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Logo antes de fechar meus olhos
A única coisa que está em minha mente
Tenho sonhado que você também sente isso
Eu me pergunto como é ser amado por você
Shaw Mendes - Wonder

☆゚.*・。゚

Acordei assim que amanheceu, o sol sempre foi meu melhor despertador.

Minha cabeça estava apoiada no ombro do Jake, e a cabeça dele estava apoiada na minha, um dos seus braços estavam ao redor de mim.

O cabelo dele fazia cossegas na minha testa, e a ponta dos seus dedos rossavam na minha coxa.

Me solto com cuidado do braço dele, e encosto sua cabeça no vidro, pra que eu pudesse levantar a minha.

Ele coça o próprio nariz e abre os olhos aos poucos.

- Bom dia - ele diz a voz rouca e fechando os olhos de novo.

- Hey-o Jake.

Ele boceja e assente.

- Caramba, que horas são? - Jake diz olhando pela janela.

- Não sei, mas acabou de amanhecer, e pelas minhas contas, vamos parar a qualquer minuto.

- Legal.

Ele se espreguiça, e boceja mais uma vez.

- Parece que alguém aqui não gosta de acordar cedo - digo brincando.

- Acho que é a primeira vez que você diz algo certo.

Ele estava abrindo a boca pra sorrir, mas se interrompe no meio do caminho.

Seu rosto fica impassivo, e na hora que eu ia falar, perguntar sobre aquilo, o apito do tem soa.

Ainda sem entender nada, me levanto e dou espaço pra ele passar.

Não tínhamos bagagem pra pegar, o que eu tinha era alguns flechas enfiadas no bolso do casaco, e um arco, que não faço a mínima ideia de como as pessoas estão o vendo, porque afinal os seguranças não me pararam por estar com uma arma mortal pendurada no ombro.

A estação não estava muito cheia, e a rua estava na mesma situação, as coisas não mudaram muito por aqui.

Eu poderia chegar naquele maldito orfanato de olhos fechados.

O portão de ferro ainda era enorme e impotente, a pequena campainha era tão escura que a cor contratava com o resto do marrom claro.

Aperto o pequeno botão, e cruzo meus braços pensando em como voltar ali foi uma ideia idiota.

Uma mulher olhou pra nós do alto da escada, provavelmente descidindo se somos adolescentes querendo encrenca, e se vale a pena descer e falar com a gente.

Um pouco receosa, ela abre o portão e só coloca a cabeça pra fora.

- Sim? - ela pergunta.

- A Senhora Rogan ainda trabalha ai? - pergunto cruzando os braços.

- Jane Rogan? - ela diz e eu faço que sim com a cabeça - ela é a diretora.

- Posso falar com ela, por favor?

A mulher me olha dos pés a cabeça, e seu olhar para no Jake.

- E quem quer falar com ela?

- Heather Lancaster.

- Entrem, vou ver se ela tem um tempo.

Ela abre espaço para podermos passar e tranca o portão assim que entramos.

O lugar por dentro estava diferente, parece que uma reforma havia acontecido em pouco tempo.

Subimos uma escada e vejo lá no fundo a pequena porta azul decorada, a palavra diretora foi escrita ali com letras garrafais.

A mulher bate na porta, e diz algo baixo, e alguém concorda lá dentro, ela assente e faz sinal pra que eu entrasse.

- Você fica aqui enquanto eu vou lá? - sussuro perto do ouvido do Jake.

- Como se eu fosse a algum lugar - ele diz com a cara fechada.

Reviro os olhos.

Passo pelo porta e observo a velha sala, a seis anos atrás, ela pertencia a outra pessoa, e era bem diferente do que é agora, a mudança é bem clara.

Uma mulher morena de mais ou menos cinquenta anos, estava sentada do outro lado da escrivaninha de madeira escura, o rosto dela era cansado, e algumas rugas estavam ao redor dos seus olhos, mas o rosto era bondoso.

- É bom te ver Heather, você se tornou uma linda mulher.

- Obriga Senhora Rogan, é bom te ver também.

- Mas presumo que você não viria aqui só pra me ver - ela diz e sorri de lado.

- Ah é, certo, eu queria saber se a senhora pode me ajudar, eu e um amigo precisamos chegar a Miami, e pensei que...

- Tudo bem Heather, eu disse que ajudaria no que vocês precisarem, seu irmão está com você?

- Não, Jonas está na corte, as coisas por lá estão um pouco complicadas.

Ela assente e suspira.

Sim, ela sabe sobre tudo, e sobre nós também, durante o tempo que moramos aqui, foi ela quem nós instruiu a nós defendermos, e disse para onde deveríamos ir pra ficar seguros, o irmão dela era um de nós.

- Vou fazer algumas ligações, e ver se consigo encaixar vocês em um voo, ou talvez em algum trem, mas pode ser que demore.

- Tudo bem - digo balançando a cabeça.

- Ande por aí, olhe como as coisas de desenrolaram, quer almoçar aqui?

- Seria bom, nós estamos sem dinheiro pra comer e perdemos tudo que trouxemos do acampamento.

Jane me olha com piedade.

...

Jake e eu estávamos sentados em uma mesa afastada das outras pessoas no refeitório.

Algumas crianças olhavam curiosas, mas ninguém veio perguntar nada.

Eu olhava irritada para todas elas, e uma hora uma garotinha pequena quase deixou derrubar o copo de suco.

- Nunca achei que fosse ter que voltar aqui - digo voltando minha atenção pro prato.

- Foi ideia sua vir aqui - Jake responde sem animação e um pouco irritado.

- Deus Jacob, o que deu em você? - digo olhando pra ele com uma sobrancelha levantada.

- É claro que tem que ser comigo o problema, a senhorita perfeitinha nunca faria nada.

Me levanto irritada e quase deixo o prato cair no chão.

- Eu me iludi, achando que você podia ser legal, que eu fui uma idiota, mas na verdade, você só é mais um imbecil com um ego enorme.

Ele não diz nada, e continua com com o rosto inexpressivo.

Na hora que me viro quase dou de cara com a Senhora Rogan.

- Eu não tinha visto a senhora - digo baixo.

- Tudo bem Heather - ela olha pro Jake e sorri - consegui uma passagem de avião pra vocês.

- Sério? - Jake diz desconfiado.

- Sim, quer dizer, vocês vão ter que pegar o voo em Charlotte, mas pelo menos isso vai economizar umas dez horas no tempo de vocês.

- Isso está ótimo - digo sorrindo pra ela.

- É, obrigada - Jake diz.

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