Prólogo

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Sentada no meio fio, eu estava tentando ignorar o homem morto que me rodeava, até que vi uma mulher baleada que eu conhecia andando atrás de um cara estranho que logo imaginei ser importante para ela.

— Patch? Hey! O que faz ainda por aí? — perguntei tentando ir até a mulher, o que faz o homem andando parar bruscamente.

Eu de maneira alguma seria burra de continuar a andar, especialmente se ele fosse o assassino dela, logo optei por parar de andar e ficar quieta na minha.

— Você realmente pode ver espíritos? — Patch me questiona em tom sério, parecendo muito mais humana que fantasmagórica, como espíritos costumavam a parecer.

Pelo menos na minha frente. Que desde que acordei de um coma descobri que podia ver mortos e todo tipo de coisa maligna.

O que era péssimo, porque eles não me davam paz para nada. Como naquele dia, que eu acabei correndo dois quarteirões de pijamas, porque um homem com uma faca cravada nas costas descobriu onde eu morava.

— Sim. Eu te disse que podia, Eudora. Consegue dar uma pausa na sua escolta? — peço a mulher morta que concorda e me acompanha todo caminho de volta a minha casa.

— Ele precisa de ajuda. Não posso partir e deixá-lo desse jeito... — contando a mim me faz concordar por costume.

Não tinha ideia de quem era o homem das cavernas, mas... Ela realmente gostava dele. Eu deveria ao menos fingir me importar.

— Mas então ele não te matou?

Honestamente achei o sujeito com cara de malvado. Mas se Patch queria cuidar dele, certamente era uma boa pessoa ou alguém que ela achava que fosse valer a pena ajudar com uma redenção.

— Não, garota! Meu Deus. Depois que voltou do coma ficou burra? É isso? — perguntou a mim irritada.

Rindo divertida, recebo olhares desconfiados de algumas pessoas, inclusive de uma senhora que fez o sinal da cruz e exibiu seu terço para mim, por minha vez revirando os olhos.

Nada daquilo funcionava. Nada. Eu tentei de tudo e os espíritos ainda me seguiam por aí. Artigos religiosos não tinham validade nenhuma. Exceto talvez trazer conforto em quem tinha em sua posse. E não via espíritos, claro e óbvio.

— Perdi muita memória durante meu coma. Muito mal lembro dos nossos primeiros meses de parceria... — contei a detetive que arqueou a sobrancelha.

Na época fomos admitidas como detetives juntas e no nosso primeiro caso fizemos uma boa colaboração com a cia e interpol. Eu tinha uma carreira de muito sucesso pela frente.

Era a garota prodígio da família. Trocava de posições em empresas e na polícia como quem trocava de roupas. Hoje em dia vivia de uma mixaria por ser dada como louca pelo juiz.

Tudo porque minha vida foi pelo ralo ao acordar do coma cercada por espíritos e demônios, anjos e tudo quanto é criatura do plano astral.

— Que merda. Diego iria amar você, Sherlock... — dizendo séria me faz sorrir e negar rapidamente.

Diego era o namorado ioiô da Patch. Eles eram super enrolados e brigavam, reatavam, brigavam de novo, reatavam, xingavam um ao outro, daqui a pouco dormiam juntos.

E quando dava ruim nas idas e vindas deles, Patch me ligava alugando meu ouvido falando mal do Diego Hargreeve que eu não conhecia, mas sabia de cor e salteado todos os defeitos. Mas mesmo assim fingia felicidade em saber que eles tinham voltado de novo.

Já ciente que daqui a pouco ela me ligaria pra dizer que terminaram e não voltariam nunca mais, até a semana seguinte, quando voltariam de novo.

— Imagino que sim. O que posso fazer para que você siga para o outro lado, senhorita Eudora? — questionando ela divertida, continuo a caminhar ignorando todos os olhares das pessoas ao meu redor.

Sim, eu via espíritos. Não, ninguém acreditava em mim. Talvez, tivesse apenas ficado louca no final das contas.

— Bem, não sei, mas agradeço pela força... Sabe como eu faço para aparecer do lado dele? Posso te ajudar em alguma coisa? — falando sobre o cara de mais cedo me faz suspirar.

Tinha uma meia dúzia de espíritos esperando sua hora de falar comigo. Que inferno. Seria bom algum lugar onde eles não viriam...

— Me dar um escudo a prova de espíritos talvez? Seria ótimo... — comento triste recebendo uma careta da minha amiga falecida.

Só então com a Patch decidindo comentar sobre o quão ruim estava a situação do homem que seguia por aí. E eu, que pelo menos não teria que lidar com outros espíritos, a escutando desabafar atentamente.

Era o que tinha pra hoje. Fingir que o tempo não havia passado e eu não era uma aberração.

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Aviso Importante:
As atualizações serão feitas uma vez por semana. Ou no caso mais capítulos a cada desafio batido. Desafio é basicamente atingir um número de votos e comentários. Para próxima atualização, podem esperar na terça feira que vem ou atingir 3 votos e 6 comentários.
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Positions - DIEGO /SN . EM ANDAMENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora