Capítulo II

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 Eu nem sempre fui essa pessoa fria e amarga que deseja a morte a todo o custo

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 Eu nem sempre fui essa pessoa fria e amarga que deseja a morte a todo o custo. Foi por isso que eu me inscrevi no site "Amor com data marcada"* há alguns dias. Tinha a esperança de passar um Natal com alguém legal, transando sem compromisso mesmo que eu tivesse que pagar por isso, entretanto, perdi as esperanças quando meu par correspondente parou de me mandar mensagens. Talvez, mesmo eu sendo uma cliente em potencial, eu não fosse interessante o bastante para que ele desperdiçasse seu tempo trabalhando para mim por uma noite.

 Mesmo pertencendo a um passado tão tão distante, lembranças felizes permanecem vívidas em minha mente como um lembrete de uma vida que jamais retornará. Eu daria tudo para poder retroceder e congelar o tempo em uma época onde a ansiedade e pressão diária ainda não haviam me alcançado, contudo, é tarde demais. Tudo o que eu possuo é o presente incerto e assustador, que prende meus pulsos e me arremessa contra o sofá enquanto aponta uma arma em minha direção.

 – Não grite e vai ficar tudo bem. – o homem que porta o revolver tenta me tranquilizar, contudo, seu olhar vítreo faz meu sangue congelar em suas íris azuis. 

 Ele, assim como os outros dois, não se preocupa em ocultar o rosto e sequer pede para que eu não os encare, fator que colabora para meu crescente medo. 

 Aceno afirmativamente com a cabeça e engulo em seco, ousando passear meus olhos por suas feições jovens e sombrias, e quando enfim encaro o último rapaz, aquele que parece o mais velho do grupo com talvez uns vinte e cinco anos, seus lábios se contorcem em um sorriso débil. Seu rosto é fino e levemente alongado, e seus olhos são de um castanho intenso, capazes de sugar minha alma como um buraco negro.

 – Você tem uma casa muito bonita. Seria falta de educação não nos convidar para entrar. – ele diz, estreitando os olhos. – Mas demos um jeito nisso, não é? 

 Encolho-me no sofá e suspiro, tentando controlar minha respiração. 

 – O que querem? – minha voz sai baixa e trêmula. – Eu não tenho dinheiro, mas o que vocês quiserem podem levar. 

 – Incluindo você? – o outro homem, de orbes igualmente negras e covinha no queixo sorri e morde o lábio inferior, dando um passo em minha direção. 

 – O que? – arregalo os olhos e quase gaguejo. 

 – Valak é sempre tão direto. – o mais velho refere-se ao companheiro. - Isso é jeito de tratar uma garota?

 Aquele denominado Valak revira os olhos e solta uma lufada de ar pelas narinas no mesmo instante em que estaca em seu lugar.

 – Desde quando você começou a bancar o puritano, Andras? Até onde eu me lembre, você costuma se divertir com olhares de pavor.

 Andras, Valak... esses não poderem seus seus nomes verdadeiros, então julgo se tratarem de codinomes. Com o coração acelerado, pego-me pensando se o terceiro invasor também usaria um pseudônimo.

Quando soam os sinos [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora