O que há Sebastião?
Se o pranto regasse o que há de melhor nos homens
a humanidade seria bela como um jardim,
olhe as tulipas e suas diversas cores,
ah quem me dera que tu foste assim.Estou sempre desperta;
Feito uma mãe de primeira jornada,
ouço sorrisos em seguida murmúrios
cuidado com a pedra para não tropeçar.Sei que sou dura, difícil, não nego,
sei que meu fardo se torna maçante,
olhe pra mim sou tudo que tens,
mesmo que rima não faça sentido.O tempo é notável,
fato concreto,
nosso inimigo detentor do fim,
como uma sombra que assola seus sonhos,
pergunte a Deus o que será de ti.Caso responda digas amém,
Escute um conselho de empréstimo mútuo,
nunca se perca nos olhos do tempo
distintamente de tudo que sou,
este sujeito opõe-se a você.Estou contigo até o fim
sou sua amiga, carrasca e amante.
O tempo desata todos os nós,
Laços, amarras e vínculos.
Não é amigo, nunca será,
peso custoso de se carregar.Ame a mim, mesmo que sofras
sou preciosa, vaidosa e latente.Sou tudo que tens Sebastião, embora não consiga enxergar
e quando se enxerga a minha verdadeira face,
talvez seja a hora de ir descansar.Olhe pra mim, num simples instante
não é difícil me encontrar,
se não souber por onde estou,
diante do espelho é só me chamar.Me encarno de forma abstrata,
tolos pensam poder me explicar,
qual o sentido da vida?
- Perguntam eles.
Um silêncio abissal se faz orador.Sou a soma de todo o ser.
Quiçá um instrumento,
um acorde o som,
Me diga, sem mim,
o que irá fazer?Desperte-se logo
ou irei te deixar,
não há melodia no fim da canção,
confesse-me agora tudo que sei,
pela última vez,
o que há Sebastião?