I Said, Certified Freak...

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é, então
é isso
Até!

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Segurei o peixe azul em minhas mãos com força, rezando. Não que fizesse algum sentido, já que o medalhão em nada se ligava à religião. Ainda assim insisti, desesperado. Pedi proteção, juízo, ajuda, conselhos e força. E me desesperei ainda mais ao não receber tudo isso instantaneamente.

A imagem do "baseado" em sua mão direita não abandonava minha mente. A via sempre que piscava. Jurei ter visto fumaça adentrar o quarto por debaixo da porta. Me virei exasperado.

Não havia nada.

Tudo bem, tudo bem. Eu só estava vendo coisas, nada demais. Todo mundo enlouquece um dia, não é? Melhor perder o juízo enquanto se tem saúde e juventude. 

Mas o que eu estava pensando? E como sequer podia pensar? Havia um homem usando drogas na sala. Ali, quase colado ao meu quarto. Oh, meu Deus…

Comecei a sentir falta de ar. Comecei a tremer. Engasguei. Meu coração disparou. 

Então era daquela forma que eu morreria? Apavorado pela imagem de um maconheiro? Jesus, eu realmente desejava mais para mim…

Determinado a sobreviver, me forcei a levantar da cama e respirar fundo. Porém minhas pernas fraquejaram. Eu caí e encolhido no chão próximo à cama, esperei a morte.

Ainda rezando no chão, alcancei meu celular com a mão esquerda e mandei mensagens a Namjoon e mamãe.

Nam… tem algo que eu deve saber sobre Jungkook?

Mamãe, por favor, reze mais por mim. Não quero te alarmar, mas acho que estou debaixo de uma chuva de azar. Socorro.

O tempo se passou. Uma, duas horas e meia… Eu andava pelo quarto em círculos. Joguei um jogo em meu celular para passar o tempo. Até que a morte veio. Na forma de mais pavor e vergonha.

ㅡ Cara… o que você tá fazendo? ㅡ Jungkook perguntou, me olhando temeroso da porta. Saber que antes havia em sua mão um cigarro me fez voltar a rezar. ㅡ Tá, tudo bem. Termina a sua prece aí e… aparece para jantar. Quando quiser. Se quiser. ㅡ Riu sem graça, logo saindo. ㅡ Deus…

Mesmo que me sentisse ridículo, não podia me controlar. Todas as minhas fibras e células estavam tremendo de medo. Eu nem sabia dizer de que era o medo!

Talvez de sermos pegos pela polícia, eu ganhar passagem pela cadeia e jamais conseguir um bom emprego… Talvez de ser persuadido e acabar me tornando um viciado sem vida que passa mais noites na rua do que em casa e tem mais cigarros na boca do que comida. Eu não sabia. Só sabia que estava com medo.

Após me recuperar do choque, minha respiração voltou ao normal e eu pude caminhar. Desejando saber onde era o banheiro, saí a procura de meu guia. Meu guia… que fumava maconha. Deus, aquilo não saía da minha mente.

Tentei articular uma pergunta ao adentrar a cozinha, no entanto, minha voz sumiu tanto quanto antes e a falta de ar veio com tudo.

Ele estava cozinhando. Fritando batatas. Usava uma calça de moletom. Estava sem camisa.

Por que estava sem camisa?

Ah, sim. Ele morava ali.

E agora eu também.

Deus.

ㅡ Ah, você veio. Gosta de batatas? ㅡ perguntou, balançando a frigideira. Seus olhos ainda estavam um pouco vermelhos. Apenas assenti com a cabeça e decidi achar o banheiro sozinho. Acenei e saí. Ele deu de ombros.

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