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Eu tinha 12 anos.

Um novo colégio veio para minha cidade.

E os meus pais, assim como os da maioria, decidiram me mudar para lá.

Acho que era a melhor escola que já frequentei.

Assim como o antigo colégio, a partir do quinto ano haviam atividades extracurriculares, mas não eram obrigatórias.

E eu comecei a participar do voluntariado.

Nos intervalos e às vezes depois do período da escola, teria de ficar ou nos laboratórios de informática, de química, ou na biblioteca.

E uma pessoa ficava comigo.

Foi a primeira vez que me vi num grupinho.

Eles me explicavam certas coisas e me acolhiam quando precisava.

Meu pai gostou dessa ideia.

Ele dizia que era bom que eu fizesse algo que me tornaria responsável por algum grupo de pessoas.

E que seria bom pois assim eu andaria com pessoas responsáveis, e não com "vagabundos", como ele dizia.

Foi também com essa idade que ganhei meu primeiro celular.

Eu conversava com os amigos do grupo de voluntariado, e avisava minha mãe quando teria de ficar até mais tarde.

E foi com essa idade que eu pude pedir ajuda pela primeira vez.

Comentei com Julie, também do voluntariado, sobre o que acontecia com a minha mãe e o meu pai quase todas as noites.

Ela me aconselhou para ligar para ela na próxima vez que isso acontecesse, e ela iria me distrair.

E foi o que eu fiz.

Às vezes ela tinha de repetir algo pois os gritos do meu pai eram altos demais.

Eu me encolhia na cama e pressionava o celular contra meu ouvido.

Também foi a primeira vez que alguém me ouviu chorar.

Acho que me apaixonei pela Julie.

Falei isso pra minha mãe e ela me disse que não sabia o que era o amor, que era besteira.

E Julie mudou de escola, fez novos amigos...

Novamente [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora