⎊ N a r r a d o r ⎊
Duzentos anos se passaram desde o nascimento Talissa, e sua popularidade crescia cada vez mais no Olimpo. Mesmo sem poderes mágicos, a destreza e estratégia herdadas da mãe a faziam uma bela guerreira, que agora começava à treinar para lutar ao lado de grandes heróis como Teseu, Perseu e Hércules.
Os doze grandes deuses não esqueceram de seu oráculo, e temiam uma possível destruição do Olimpo no futuro, mas tinham fé na menina. A parte da profecia que dizia que Talissa traria paz ao lar dos deuses fora cumprida, pelo menos. Em duzentos anos não houve nenhum ataque, rebelião ou invasão, fazendo os deuses ainda mais crentes que o destino dela já era certo.
— O quê está lendo? — Ouviu Harmonia questionar, sentando à sua frente.
— Como matar mantícores. — Respondeu, concentrada e sem vontade de conversar.
— E pra que vai querer saber disso?
— O nome é auto explicativo. — Responde, impaciente.
— Você não vai precisar batalhar. Não precisa saber disso.
— Ora, porquê não?
— Não vai adiantar. Não tem poderes.
— Nem tudo se resume à poder mágico, Harmonia. Minha mãe não derrota o seu pai por ter poder. Inteligência e habilidade é o que me basta, e isso eu tenho aos montes.
— Não me faça rir, Talissa. Você não bate nem Hefesto, e ele é incapaz de usar as pernas. — Disse a mais velha em um tom de deboche que trouxe desgosto à mais nova.
— Você realmente vive no seu mundinho, não é? Eu estou vivendo a vida que quis, Harmonia. Aprendi a batalhar e usar as habilidades que herdei de minha mãe, e estou fazendo isso melhor do que jamais imaginei. E você? O que fará? Ficará aí deitada, vendo a vida passar pelos seus olhos e se envolvendo com deuses pequenos que não tem nenhum atrativo? Se quer falar de poder, também não pode. Se eu não tenho poder, você tem ainda menos. — Responde, fechando o livro com uma pena de marcador e saiu da companhia da mulher.
Talissa já havia vivido duzentos e trinta anos no Olimpo, e as provocações por não ter habilidades mágicas como seus antecessores alguma ainda persistiam. Ela se sentia mal em revidar com grosseria, mas era necessário. Não seria mais motivo de piada entre aqueles que não gostavam dela. Se não queriam sua companhia, que ficassem longe então.
Furiosa, ela caminhou de volta para o quarto, guardando o livro na sua prateleira sobre monstros. Deitou-se na enorme cama, observando a espada que Ártemis tinha lhe dado quando era bebê e sentindo um desapontamento enorme. Ouviu batidas na porta mas não teve coragem de ir até lá e apenas mandou quem quer que fosse adentrar o cômodo.
A imagem de Ártemis se fez, e como se soubesse exatamente o que ela estava pensando, a deusa mais velha olhou diretamente para a espada, sorrindo ao vê-la pendurada e sem um arranhão, afinal, Talissa nunca havia usado. Não por falta de vontade, mas por medo de não se sair bem.
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𝐏𝐇𝐎𝐄𝐍𝐈𝐗 ꩜ loki laufeyson (✓)
Historical FictionA ira familiar causada por uma 𝐏𝐑𝐎𝐅𝐄𝐂𝐈𝐀 e a bondade do guardião Heimdall unem Midgard, o mundo dos homens e deuses, à Asgard, a cidade dourada, trazendo uma jovem deusa guerreira para um mundo ainda desconhecido. Longe de sua família e tudo...