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E eu juro que não tenho uma arma
Não, eu não tenho uma arma
Nirvana - Come As You Are

☆゚.*・。゚

Depois que Connor foi embora, eu descidi que era a hora perfeita de resolver a coisinha de ontem.

A "oficina" do acampamento ficava entre a entrada da floresta e via principal, qualquer um pode a usar, mas a maioria não faz isso.

O portão estava entreaberto, e quando me aproximo consigo ver o enorme dragão de metal lá dentro, e consigo também distinguir um par de pernas em baixo dele.

Jake sai de baixo do dragão tossindo, e todo melecado de graxa.

Não sei dizer se ele me viu, mas de um jeito ou de outro me ignorou.

Pegou um pequeno pano que estava em cima de uma escrivaninha e começou a esfregar no rosto, para tirar a graxa.

Ele usava uma calça marrom no estilo militar, os suspensórios estavam presos na calça e largados do lado do corpo, já que ele não usava blusa.

É mais claro agora o tanto de peso que ele perdeu, Jake nunca foi exatamente esbelto, mas agora estava mais magro ainda, quase era possível ver os ossos da costela, e haviam algumas cicatrizes, a maior ia dá lateral do peito esquerdo até a ponta inferior na barriga.

- Tá olhando o que? - ele diz irritado.

O rosto ainda estava cheio de graxa, menos os olhos.

- O que aconteceu? - digo apontando para a enorme cicatriz.

- Não é da sua conta.

Franzo as sobrancelhas, e encolho os ombros com indiferença.

- Eu lembro de ter sido atingido no ombro, e depois disso meu corpo caiu no chão - ele diz voltando pra de baixo do dragão - eu não tinha controle nas ações do meu corpo, sentia como se tivesse caído num eco, e depois veio uma caverna, tinha uma fila enorme, as pessoas eram transparentes e algumas chegavam a brilhar, pode pegar a chave de cabo azul?

Pego a chave e o entrego.

- E do nada eu comecei a escutar uma voz, dizendo que eu tinha que voltar, que não era o meu momento, e também apareceu uma porta branca, eu atravessei.

- Simples assim? - pergunto com uma sobracelha levantada.

- Sim Lancaster, simples assim - ele responde irônico.

Ele sai de lá de baixo de novo, e seu corpo fica em chamas.

Dou dois passos pra trás um pouco assustada, só dois segundos depois eu me lembro que esse é o poder dele, ele pode controlar, invocar, e é imune ao fogo.

- Agora já te contei o que aconteceu, eu preciso ativar o dragão, e ele funciona a base do fogo, então acho melhor você ir embora.

- Tá.

- Lancaster?

Me viro para o olhar e ele já havia apagado o fogo.

Suas duas mãos estavam enfiadas no bolso da calça.

- Não conta pra ninguém está bem? Noah iria surtar comigo por ter ultrapassado uma barreira da morte ou qualquer coisa do tipo.

...

Depois do jantar, é tradição entre nós cantar em volta de uma enorme fogueira que fica no coração do acampamento.

É um fogo mágico, ele não pode ser apagado, uma vez no ano passado, um novato achou que seria divertido jogar água nele, bom, o garoto quase morreu por isso.

São histórias duvidosas, então ninguém sabe qual é a verdadeira origem do fogo, e muito menos porque ele não se apaga.

Hoje estávamos mais afastados de todos, encostados em uma árvore.

Quando me refiro nós, digo eu, Jonas, e um violão.

O violão está no colo de Jonas, que o tocava com delicadeza, ele sorria quando executava uma nota perfeita, e quando errava, igual agora, franzia a testa.

- É um padrão viciante te olhar tocar violão - digo.

- Ainda bem que estou servindo de entretenimento - ele bufa - não sei qual o meu problema em fazer isso.

- Você é ótimo Joe.

Ele empurra meu ombro e sorri.

- Odeio quando me chama de Joe, me sinto um protagonista psicopata.

- E você não é?

- Heather, vai se ferrar.

Ele encosta o violão na árvore e olha para todos que estavam sentados na frente da fogueira.

Noah estava lá, em um canto mais afastado, Marcos estava com ele, de braços cruzados, mas saiu dois segundos depois.

- O Marcos quer que o Noah se aproxime dele - Jonas diz suspirando - eu apoio isso, mas o Noah diz que não precisa de um amigo, que já está de bom tamanho ter que trabalhar com o Marcos.

Jonas colocou as mãos no bolso do moletom e olhou pra mim.

- Por que esse cara tem que ser tão complicado? - ele diz ainda observando Noah.

- Garotos são complicados Joe, homens são complicados - digo dando de ombros - é um preço que a gente paga por gostar deles.

- Será que seria mais fácil gostar de mulheres? - Jonas diz agora segurando o queixo.

Noah se dá conta de que estávamos olhando pra ele, e vem em nossa direção.

O cabelo preto esvoaçava pelo vento que estava dando, e a pele extremamente pálida entregava que ele havia usado seu poder recentemente.

 Noah sorri de lado, e tenta arrumar o cabelo.

 Observo que Jonas o olhava sem piscar.

- Acho que prefiro gostar do Noah mesmo - meu irmão diz com uma cara extremamente fofa de bobo apaixonado.

Eu sorrio e empurro o ombro dele.
  
Noah se senta e Jonas se apoia nele.

- E então meu grande amigo comandante, como vai a vida de ser o manda chuva de tudo isso aqui? - pergunto bocejando.

- A dois passos de surtar e ir embora daqui - Noah diz com a voz séria, mas ele esboçava um sorriso minimo.

- Sumir sem deixar rastros? - digo brincando.

- Exato.

Jonas revira os olhos e da um tapa na cabeça do Noah.

- Se aguente no seu lugar Noah, se você der uma de louco e ir embora, eu dou uma de ditador pra cima de você - Jonas diz sério.

Não sei como explicar, mas naquele momento eu ri tanto que minha garganta ficou seca, e meus olhos lacrimejavam.

Noah ria também, acompanhando por Jonas, que parecia realmente feliz de ver o namorado rindo.

- Eu podia te prender por isso sabia? - Noah diz parando aos poucos de rir.

- Isso mesmo Noah, prende ele - digo entre risadas - aí você pode torturar ele e jogar numa câmara de gás.

Jonas se dobra pra frente do tanto que ria, com pequenas lágrimas escorrendo pelo rosto.

- É, façam piada mesmo - Noah diz balançando a cabeça ainda rindo.

- E melhor pararmos Heah - Jonas diz parando de rir e olhando para Noah com piedade - pobre judeuzinho.

- Não se esqueça de que ele também é gay Joe - digo também olhando pro Noah com uma falsa piedade - pobre judeuzinho gay.

- Pra merda vocês dois - Noah diz rindo.

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