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Eu tinha 17 anos.

Quando a maioria dos meus amigos foi para a faculdade.

Se mudaram.

Nos deixaram.

Ficamos apenas eu, Tom e Louise.

Na noite de despedida, eu gostaria de não ter bebido tanto, para poder me lembrar daquela aventura.

De algum jeito, eu acordei no telhado da casa de Mark, com Tom ao meu lado.

E foi naquela manhã, enquanto eu ainda reclamava de dor de cabeça, que me atingiu.

Mas me atingiu muito em cheio.

Que eu estava crescendo.

Que eu provavelmente nunca mais os veria.

E que eu nunca teria uma amizade tão pura e estranha como aquela.

Amizades que estavam comigo desde o meu primeiro beijo.

Que me viram vomitar por ter bebido tanto álcool.

E que eu ajudei por eles estarem muito bêbados.

Que já me viram chorar por causa de meus pais.

E que me disseram que, caso eu quisesse fugir, as portas de suas casas estariam abertas.

Eu até poderia fazer outras amizades no futuro.

Mas não seriam eles.

Nunca mais seriam eles.

A maioria já havia partido, em seguida seria a vez do resto de nós.

Eu não poderia perdê-los.

Tom acordou quando eu estava chorando e me perguntou o que houve.

Ainda soluçando eu desabei.

Expliquei para ele todas minhas mágoas e angústias.

Apesar das circunstâncias, ele sorriu.

E me disse que o que verdadeiramente importava era o que havíamos criado.

Por todas aquelas noites de risadas, confissões e gritos, nós levaríamos algo.

Criamos vínculos inesquecíveis em inúmeras noites inconsequentes e recheadas de bebidas.

Eu tinha aquilo.

Aquelas memórias.

Aquelas marcas.

Aqueles vínculos.

E eu apenas chorei cada vez mais.

Eu sussurrei, contra seu abraço.

Eu pedi que ficasse.

Para sempre.

Mas ele não me respondeu.

Disse que, independente do que viesse a seguir, eu ainda teria ele em minha memória.

E, enquanto o sol nascia, eu chorava.



Novamente [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora