Capítulo 5

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O barulho de um alarme acordou Deméter, ela então se levantou do colchão rapidamente. As luzes do corredor em frente a cela piscavam na cor vermelha deixando o ambiente macabro. Ela sabia que algo grave havia acontecido. Tiros soaram próximos, o caos parecia estar se instalando, gritos eram ouvidos também, uma confusão imensa parecia estar acontecendo no andar de cima.

Passos altos soaram se aproximando rapidamente. Deméter se encolheu no canto preparada para atacar. Figuras altamente armadas em trajes pretos cobrindo o corpo inteiro inclusive o rosto, surgiram em seu campo de visão. Os mesmos possuíam lanternas acopladas em suas armas potentes e assustadoras. Sua comunicação era rápida, não se podia ouvir quase nada por conta do barulho imenso dos outras quimeras que possivelmente entraram em pânico nas outras celas, fora o som alto de uma possível troca de tiros acima de suas cabeças. 

Seu coração palpitou quando uma das figuras de preto se aproximou da grade de sua cela, estava escuro para a perceberem, mas pareciam que isso não era um obstáculo pois ele olhava diretamente para ela sem desviar. Ele então tirou uma outra arma de seu coldre, essa era menor, a mesma brilhou forte enquanto ele parecia cortar a trava da entrada da cela.

O peito de Deméter parecia queimar, e ela já se preparava para morrer, devem ter cansado dessa merda toda e enviaram esses para matar todos. Um suspiro sofrido escapou de seus lábios, sua garganta ficou seca e ela se recusava a morrer sem pelo menos tentar se defender ou matar um deles também. Tomou uma respiração forte ao ver a figura escura adentrar calmamente a cela. Deixou que suas presas se alongassem e as garras eriçarem para fora. O "ser" a sua frente focou a luz da lanterna em seu rosto a cegando momentaneamente, ela então rosnou em forma de ameaça.

Declan tinha a plena certeza de que a missão para investigar a denuncia feita por um enfermeiro a respeito de experiências ilegais com seres humanos ia ser uma merda das grandes, e ele estava certo. O prédio localizado em uma zona distante na periferia de Frankfurt am Main* tinha uma aparência macabra por fora, estava ao olhar de quem passasse totalmente abandonado. Ao adentrarem o local acharam o elevador que os levou para o subsolo e então o caus começou, homens armador atacaram sua equipe e então Declan foi forçado a pedir reforços que estavam posicionados a poucos metros do prédio em posições estratégicas. Logo em seguida o processo de confiscar e averiguar o prédio inteiro foi sendo feito com eficacia, ouve trocas de tiros vinda da retaliação dos criminosos que residiam o prédio. A equipe de apoio logo tomou parte da ação e Declan e sua equipe desceram pelas escadas até o andar de baixo.

Um corredor com celas foi encontrado, e na primeira havia três pessoas deitadas no chão, pelo fedor percebeu que estavam mortas, entre eles uma moça que aparentemente não tinha mais que 25 anos, inerte no chão sujo, seu roto pálido e os olhos fechados a deixavam com uma aparência calma, olhando de longe não aprecia haver uma causa física externa para sua morte, ele só esperava que ela não houvesse sofrido tanto. Declan respirou fundo e continuou a seguir pelo corredor. Nas próximas celas pareciam haver pessoas, ou seja lá o que elas eram agora. Rosnados altos era ouvidos e som de arranho nas paredes também. Oh deus o que fizeram com essas pessoas?!. 

— Libertem todos, acho que passaram por um tipo de experiência, não atirem, passem calma e confiança, precisamos tira-los daqui, rápido!

Todos assentiram e então sua atenção foi para a cela a sua esquerda, estava escura mas com a máscara permitindo visão noturna, ele notou a mulher encolhida no canto. Seus olhos brilhavam e ela parecia pronta para despedaçar qualquer um que se aproximasse. Declan se aproximou da grade tirando a pistola de solda de seu coldre para cortar a trava da cela. Ele adentrou calmamente para não assusta-la e focou a lanterna em se rosto, o som de um rosnar o deixou apreensivo. Ele observou as presas pontiagudas e as garras afiadas e ficou horrorizado com o tipo de experimento que a mulher a sua frente deve ter passado. Declan abaixou a Ak e tirou a máscara que cobria seu rosto.

— Esta tudo bem, eu não vou machuca-la, meu nome é Declan, eu e minha equipe viemos para libertar você e os outros, qual o seu nome?. Ela não respondeu, ele foi compreensivo, ela confiava nele totalmente, isto é, se é que tinha um nome.


