April Twenty Eighth

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A parente de TaeHyung corria pela casa enquanto tentava encontrar o seu casaco para a entrevista de emprego. TaeHyung já lhe dissera que o objeto estava consigo, porém com tanta pressa, ela não lhe deu ouvidos.

- Ok, já chega! - apertou a rapariga pelos ombros. - Aqui está!

- Mas como?

- Há quase meia hora que te tento dizer que a porra do teu casaco está comigo! Achei-o no chão do andar de cima, ele estava para lá atirado. - TaeHyung suspirou entregando-lhe. - Agora vamos, estás quase atrasada e adivinha? - sorriu sarcástico. - A culpa é tua, como sempre. - piscou o olho vendo a outra irritada. - Vamos, ouvi dizer que o teu novo patrão não aceita atrasos. - a outra desesperou-se ainda mais e o mais novo riu.

- Se te ris de novo, ponho-te para fora de casa!

- Calma aí priminha, quem paga as contas sou eu. - ficou com cara séria indicando-lhe a saída. - Vou só à cozinha buscar o meu telemóvel e encontramos lá fora. - ela assentiu  e saiu enquanto o maior foi buscar o seu aparelho eletrónico ao cómodo referido por si mesmo.

Caminharam até à praça de táxis quando se encontraram fora de casa e pediram ao condutor que os levasse até à empresa que ficava a sete quilómetros. Mantiveram a conversa em dia e o taxista juntou-se, ficando um ar agradável dentro do automóvel.

- É a empresa de Kim NamJoon, certo? - a mulher assentiu. - É já ali. - o senhor que estava ao volante apontou subtilmente para o grande edifício.

- Ela vai tentar conseguir o emprego. - TaeHyung sorriu e sussurrou quando a sua prima saiu do carro. - Mas aqui entre nós, ela vai falhar completamente. - os dois homens riram baixinho.

- Cala-te e anda! - puxou o mais novo pelos cabelos para fora do táxi. - Aqui tem e obrigado, tenha uma boa tarde. - a mulher pagou esboçando um sorriso.

- Vocês também. - o senhor mais velho acenou indo embora depois de TaeHyung ter dito que ele podia ficar com o troco.

- Lembra-te deste dia, vinte e oito de abril.

- Porquê? - perguntou confusa ao começar a andar para o local da entrevista. Olhou para o primo com uma sobrancelha levantada, pois já sabia que dali não vinha boa coisa.

- Não é difícil saber o porquê, afinal vais ser humilhada e não vais conseguir o lugar numa empresa tão famosa quanto esta. - recebeu uma forte palmada na parte de trás da cabeça.

- Eu gostaria de saber porque é que te pedi para vires comigo… - negou com a cabeça.

- Porque me amas e porque a tua querida melhor amiga não pôde vir. - disse sincero.

- Retira a primeira parte e essa frase fica perfeitamente verdadeira.

Ambos meteram a língua de fora e sorriram depois. Mesmo discutindo de vez em quando, eles gostavam demais um do outro, no entanto Kim TaeHyung nunca admitiria isso, preferia dizer que ela era chata.

A prima dele respirou fundo quando se aproximaram da porta de entrada, sentindo-se nervosa. Foi tranquilizada pelo outro que passara o braço pelos seus ombros. Entraram no grande edifício e foram até à recepção, perguntando se Kim NamJoon estava na sua sala para a entrevista marcada às doze. A recepcionista disse para eles esperarem um pouco e para se sentarem que ela iria avisar o patrão que a prima de TaeHyung já tinha chegado.

- Com licença. - uma mulher de óculos e com um coque interrompeu a conversa dos primos chamando a familiar do vidente. - Apenas ela. - disse quando TaeHyung se lavantou também.

- Vou ser direto. Se eu não entrar com ela, ela vai sair-se horrivelmente mal e depois vai deixar a sala de NamJoon a correr enquanto chora. Não quer que uma pessoa saia daqui assim, não é? - a trabalhadora do local arqueou a sobrancelha direita pensando que o outro estava a exagerar.

