May Eleventh

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Era tarde de domingo e Kim TaeHyung estava a relaxar no banco de jardim. Suspirou ali deitado de olhos fechados, encantado com o silêncio que aquele local tinha, no entanto logo foi interrompido por uma voz masculina.

- Eu tenho a certeza que é para ali… - o rapaz que ali passou disse enquanto continuava o seu caminho pelo chão de pedra do parque.

TaeHyung levantou o tronco e sentou-se, vendo que o outro andava perdido. Ele riu achando aquilo engraçado e andou até tocar no ombro alheio, assustando a outra pessoa.

- Estás à procura de algum lugar específico? - o Kim perguntou com um sorriso.

- Hm… Eu gostaria de saber onde fica o…

- O? - inclinou a cabeça para o lado.

- Perdão, estão-me a ligar. - pediu um minuto de silêncio. - Yeon Hyung! Sim, estou completamente perdido…! - disse suspirando. - Hm… Estou num parque no centro. É perto?! Ótimo! Uhum. Estou a ir, obrigado. - desligou aliviado. - Eu tenho que ir. - agradeceu a TaeHyung e saiu a correr.

- Onde será que ele irá? - levantou levemente a sobrancelha e encolheu os ombros, não se importando muito.

Voltou ao conforto do banco de jardim, apreciando o não barulho daquele local cheio de verdes, podendo ser visto tanto nas folhas das árvores quanto nos arbustos. Mas como tudo o que é bom dura pouco, TaeHyung tornou a ouvir ruídos, percebendo que se tratavam de crianças. Umas a correr, outras a gritar e a rir e mais umas a jogarem futebol.

Fechou os olhos e respirou fundo tentando ignorá-las ao máximo. Os sons dos seres humanos pequenos desapareceram, TaeHyung apenas era capaz de ouvir a natureza. No entanto, abriu os olhos após ter uma visão sobre o que acontecera com aquele rapaz que havia visto há poucas horas atrás. Não tinha como o contactar e não sabia o que ele procurava, pois este não acabara a frase.

Caminhou até casa e tentou encontrá-lo na internet, ele sabia lá se por acaso não era alguém famoso. Era quase uma da manhã quando finalmente encontrou Kim SeokJin, um dos mais importantes advogados de Ilsan que tinha ido naquele dia a um tribunal em Seoul.

Conseguiu a sua rede social e não hesitou em mandar-lhe mensagem. TaeHyung referiu que o homem que SeokJin havia conhecido mais cedo era um vidente e que no dia seguinte, na continuação daquele tribunal para decidir o destino final do seu cliente, ele iria perder o relógio da sua família que havia sido passado de antepassado em antepassado. Para que não o perdesse mesmo, ele deveria de ir perguntar ao segurança se não tinha encontrado algum objeto perdido.

Desligou o ecrã do telemóvel e atirou-se para a sua cama de barriga para cima. Suspirou, pousou o aparelho eletrónico na mesa de cabeceira, tapou-se e adormeceu.

No manhã de segunda feira, onze de maio, o advogado leu a mensagem quando terminou de se vestir, mas não pareceu muito convencido.

Ao sair de casa para ir para o tribunal, esqueceu-se do aviso. Aquilo acabou por lhe correr bem e o seu cliente foi dado como inocente, tudo estava a seu favor. O juíz deu o tribunal como encerrado e todos se retiraram do local. No meio do caminho, SeokJin estendeu o braço para ver as horas e viu que o objeto já não estava ali. Lembrou-se do que o outro lhe tinha dito e voltou imediatamente lá.

O local já estava fechado, então ele não podia entrar. Ele pediu várias vezes ao segurança que lhe liberasse a entrada visto que era algo realmente muito valioso, mas regras são regras. A sua mente relembrou-o do que o tal vidente lhe tinha dito.

- Por acaso não achou nada caído no chão? Um relógio? - perguntou com esperanças e o homem assentiu depois de pensar um pouco.

- É disto que anda à procura? - estendeu o objeto esperando que o advogado o agarrasse.

- Sim! Muito obrigado! - agradeceu com um sorriso e foi embora.

Com que então era verdade, o outro não era maluco nenhum e JungKook falara a verdade. Colocou o relógio no pulso e procurou pelo seu carro, logo entrando e dando partida para o hotel onde estava hospedado naquela cidade.

Tomou um longo banho, jantou e deitou-se na grande cama daquele quarto. Guardou o objeto valioso dentro da gaveta da mesa de cabeceira e agarrou no seu telemóvel para agradecer ao outro Kim. Viu que ele estava online e mandou-lhe uma mensagem de agradecimento vista na hora.

"Estava à espera de um obrigado?"

SeokJin riu baixo abanando a cabeça num não. TaeHyung demorou a pensar em algo para responder, visto que o "a escrever" não desaparecia.

"Talvez?"

Decidiu mandar um talvez curto e simples, pois mais nada lhe vinha à cabeça.

"Responder a uma pergunta com outra pergunta é algo um pouco clichê, não?"

Ficaram quase a madrugada toda a conversar e a conhecerem-se melhor. O advogado parecia alguém muito divertido e engraçado, para quem trabalha com casos de justiça.

Combinaram encontrar-se na sexta feira, dia quinze, e como presente, o advogado disse que pagaria tudo o que TaeHyung quisesse. SeokJin estaria ocupado nos outros dias e domingo teria que voltar para Ilsan.

Terça, TaeHyung apenas decidiu caminhar. Quarta não fez nada além de arrumar a casa e convidar uns amigos para irem beber com ele. Na quinta foi às compras para arranjar roupas novas para o encontro do dia seguinte.

- Já conquistei os outros quatro, não há razão para este não se apaixonar também, afinal, sou muito lindo. - admirou-se ao espelho do provador após experimentar todas as combinações que ele havia levado para ali. - Isto soou muito convencido? - perguntou para si mesmo. Encolheu os ombros e pagou as peças de vestuário que queria, saindo da loja.

No outro dia, TaeHyung acordou cedo, comeu, lavou os dentes e vestiu-se, pronto para ir buscar SeokJin ao hotel. Eles iriam passar o dia todo juntos. Saiu de casa e riu ao ver que o outro é que o havia ido buscar. O advogado deixou que o outro conduzisse, pois não conhecia a cidade.

O dia foi calmo, almoçaram, lancharam e jantaram juntos. TaeHyung apresentou a maior parte da cidade ao Kim menor, porém mais velho.

Havia muitas lojas em Seoul e, à tarde, enquanto caminhavam, uma em especial chamou a atenção do mais baixo. Ele puxou TaeHyung até lá e perguntou-lhe qual perfume ele gostara mais, para assim lhe oferecer.

Depois do jantar, ficaram mais um pouco juntos e TaeHyung conduziu até ao hotel, deixando lá SeokJin. Negou a boleia até casa, indo de transportes. Beijou a bochecha cheia e piscou o olho vendo o constrangimento do outro. Riu e voltou para casa.

- Já sabia. - sorriu de lado ao segurar no envelope branco após tomar banho e atirar-se para a cama. Dormiu e abriu-o no dia seguinte.

VoyantOnde histórias criam vida. Descubra agora