Capítulo III

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Assim que retorna, Akoman é posto a par de sua missão

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Assim que retorna, Akoman é posto a par de sua missão. Ele segura a arma, mantem o dedo indicador no gatilho e sorri abertamente quando os outros dois deixam a sala. 

 Respiro fundo e me atrevo a olhar em sua direção. Suas feições não mudam. Seu sorriso sádico permanece estampado no rosto alvo, contudo, seu olhar parece mais profundo e mordaz. Ele me fita como se me desafiasse, ansiasse por uma reação para que tivesse um pretexto para descarregar o pente em meu peito. 

 – Por que não atira em mim? – arrisquei, imaginando se meu desejo de hoje mais cedo se concretizaria.

 Akoman arregala os olhos e levanta as sobrancelhas, parecendo estar curioso.

 – Atire em mim. – insisti. 

 – Por que eu deveria fazer isso? 

 – Você tem uma arma e eu tenho um forte anseio pela morte. – tento convencê-lo, desejando pular a parte onde eles me torturam e ir direto para a parte onde uma bala encerra meus impulsos nervosos e enfim posso descansar em paz.

 – Mas ai não teria graça. – ele responde, e mais uma vez o meu sangue congela. 

 Agora vejo que é mentira o que dizem sobre estar perto da morte. Não passa um filme na sua cabeça e você não se lembra de seus arrependimentos em vida. Você se agarra ao presente, e apenas a ele, e luta pelo privilégio de respirar por mais um dia. No meu caso, porém, não sinto a necessidade de permanecer viva. Nunca senti. Gostaria apenas de me desligar desse mundo antes que esse trio realize suas fantasias perversas comigo.

 – Eu não era assim, sabe? Ficando sozinha em casa enquanto minha família viaja, conversando com estranhos na internet... – dissimulo, tentando despertar pena nele. 

 – Ah, é mesmo? – sua voz carrega cinismo. 

 Ele troca a arma de mão, em um visível gesto de intimidação. Engulo em seco, no entanto, mesmo assim prossigo, suando frio.

 – Já fui feliz um dia. Mas já faz tanto tempo que é como se tivesse sido em outra vida. Você tinha que ver. Eu era sorridente, cheia de vida. - forço um sorriso. – Estudava duro, tinha amigos, uma família unida... mas parece que agora não me sobrou nada. Meus dias são todos iguais. Odeio o meu emprego e parece que tudo o que faço, dentro ou fora do escritório, não é o bastante.

 Akoman estreita os olhos, umedece o lábio inferior com a língua e bate as mãos uma na outra vagarosamente, emitindo palmas sonoras e sarcásticas. De repente ele cessa as aclamações, adotando uma expressão mais dura, contudo, igualmente bem humorada.

 – Pobre e incompreendida Mallory. Vivendo em uma casa enorme com quintal com cerquinhas brancas. Ela tem tudo. Emprego, família, está quase se formando na faculdade... – ele senta-se na mesinha de centro e bate os coturnos no chão. – e mesmo assim não é feliz. – o rapaz faz beicinho. – Eu tenho pena de garotas como você, que tem o mundo nas mãos e mesmo assim são mal agradecidas. 

Quando soam os sinos [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora