Capítulo 6

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Deméter sentiu os olhos pesarem mesmo estando fechados. Ela pedia mentalmente para que tudo não fosse somente um sonho e que ela acabasse voltando para a cela imunda que viveu por tanto tempo. Ela se mexeu um pouco e percebeu o estofado macio abaixo de si. Então abriu os olhos devagar. Estava em um quarto meio escuro, os lençóis eram macios e suaves. Deméter olhou para o lado vendo um tipo de aparelho médico. Sua respiração entrou em combustão e as memórias vieram a sua mente, Declan.

Deméter levantou rapidamente. O movimento brusco a deixou meio tonta. Ela arrancou os acessos de seu braço fazendo com que  gotas de seu sangue molhassem a roupa hospitalar que usava. Ela então reparou que aquelas não eram suas roupas, a lembrança de ter usado algo parecido na ONW a fez querer chorar e fugir o mais rápido dali, essa que usava porem tinha uma suavidade sem igual, diferente da que já usara que era áspera de tanto ser reutilizada e fedia a morte e remédios. Sua pele cheirava a flores e isso a deixou mais calma. Após um suspiro ela levantou da cama e caminhou até a porta. Cambaleou após sentir a fraqueza emanar de seus ossos.

A porta do quarto se abriu com um empurrão. Os olhos verdes de Declan a encararam. A mulher baixinha que surgiu atrás parecia estar muito brava, era notável que ela não estava nem um pouco feliz, e Declan era o motivo, pelo olhar contante que ela lhe deu quando o mesmo olhou para trás.

— Oficial Belshoff a paciente não pode receber visitas, peço que se retire imediatamente. Ela parecia a ponto de explodir. — Mary peço que me deixe só por alguns minutos, eu a resgatei. Declan falou sério com um olhar carregado.

— Mas...

— Não se preocupe Mary, pode deixar, ele não irá demorar muito. A voz feminina interrompeu a enfermeira que ficou pasma ao virar para trás e ver a mulher de cabelos vermelhos.

— Oh ok Oficial Richter. A enfermeira pareceu quase evaporar dali de tão rápido que saiu. Deméter deu mais um passo e suas pernas falharam, Declan foi rápido a segurando agilmente, ele lhe dava a sensação de proteção.

— Uou, calma, onde você vai mocinha?. Ele disse a puxando para mais perto de seu corpo. Deméter queria dizer algo, mas novamente parecia haver um caroço em sua garganta a impedindo. Declan segurou seu corpo fraco a levando de volta em direção a cama, apesar de ter genes modificados para a fazer forte e letal, agora ela parecia mais um animal ferido e abandonado, estava muito magra por causa dos castigos sem comida durante as ultimas semanas por ter matado um segurança e um técnico. 

A mulher de cabelos vermelhos de antes reapareceu em seu campo de visão, e se aproximou mais enquanto Declan a levava para a cama. Ela tinha curvas e era linda também, essa observação fez Deméter olhar disfarçadamente para seu próprio corpo a fazendo perceber que seu corpo magro e fraco não uma opção para competir com a mulher robusta sobre a atenção de Declan, a luta também não seria, ela estava fraca demais parar se manter em pé.

— Não pode ficar aqui por muito tempo Dec, sinto muito. O apelido usado por ela a se referir a Declan irritou Deméter. Declan olhou para trás lhe dando um breve olhar comprimindo uma linha fina nos lábios. Deméter se perguntou se ele a achava atraente, o pensamento a irritou novamente. 

— Não vou demorar Margot, vou ser breve, só vim ver se ela está bem. Após, ele deu um sorriso reconfortante, o gesto aqueceu o coração de Deméter, aquele que ela nem lembrava se existia mesmo.

 — Vou precisar ir, tenho que sair para uma missão em poucos minutos, todos aqui estão para contribuir com seu bem estar, não fique com medo nem os ataque por favor, só querem ajudar, você não vai voltar mais pra aquele lugar horrível, assim que puder venho ver você, que tal me dizer seu nome?. Deméter abriu a boca mas nada saiu, ela queria gritar de fruxtação, tentou novamente, e nada. Ela se sentiu mal por aquilo. — Tudo bem, você passou por um trauma bem grande entendo não querer fala...

— Declan, precisa ir, a equipe vai sair em 5 minutos. A mulher que os espreitava ditou com cara de poucos amigos. Declan abriu um sorriso cansado. —  Fique bem ok?. Ele disse calmamente enquanto segurava o rosto de Deméter. A mulher a poucos metros soltou baixo um maldição, imperceptível aos ouvidos humanos de Declan, mas Deméter a ouviu claramente. Ela teve então a certeza de que a mulher nutria sentimentos por Declan. Deméter queria rosnar e desafia-la, mas resolveu apreciar o carinho gentil do homem a sua frente antes dele partir.

