte, todas respeitam o horário de dormir, ou seja, há pouquíssimo ou nenhum barulho depois das oito horas da noite.

── Olivia! Não me faça ter que ir aí! ── Avisou uma segunda vez, sua voz mais grave que antes.

── A garrafa, papai! A garra──

A menina tornou-se incapaz de continuar a frase.

Louis só pode observá-lo fazer a curva ao finalzinho do corredor, ainda correndo de maneira descuidada, ansiosa para seu treino, e então ele ouviu um barulho de dois corpos se chocando e um choro estridente de um bebê que certamente não era o seu ── mas ela acompanhou os choramingos com gosto.

Todo o corredor foi tomado por lágrimas e choramingos das crianças envolvidas no acidente.

Louis apressou-se para o local, surpreendido com o seu vizinho e seu filho ── Harry, ele tinha quase certeza, e Theodore, que chorava muito e esfregava a mãozinha pequena na testa entre fungadas profundas. Olivia, entretanto, tinha sangue manchando as roupas.

── Liv, oh, não ── Resmungou em surpresa, as mãos tremendo conforme retirava da bolsa lateral que sempre carregava um paninho e enfiava sob o corte em seu queixo, apertando-o para conter o sangramento enquanto pegava a criança no colo. ── Shhh, shh, filha...

Não sabia ao certo se tentava acalmá-la ou acalmar a si mesmo, mas não pensou duas vezes antes de começar a niná-la em seu colo; seus braços envolviam com força a criança, um deles abaixo dando suporte e o outro lhe assegurando com um carinho delicado na cabeça. Assistiu o vizinho de cachos pegar o outro bebê no colo, também balançando-o para que acalmasse enquanto avaliava seu rostinho.

── Foi mal... ── Louis disparou, incerto. Não sabia se ele estava bravo.

── Está tudo bem, é normal, crianças, né... ── Harry sorriu, mas o nervosismo ainda era visível. ── Ele bateu a nuca... Acho que vou levá-lo no médico... ── Harry murmurou, pensativo.

Louis até sabia que o pensamento alto não era voltado a si, mas viu ali sua oportunidade de pedir desculpas pelo erro impensado e inocente de sua filha.

QUINTO ANDAR ━━━ larry stylinson.Onde histórias criam vida. Descubra agora