Voyant

May Seventh

- Porque é que o super mercado está sempre tão cheio ao fim de semana? - TaeHyung reclamava enquanto se arrepiava por estar rodeado de tanta gente. - Pessoas são tão… ew. - suspirou tentando manter a postura e continuando a comprar as coisas necessárias para a casa que estavam na lista dada pela sua prima.

Após colocar tudo o que precisava no carrinho, foi para a fila e esperou que aquela gente toda à sua frente saísse para ser, finalmente, a vez dele. Enquanto a empregada da caixa passava os códigos de barras pelo leitor, TaeHyung não pôde deixar de ouvir a conversa atrás de si.

- Não e não.

- Ele é novo, Yoon. Dá-lhe um desconto. - o seu amigo tentava acalmá-lo.

- Já disse que não. Não confio nele e ponto final. - o tal de Yoon bufou. - Aquele novo trabalhador tem cara de criminoso e HiJae, tu sabes muito bem que quando eu sinto algo, acontece sempre!

- Isso é o que dá seres de peixes… - o outro negou com a cabeça logo recebendo uma palmada com força na parte de trás da mesma. - Au! Caralho YoonGi… - murmurou para as outras pessoas não ouvirem. - Pqra quê tanta força?!

- Ficas aí a falar mal do meu signo, achas isso bem? - o mais baixo respirou fundo. - Se não queres acreditar em mim tudo bem, mas se algo acontecer, eu vou dizer-te que te avisei bem na tua cara. - o de cabelos pretos colocou na face um sorriso gengival. Virou um pouco os olhos e viu TaeHyung olhar para si. - Tenho alguma coisa na cara?

- Hm? Não. - o vidente sorriu-lhe recebendo em troca um olhar de desaprovação com um levantar de sobrancelha.

Agarrou nas suas compras depois de pagar e saiu da fila, esperando que os dois amigos pagassem também. Seguiu-os até à zona da restauração e viu que o mais baixo se havia sentado numa das mesas para guardar as compras enquanto o de cabelos loiros tinha ido pedir a sua comida. Caminhou até ele e sentou-se à sua frente.

- Está ocupada, não viste? - já sem paciência, proferiu grosseiro.

- Kim TaeHyung, vinte e quatro anos. - ele não ligou ao tom alheio e estendeu a mão. - Sou vidente e gostaria de te ajudar. Se me deixares, eu poderei ver se esse trabalhador é realmente mau ou não.

- Eu não falo com estranhos, mas… Não vou nem um pouco com a cara daquele ser humano. Isto é, se ele for mesmo um… - disse pensativo. - Tudo bem. O que tenho que fazer?

- Só tens que me dar a mão. - o de cabelos pretos assentiu com a cabeça fazendo como tinha sido dito. TaeHyung fechou os olhos respirando fundo. - Que dia é hoje?

- Segunda, quatro de maio.

- Esta quinta, dia sete. Na hora da pausa, um homem chamado WooJin vai até ao teu casaco, agarra na tua carteira e tira-te o dinheiro que lá tens. Ele tentará fugir pela entrada normal ao dizer que estava doente ao vosso patrão. Não sei se esse é o empregado que não gostas, mas é o que vai acontecer.

- Sim… Sim, é ele… - a pessoa à frente do mais alto disse com a boca um pouco aberta.

- Fecha ou ainda te entra uma mosca. - riu brincando e levantando levemente o queixo alheio para cima. Ouviu o telemóvel tocar e levantou-se. - Eu tenho que ir, mas aconselhava que tentasses fazer algo para impedir isso. - sorriu uma última vez agarrando nas suas coisas.

- Espera! Eu… posso ficar com o teu número?

- Fui mais rápido. - apontou para a mesa onde tinha sido deixado um papel com a letra do vidente. - Depois pagas o que me deves. - piscou o olho indo embora.

- Min YoonGi, vinte e sete anos! - disse mesmo pensando que o outro não tinha escutado, porém sim, TaeHyung ouviu.

Nada aconteceu durante os outros dias, exceto à quinta feira. YoonGi montou um plano como sugerido pelo vidente após saber o que o criminoso do seu colega faria. Tratou de chamar a polícia e, apesar destes não terem acreditado que um vidente lhe tinha contado aquela história, eles decidiram ajudar o cidadão. Depois de Lee WooJin roubar o seu dinheiro, os polícias, que estavam no café vestidos com roupas casuais, prenderam-no ao ver que a história contada por YoonGi era verdadeira.

Era sexta feira naquele momento. TaeHyung acabara de se arranjar para sair.

- Onde me posso encontrar contigo?

- Eu irei ter contigo ao local onde nos conhecemos. - disse e desligou a chamada que tivera durante pouco tempo com YoonGi.

Pegou na sua bolsa e pôs lá dentro o que achou necessário. Saiu de casa sem dar satisfações à prima que gritava com ele a perguntar onde ele ia quase à hora de jantar. Caminhou até ao centro comercial e achou o mais baixo à porta do grande local. Ambos se admiraram um ao outro e depois fixaram os olhares.

- Vamos. - o mais velho entrelaçou o seu braço ao do TaeHyung e andaram até ao parque de diversões noturno da cidade. - Não é um grande presente, mas eu gosto de vir, é como se fosse o meu sítio especial. Não trago muita gente aqui, então sente-te honrado. - forçou a ponta do dedo no peito do maior e puxou-o devagar até à bilheteria, pagando por dois bilhetes.

Entraram e seguiram para a montanha russa, o que parecia ser o local favorito dos dois, visto que andaram várias vezes em cada uma das existentes ali. TaeHyung ainda que morasse em Seoul há tanto tempo, não sabia que havia um lugar daqueles, ele queria ter ido ali há mais tempo. Andaram juntos em todos os brinquedos que eram para adultos, mesmo que YoonGi tivesse medo de um ou outro, e jogaram alguns jogos que lá existiam.

O vidente achou muito divertido e agradeceu ao mais velho por o ter levado ali. Quando já estavam fartos de andar nas diversões, foram até à loja de recordações e compraram uma coisa para casa um.

TaeHyung tinha oferecido um porta chaves com um gato ao YoonGi, ele disse que eles eram parecidos. Já o de cabelos pretos deu-lhe uma t-shirt que tinha um cão estanpado.

- Pareceu-me que gostaste dessa camisola, então aí a tens. - o sorriso de YoonGi fez o outro também sorrir. - Ficaste um bom tempo a admirá-la.

- O meu cão é igual a este. - riu. - Obrigado pelo presente.

Regressaram ao centro comercial, pedindo um táxi para cada um. Ao chegar a casa, TaeHyung reparou que a sua mochila estava um pouco aberta e tinha um papel lá enfiado.

- Eles gostam mesmo de me escrever, não é? - gargalhou fazendo que não com a cabeça e leu o que lá estava escrito.