Após beijar levemente a testa de Deméter , Declan saiu pela porta seguindo da mulher que Deméter começava a nutrir um ódio.

3 anos depois...

Após a operação que libertou os cativos do Projeto Quimeras o governo teve que cuidar para que todas as quimeras tivessem onde ficar, um local para ser um porto seguro para elas pois não podiam ser simplesmente reintegradas a sociedade. Um reserva com mais de 500 hectares foi dada para a construção do lar das quimeras resgatadas, casas foram construídas pensando no conforto dos mesmos. Cercas foram colocadas para a separação da parte destinadas as quimeras do restante da vegetação. Profissionais foram contratados para ajudar na reintegração das quimeras socialmente, conceitos desaprendidos foram ensinados novamente além de esclarecimentos atuais deixando todos atualizados e confortáveis no mundo atual. A noticia da existência das quimeras e do quanto haviam sofrido causou grandes comentários e opiniões nos cidadãos. Muitos ficaram comovidos com as atrocidades passadas pelas quimeras, fã clubes foram criados e meios de incentivo a proteção das mesmas também, ouve também os cidadãos que ficaram receosos a respeito princialmente dos possíveis danos que as quimeras podiam causas a sociedade se acabassem se rebelando e o quanto seriam perigosas.

****

— Deme! Acorda! Vai!. Deméter teve o sono interrompido pela loira mais insistente de todas, ela suspirou e grunhiu enquanto seu cobertor era puxado. Ela se encolheu na esperança de que a energúmeno a deixassem dormir mais um pouco. Deméter sentiu suas pernas serem puxadas e praguejou baixinho abrindo os olhos.

— Danica já disse que você é irritante?. Danica lhe deu um sorriso amarelo, enquanto Deméter revirou os olhos em frustação, mas no final acabou sorrindo também. Danica virou uma irmã para ela. Após receber alta dos médicos, ela se viu em uma sala de espera com uma garota tremendo e chorando em uma cadeira no canto, naquele momento, em que Deméter se ofereceu para a confortar, viu o instinto de proteção aflorar dentro de si, e prometeu a si mesma que protegeria Danica do que fosse preciso.

— Ok Dani, é bom você ter um ótimo motivo pra ter me acordado. Danica sorriu largamente.

— Oh tenho sim, soube que hoje chegam os militares para fazer a segurança da reserva, e advinha!. Deméter lhe deu um olhar sugestivo. — Ok ok eu falo, eles irão treinar daqui a pouco no pátio lateral, céus homens deliciosos malhando é o que necessito de colírio para os olhos. Deméter sorriu, Danica alegrava seus dias.

O suor escorria pelo pescoço de Deméter e descia até o vale dos seios, ela suspirou ao avistar o mastro enorme com a bandeira da Alemanha. A frente havia um pátio em cimentado com aparelhos de musculação, em volta árvores enormes faziam sombra em algumas poucas áreas do pátio. Deméter sentiu ser puxada rapidamente para trás de uma árvore grossa. Danica lhe deu um sorriso entusiasmado e em seguida a guiando para trás de uma árvore mais próxima ao pátio repleto de homens.

— Céus Deme, olhe só que gostosuras. Deméter sorriu baixo com o comentário.

Danica estava certa, homens normalmente  vistos de farda ocupavam o pátio, uns com camisas regata e bermudas de treino e outro até sem camisa, as formas de malhação era aleatórias. O cheiro de suor e adrenalina era fraco por causa da distancia. Deméter tirou o fio de cabelo do rosto enquanto se esquivava para olhar melhor. Se distrair ia ajudar seu dia.

— Uou Deme! Olhe só aquele no canto, é realmente seu tipo não acha?. Danica deu a Deméter um sorriso malicioso, Deméter levou o olhar para onde Danica apontara.

A respiração de Deméter acelerou, seu coração parecia que ia explodir de seu peito, suas pernas falharam e ela deslizou até sentar no chão se encostando na árvore. Danica se assustou vendo que a amiga ficara pálida.

— O que ouve Deme? Meu deus o que você tem?. Danica parecia quase desesperada. — É ele Dani. Deméter sussurrou. — Declan... . Ela Disse quase em suspiro, Danica arregalou os olhos se lembrando de quem se tratava.

— Oh porra Deme, fodeu tudo agora.

Série Quimeras: DeméterOnde histórias criam vida. Descubra agora