- Não é caso para tanto, Tae-ah. - a prima dele riu baixinho.

- Eu vou com ela e está decidido. Leve-nos até ao seu chefe. - bateu levemente nas costas da mulher de coque que se sentiu indignada, mas que os levou até ao escritório do seu superior.

- Marcaram duas entrevistas para a mesma hora? - o homem que TaeHyung julgou ser o outro Kim questionou surpreso.

- Não. Eu só lhe vim dar apoio moral. - o vidente não deu muita importância e encostou-se à parede. - Finjam que não estou aqui.

- Kim NamJoon, vinte e cinco anos. - estendeu a mão.

- Park YuJin, vinte e oito. - cumprimentou-o. - Permita-me perguntar como é que um homem tão jovem conseguiu um cargo tão importante.

- O negócio é do meu pai. - deu uma breve explicação à mulher antes de começar a fazer as perguntas necessárias.

TaeHyung olhou em volta do cómodo cruzando os braços enquanto ouvia palavras serem pronunciadas, mas não percebia quais. O seu olhar parou na mesa de escritório de Kim NamJoon onde viu um isqueiro junto a uma estátua que ali estava pousada. Sentiu que algo aconteceria naquele dia com aquele objeto, então esperou pelo término do encontro entre a sua prima e o outro homem.

- Yu, espera por mim lá fora. Tenho uma coisa para conversar com ele. - ela ia interrogá-lo do porquê daquilo, mas decidiu ficar calada e sair da sala.

- A entrevista já acabou. - Kim NamJoon disse ao ver que o outro não tinha saído.

- Vais a algum lado hoje?

- Hm? - fez uma cara totalmente confusa. Como é que ele sabia disso?

- Podes só responder à pergunta?

- Não me lembro de lhe ter dado intimidade para falar assim comigo.

- Certo. - suspirou sem obter uma resposta concreta. Chegou perto do mais velho e tocou na sua testa. - Vais a casa de um amigo hoje às cinco da tarde e ele terá que sair para ir buscar alguma coisa que não consegui ver o que era. Vais para a varanda e queres ir fumar, mas vais deixar o isqueiro cair e queimar o tapete. Deixa uma toalha ou um pano no sofá, vais precisar dele para isso. Podes não acreditar em mim, mas eu espero que faças isso. - virou-se para sair. - Kim TaeHyung, um vidente de vinte e quatro anos. Adeus Hyung.

Saiu indo ter com a prima enquanto deixou NamJoon chocado. Apesar de não conhecer o outro, decidiu acreditar nele, aquilo podia realmente acontecer. E se ele queimasse a casa toda? Mas vale prevenir que remediar.

NamJoon pensou naquilo o resto da tarde até ir para a casa do seu amigo. Ele disse que teria que ir comprar algo e como não havia nada para fazer, ele caminhou em direção à varanda para ir fumar e, tal e qual como TaeHyung havia dito, o isqueiro caiu, incendiando o tapete da sala. Por sorte, ele tinha levado um pano da cozinha consigo e deixado no seu ombro. Conseguiu apagar o fogo a tempo e sorriu aliviado, indo fumar.

Sexta feira, dia um de maio, o Kim mais velho chamou o Kim mais novo ao seu escritório através da prima dele.

- Então? - TaeHyung disse escorregando um pouco na cadeira.

- Ainda bem que nos encontrámos. - ele sorriu amigável agradecendo ao outro.

- Estou contente de que tenhas acreditado em mim.

- Comprei-te uma prenda, mas não sei do que tu gostas, então foi meio que ao calhas, perdão. - entregou uma pequena caixa com três pares de brincos e dois anéis.

- Eles são muito bonitos! - TaeHyung agarrou no brinco em forma de pena. - Este é o meu preferido. Obrigado. - sorriu.

- A tua prima está à tua espera. - indicou com a cabeça para que ele olhasse para a porta. TaeHyung assentiu e ambos se despediram.

Após observar a caixa com mais cuidado viu ali umas palavras escritas à mão na folha branca e leu a mesma.

VoyantOnde histórias criam vida. Descubra agora