Deméter queria dizer algo, mas nada saiu além de um pequeno grunhido. O homem a sua frente não parecia mais demonstrar ser uma ameaça, pelo contrário ao abaixar sua arma ele acabou lhe dando a chance de até mesmo matá-lo sem saber. Os olhos verdes lembravam-na de uma memória distante de um campo verde, ela sentiu suas pressas recuarem e as garras também, o som de sua voz era forte e potente mas ao mesmo tempo confortante. Ela queria acreditar nele, e pela primeira vez resolveu dar um voto e confiança para um humano, ela queria acreditar que ele a tiraria dali, queria acreditar nele.

— Olha fique calma ok? eu prometo que não vou deixar nada acontecer com você. Seu tom era calmo, quase sussurrando, isso despertou algo dentro do peito de Deméter e ela queria saber o porque.

Ela se aproximou esperando toca-lo. Declan ficou tenso. Ele virou de costas calmamente e caminhou em direção a porta da cela, em seguida olhou para trás e lhe deu um meio sorriso cansado.

— Vamos? precisamos sair daqui. Deméter assentiu e o seguiu. — Fique perto de mim por favor. Ele disse suavemente e Deméter fez o que ele pediu.

Ele saiu da cela e se posicionou em frente a mesma, Deméter pôs os pés para fora da cela pela primeira vez sem ser para ser levada a força para a sala de teste ou para mais experiências de resistência. Ela queia chorar mas se conteve, aquele não era o momento.

Ao sair e olhar pelo corredor percebeu que os outros humanos de preto faziam o mesmo que Declan fez com ela, eles estavam libertando os demais. Declan então começou a caminhar para a porta no final do corredor, ela estava escancarada, o fedor de morte ficou forte, e ela teve a certeza que eram mais experiencias que deram errado, ela evitou olhar para os corpos ao passar pela cela de reciclagem, onde jogavam todos que não sobreviveram ao processo. Eles passaram rápido pela porta no fim do corredor. Caminharam por uma escada até outra por de ferro, a porta a frente era de um elevador, eles então adentraram. Ela tentou controlar sua respiração ofegante. A porta do elevador se abriu e eles então seguiram pelo corredor a sua frente. O mesmo parecia abandonado. A por no final do corredor se abriu e ela viu a claridade excessiva iluminar o corredor escuro. Declan continuou e Deméter se posicionou um pouco atrás dele. 

A visão que teve posteriormente foi avassaladora. Havia árvores e construções, um céu azul com tons de branco que a deixavam admirada com tamanha beleza. Mas sua contemplação ao novo mundo visto não durou muito. Em seguida percebeu varias máquinas grandes e muitos humanos, uns vestidos iguais Declan e outros com roupas brancas, algumas parecidas com as dos médicos que maltrataram Deméter. Ela então entrou em posição de ataque alongando as presas e as garras afiadas, armas foram apontadas  para ela, e a consciência de queria machuca-la foi sentida dentro de seu peito, Declan mentiu? eu confiei nele.

— NÃO! ABAIXEM AS ARMAS, A ESTÃO ASSUSTANDO, ELES PASSARAM POR EXPERIÊNCIAS, IRÃO RETALIAR SE ATACAREM!

— ELE ESTÁ CERTO ABAIXEM AS ARMAS AGORA! É UMA ORDEM!. Uma mulher com cabelos vermelhos gritou.

Deméter rosnou para a mulher que se a aproximava de Declan, a mesma que gritou, ela então tocou sem ombro a deixando irada. Deméter puxou Declan o colocando para trás de seu corpo e rosnou mais alto para a mulher a sua frente para ela se afastar.

— MEU!. Ela rosnou ameaçadoramente, alto e claro.

A mulher fez uma cara surpresa e em seguida olhou para Declan estupefata. Deméter avançou coma as garras prontas para rasgarem-na. Um som de disparo soou, ela sentiu algo em seu braço, uma pequena seringa verde espetada perto de seu ombro, ela virou para trás olhando para Declan que a olhava em choque, o homem atrás dele com um arma a olhava seriamente enquanto colocava outra seringa em sua arma. As pernas de Deméter falharam e ela cambaleou, Declan foi rápido em segura-la.

— Eu sinto muito. Ele sussurrou. Ele a havia traído? havia mentido?. O cansaço atingiu Deméter e sua última lembrança foram os olhos verdes a observando enquanto caia em seu poço de inconsciência novamente.


Frankfurt Am Main*- Cidade localizada à beira do rio Meno na região central da Alemanha, é considerada a cidade mais perigosa da País.

Série Quimeras: DeméterOnde histórias criam vida. Descubra agora